A maior economia da América Latina e o oitavo maior Produto Interno Bruto (PIB) do planeta. Em termos econômicos, não há dúvidas de que o Brasil ocupa um lugar de prestígio. A economia brasileira cresceu consideravelmente nas últimas duas décadas. Apesar da grave recessão econômica registrada nos anos de 2015 e 2016, o mercado do país continua sendo um dos mais relevantes do mundo.
Mas, como qualquer outra potência inserida em um mundo globalizado, o Brasil está sujeito a uma série de efeitos das movimentações políticas e econômicas externas. Identificá-las em sua totalidade é, sem dúvidas, uma tarefa quase impossível, mas uma pergunta é válida: quais fatores, eventos ou circunstâncias têm afetado de forma mais direta a economia do país?
Uma breve retrospectiva da economia brasileira

A economia brasileira não está fora do planeta Terra. Por conta disso, o país vivenciou, nos últimos dois anos, um crescimento tímido, resultado da percepção de uma insistente desaceleração econômica mundial. Em 2017, o PIB brasileiro cresceu 1% depois de dois anos de retração e a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2018 é de crescimento de 1,3%.
Quando comparado à recessão dos anos de 2015 e de 2016, no entanto, o cenário atual é de relativa estabilidade. Foram registradas duas quedas consecutivas de 3,8% e 3,6% no PIB do país nesses anos. Internamente, o período de retração foi marcado principalmente por duas crises complementares: uma econômica e outra política.
No campo político, tem destaque a turbulência gerada pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT). O processo de sua deposição, que teve início em 2015 e chegou ao fim em 2016, favoreceu a instabilidade econômica na região.
Além disso, o país foi afetado por um profundo desequilíbrio fiscal, que desde 2013 dificulta a garantia do superávit primário – a diferença positiva entre as receitas e a despesas de uma nação. A previsão do FMI é de que essa conta positiva, muito importante para a economia brasileira, volte a ser realidade somente em 2022.
Em 2019, o país entra em um processo de profunda reorganização política e econômica com a chegada do direitista Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República. Ainda que o otimismo do mercado seja uma realidade inegável, o atual presidente ainda precisa mostrar aos investidores que terá apoio político suficiente para aprovar as reformas estruturais que prometeu.
O que afeta a economia brasileira?
Em se tratando de uma economia globalizada, é difícil definir o peso exato que o câmbio, as tensões comerciais, os acordos e os períodos de turbulência política têm para o cenário econômico. Trata-se de fatores interdependentes, com consequências amplas e difusas. De toda forma, por ser uma potência mundial, há circunstâncias políticas e econômicas que afetam com certa recorrência o mercado do Brasil e, por isso, podem ser previstas e analisadas.
Eleições e a economia brasileira

Períodos eleitorais são, por essência, momentos de disputa entre projetos políticos e econômicos distintos. É natural que o mercado responda com tensão a essa incerteza. Por depender de importantes acordos comerciais, a economia brasileira geralmente é afetada pelas eleições e outros processos políticos relevantes no mundo.
Um exemplo recente é a inesperada eleição de Donald Trump em 2016. À época, o dólar operou em forte alta no país e o índice Ibovespa registrou queda. Um dos receios do mercado era de que a gestão de Trump adotasse as medidas protecionistas prometidas durante a campanha eleitoral. O Estados Unidos da América (EUA) são um importante parceiro comercial do Brasil.
A decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia – processo conhecido como Brexit –, outro evento político com consequências globais, pode afetar a economia brasileira de forma direta. Com a saída do país do bloco, espera-se que acordos comerciais de livre comércio, como o Mercosul – bloco regional composto por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela (suspensa desde 2016) – sejam atingidos. O Brexit entra em vigor em março de 2019.
Períodos eleitorais internos também interferem na confiança dos investidores no país. Em 2018, uma das corridas eleitorais brasileiras mais imprevisíveis da história do país provocou uma alta histórica do dólar, que chegou a R$ 4,19. No entanto, como o LABS mostrou, essa tensão é passageira e típica de momentos de reorganização político-econômica no país.
Tensões comerciais

Quando duas potências da magnitude dos EUA e da China entram em disputa comercial, falar das consequências dessa turbulência não é tarefa fácil. As medidas protecionistas e a taxação mútua entre os dois países afetam diretamente as economias globais. E aqui é preciso ressaltar: nem sempre os efeitos são somente negativos.
A tensão entre os dois países favoreceu a economia brasileira, principalmente o agronegócio. Em curto prazo, o setor ganhou espaço na exportação de soja e algodão. De toda forma, uma trégua na guerra comercial é vista por especialistas como um fator favorável à economia do país em médio prazo.
De modo geral, tensões comerciais dessa natureza impactam o Brasil na proporção da importância comercial que os envolvidos têm para o cenário econômico.
Flutuação do câmbio e a economia brasileira

Depois de décadas de valorização do real e estabilidade, o Brasil passou a ser afetado mais diretamente com a alta do dólar a partir de 2015. Em 2016, a moeda chegou a bater os R$ 4,16. A marca só só foi superada durante as eleições de 2018, quando o dólar fechou, como vimos, em R$ 4,19.
O dólar em alta afeta a economia do país em diversos aspectos. A alta na inflação é um dos primeiros e mais importantes efeitos. Além disso, a dificuldade de importação de matéria-prima tende a aumentar o preço dos itens básicos, o que não é benéfico para a economia local.
É verdade que uma cotação mais alta do dólar tende a favorecer as exportações no país, mas com a consequência das altas inflacionárias. Para a economia brasileira, esse contrapeso é delicado. O mercado interno cumpre um papel crucial na economia do país e, por isso, o aumento dos preços pode diminuir o poder de compra dos brasileiros.
Nesse sentido, o aceno favorável do mercado ao país é recebido com entusiasmo em 2019. Investidores estão mais confiantes de que o atual governo levará adiante as reformas econômicas estruturais na. Como resposta, o dólar registrou quedas significativas desde outubro de 2018.
Os acordos comerciais e seus impactos

De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), o Brasil faz parte de pelo menos 22 acordos comerciais, a maioria envolvendo países da América Latina. O Mercosul é o mais forte deles. Não surpreende que uma rede tão densa de parceiros comerciais seja influenciada pela movimentação de acordos comerciais com outras nações.
Os acordos de livre-comércio são essenciais para a movimentação da economia brasileira. A eliminação de tarifas alfandegárias amplia o número de países que podem receber mercadorias brasileiras com mais facilidade. Além disso, o estabelecimento de acordos dessa natureza conseguem manter a economia aquecida mesmo em momentos de recessão econômica global.