*Este texto foi originalmente escrito em inglês e você pode conferir a versão original neste link.
O e-commerce na América Latina ainda está em estágio inicial, o que faz da região o mercado que mais cresce neste setor em todo o mundo. O aumento da população e dos rendimentos pessoais, as histórias de sucesso na região e o crescimento acelerado da população de usuários conectados são algumas das razões para este cenário de evolução.
Desde o início, o Brasil foi considerado o país mais promissor na região para as empresas que estão buscando uma expansão internacional. Entre os anos de 2007 e 2009, o país registrou um crescimento de 80% em compras online ano a ano.
E não parou por aí, a economia online do Brasil continua crescendo. A expectativa é de que o mercado online brasileiro supere o da Alemanha em poucos anos. Ainda assim, o Brasil pode estar perdendo sua liderança para outra potência latino-americana: o México.
Um estudo realizado este ano constatou que o México já pode estar liderando o mercado de ecommerce na América Latina, com um faturamento anual de 21 bilhões de dólares, ultrapassando o Brasil. No entanto, esses dados diferem de todos os outros relatórios sobre o cenário de ecommerce na América Latina publicados até o momento.
De acordo com a Asociación de Internet de México, as vendas em ecommerces no México alcançaram um valor próximo de USD 17 bilhões, ainda um pouco atrás do registrado no Brasil, que faturou USD 18.7 bilhões em ecommerces no mesmo ano.
Mas o México pode mesmo ultrapassar as vendas online do Brasil?
Atualmente, o momento vivido pelo México tem muito em comum com o período de ascensão do Brasil. Uma população jovem, uma classe média em ritmo de evolução e uma economia que evitou o pior cenário da recessão econômica e está criando um novo perfil de consumidor.
Para quem vive em países com economias estáveis, como é o caso da Europa, por exemplo, é difícil imaginar todo o poder de uma classe média nova e emergente. Grandes grupos de pessoas jovens, educadas e empregadas e com rendimento fixo podem realmente mudar um país e suas perspectivas para o futuro. Adquirir produtos importados como eletrônicos, moda e consumir as marcas em alta no mundo tornaram-se um animador novo estilo de vida.
Não só as empresas brasileiras, mas marcas de todo o mundo deveriam olhar para este cenário de amplo crescimento com tanta empolgação quanto encararam o início do desenvolvimento das vendas online nos mercados mais desenvolvidos.
Confira logo abaixo uma comparação entre o Brasil e o México de acordo com o perfil do consumidor de cada um deles.
O perfil dos consumidores
Em toda a América Latina, o grupo que realizou mais compras online entre 2016 e 2017 foram os consumidores da Geração X (nascidos entre 1966 e 1981). Em média, eles concluíram cerca de 19 transações por ano. Além disso, esta geração foi responsável por um número 20% mais alto de compras no ano passado do que a geração seguinte, os Millennials, de acordo com o KPMG 2017 Global Online Consumer Report.
Brasil
O Brasil tem uma população de aproximadamente 209 milhões de pessoas, dos quais 110 milhões possuem acesso à internet e 60 milhões já compraram online pelo menos uma vez. Em 2017, metade dos consumidores online do Brasil realizaram alguma compra em sites internacionais, atingindo o valor de USD 2.7 bilhões em compras de sites estrangeiros. Além disso, aproximadamente 30% de todas as compras online foram realizadas por smartphones.
As principais categorias de produtos comprados em sites internacionais foram eletrônicos, softwares, moda e acessórios, celulares, brinquedos e jogos, cosméticos e produtos para cuidados pessoais, acessórios automotivos, livros, móveis e decoração e produtos esportivos.
Além disso, um traço marcante do consumidor brasileiro é a preocupação com descontos e parcelamentos. A maioria dos consumidores está atento ao fato de que as ofertas online tendem a ser melhores do que o que é possível encontrar em lojas físicas, sem considerar que eles também sentem-se mais à vontade com as políticas de atendimento ao cliente no ambiente digital.
México
Mais de 130 milhões de pessoas vivem no México e 80 milhões delas são usuários de internet. O acesso à internet no país já atingiu o índice de 56% e 34 milhões de pessoas já compraram online no país. Um indicador que contribui muito para esse cenário é a taxa de desemprego que é muito baixa no país, apenas 3.4%. Com mais um nível de renda estável, o número de e-shoppers aumentou em 8.1% no México no ano passado. Assim como acontece no Brasil, a maioria dos mexicanos que compram online também já realizaram compras em sites internacionais.
Encorajado pelo aumento da alfabetização digital, inclusão financeira e melhorias na conectividade, o ecommerce no México deve continuar crescendo, de acordo com as estimativas. Os varejistas que atuam com estratégias de multichannel reportaram um crescimento em vendas de 25% em 2017.
Em relação a sazonalidades de vendas, diferente do Brasil de 29 de maio a 1 de junho os varejistas no México vivem o Hot Sales, um período com ofertas especiais para incentivar o comércio eletrônico. Parecido com a Black Friday, os maiores e-commerces oferecem grandes descontos em produtos como eletrônicos e vestuário.
Estima-se que até 2021, moda continuará sendo a categoria mais popular em compras online arrecadando valores superiores a USD 4 bilhões. A segunda favorita são os eletrônicos, com um valor de faturamento estimado em USD 3.89 bilhões.