Funcionário da Ascenty em um dos data centers da empresa.
Funcionário da Ascenty em um dos data centers da empresa. Foto: Divulgação.
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De olho na nuvem, Ascenty abre novos data centers e planeja crescer 50% neste ano

Unicórnio brasileira explora mercado em ascensão e planeja expansão para Chile, México e Colômbia

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Não foi uma epifania, nem uma ideia daquelas que reinventa a roda, que levou a Ascenty ao restrito clã dos unicórnios brasileiros. O caminho da empresa sediada no interior de São Paulo até o sucesso foi o tradicional: muito suor, investimento e uma aposta estratégica num setor que, nove anos atrás, ainda era incipiente no Brasil e na América Latina – data centers.

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“Dados são o futuro”, afirmou o vice-presidente de marketing e co-fundador da Ascenty, Roberto Rio Branco, em entrevista ao LABS. Entusiasta do negócio, ele revela que a empresa deve crescer 50% só neste ano, e já planeja expansão para o Chile, México e Colômbia. Em cinco anos, o número de data centers espalhados pela América Latina deve passar de 13 para 35.

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Esse negócio da nuvem é um negócio maluco. Cresce a taxas de 40%, 50% ao ano. E isso pelos próximos dez, quinze anos. 

Roberto Rio Branco, vice-presidente de marketing e co-fundador da Ascenty.

A Ascenty virou unicórnio no ano passado, ao ser comprada pela americana Digital Realty, por US$ 1,8 bilhão. Nove anos atrás, fez uma aposta audaciosa: investir em fibra ótica e data centers no Brasil, numa época em que a economia mundial ainda sofria os impactos da crise financeira de 2008.

“O Brasil era extremamente deficiente na oferta de serviços de data center. Mas esse era um setor que crescia vertiginosamente, mesmo nos EUA, em meio à crise que eles estavam vivendo. É um investimento alto, mas que compensa”, diz Rio Branco.

Os sócios da Ascenty, liderados pelo americano residente no Brasil Chris Torto, haviam acabado de vender a Vivax, empresa de TV por assinatura, por R$ 1,3 bilhão. E enxergaram uma oportunidade de apostar num setor promissor, aproveitando a rede de fibra ótica que já possuíam no país.

Hoje, a Ascenty tem 13 data centers espalhados por São Paulo e em Fortaleza, e começou neste mês a construção do primeiro data center fora do Brasil, em Santiago, no Chile, em um investimento de US$ 70 milhões. A empresa tem um plano de investimentos de R$ 2 bilhões em andamento, e quer chegar ao final de 2020 com 17 data centers em operação.

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Da América Latina para a América Latina

Ter know-how em América Latina, com sócios com profunda experiência no mercado local, foi fundamental na trajetória de crescimento, a começar por saber como contornar os desafios de se investir no Brasil. Um dos principais investimentos da empresa, por exemplo, é enterrar as redes de fibra ótica que hoje correm pelo ar, nos postes das companhias elétricas – e que são mais suscetíveis a intempéries e falhas de conexão. “É um processo difícil, caro, que demanda licenças de prefeitura, de todas essas empresas estatais… É o custo Brasil”, comenta Rio Branco. 

Atualmente, a empresa tem 4.500 km de rede própria de fibra ótica pelo país. Esse é um dos fatores que a diferencia dos concorrentes, segundo Rio Branco, e que a fez despontar no setor, já que garante a conectividade dos data centers.

O outro fator, para o vice-presidente, é ser uma empresa sediada no Brasil, com total autonomia e liberdade de operação – ao contrário de concorrentes que respondem a headquarters no exterior, e que perdem em velocidade de atendimento aos clientes, por exemplo. 

“No que diz respeito à tecnologia, somos iguais. Se você tem dinheiro e um bom projeto, você faz a infraestrutura de primeiro mundo. Mas o que os nossos clientes precisam é de serviço. Dados são a vida deles”, afirma Rio Branco. “Então, se dá um problema às 2h da manhã, eles precisam de alguém que os atenda na hora. É o que acontece na Ascenty: é só ligar no celular de qualquer um de nós, e o assunto é resolvido.”

Os novos investimentos no Chile e no México, e o olhar atento à Colômbia

A América Latina, para ele, representa uma grande oportunidade de negócios — e é nela que está o futuro da companhia. O Chile, escolhido para iniciar a expansão regional da Ascenty, é descrito por Rio Branco como “um país fantástico”. “É um país estrategicamente privilegiado pela localização, aberto a investimentos, a tecnologia. Para nós, brasileiros, fazer negócios no Chile é um prazer. O custo Chile é bem menor do que o custo Brasil”, afirma.

Para o México, segunda maior economia da América Latina e vizinha ao gigante mercado norte-americano, a Ascenty já contratou diretores e definiu o local onde deve abrir seu data center. No caso da Colômbia, os planos ainda estão em fase de estudos.

“São as três economias mais pujantes da região. A Colômbia está em crescimento, numa economia absolutamente desregulada. É um país com uma visão de internacionalização bastante avançada”, diz Rio Branco.