Parar de pegar filas em bancos parecia ser algo muito distante da realidade. Porém, graças à tecnologia e a onda de novas startups financeiras, isso se tornou cada vez mais comum na vida de muitas pessoas.
Com grande parte da população conectada através dos dispositivos móveis, é possível pagar contas via aplicativos, fazer o controle financeiro, seguros e até investimentos sem sair de casa, tudo online e de forma facilitada.
Essa facilidade se deve ao surgimento de negócios inovadores no mercado. Chamados de fintechs – financeiro (fin) e tecnologia (tech) -, eles têm o objetivo de desburocratizar serviços que bancos e instituições tradicionais oferecem.
O setor de fintechs vem crescendo de forma exponencial e já é pauta nas discussões políticas mundialmente. Isso porque ele está mudando o cenário econômico de diversos países e movimenta investimentos de grande porte.
Somente o Brasil possui cerca de 400 empresas operando nesse setor e, em 2017, segundo monitoramento do Conexão Fintech, esses negócios inovadores movimentaram mais de R$ 457,44 milhões em investimentos.
O fato do país enfrentar problemas socioeconômicos e de ter uma população de mais de 200 milhões de pessoas – em sua maioria conectadas e abertas para a tecnologia – faz brilhar os olhos de investidores estrangeiros e deixa as empresas em melhores posições se comparadas a negócios internacionais do mesmo segmento.

Na América Latina se destacam negócios que oferecem Pagamentos em Tempo Real (PTR), ou seja, a possibilidade de transferências bancárias a qualquer hora com liquidação imediata e confirmação instantânea. A tendência seria reduzir a circulação de dinheiro em espécie, facilitando a inclusão e também fortalecendo o comércio cross-border entre os países.
Segundo estudo da GFK, 30% da população latino-americana faz transações bancárias através do mobile. Além disso, quando o assunto é pagamento de contas em dispositivos móveis, são mais de 630 milhões de pessoas na América Latina que possuem esse hábito.
Top 5 negócios inovadores brasileiros
NUBANK
O NUBANK foi um dos pioneiros no segmento de serviços financeiros com a promessa de ser um cartão de crédito internacional, sem anuidade e com controle totalmente feito via aplicativo móvel.
Hoje, com mais de 3 milhões de cartões emitidos no Brasil, a empresa apresenta novas soluções ao consumidor como: função débito, programa de pontos e outras funções que competem diretamente com grandes bancos.
A empresa que nasceu em 2013 chegou a cerca de US$ 420 milhões captados em sete rodadas de investimentos e, em 2018, se tornou um dos primeiros unicórnios brasileiros com valor de mercado avaliado em mais de US$ 1 bilhão.
PICPAY
Lançado em 2012, o negócio foi criado para facilitar a transferência de dinheiro entre usuários ou a realização de pagamentos de serviços de forma online.
O PicPay funciona como uma carteira virtual e, para quem prefere o dinheiro físico, também é possível fazer saques.
GUIA BOLSO
O GuiaBolso é uma opção para usuários que desejam ter mais controle e planejamento em suas contas no fim do mês.
O aplicativo sincroniza a conta bancária do consumidor em uma plataforma e permite que seja determinado limite de despesa para cada categoria, por exemplo.
Logo no início do negócio, os sócios colocaram dinheiro do próprio bolso e meses depois receberam a primeira rodada de investimentos. Atualmente a empresa já levantou cerca de R$ 90 milhões e possui 3,5 milhões de usuários.
CREDITAS
A Creditas está entre as maiores fintechs do Brasil e é uma empresa que disponibiliza empréstimos com uma baixa taxa. Os clientes podem dar alguma forma de garantia em troca deste crédito.
O negócio foi criado em 2012 e logo na primeira rodada foram investidos R$ 10 milhões, que ajudaram a alavancar a startup.
A empresa encerrou 2018 com um total de R$ 285 milhões em investimentos de fundos internacionais e cresceu mais de 5 vezes se comparado com o ano anterior.
EBANX
Em um mercado dominado por dois grandes players, no qual havia limitações para consumidores que queriam comprar em sites estrangeiros e limitações para negócios internacionais que queriam investir na América Latina, nasceu o EBANX.
Em 2012, o objetivo da empresa foi oferecer aos latino-americanos meios de pagamentos locais e facilitar compras em sites internacionais.
Segundo o Conexão Fintech, em 2018, o EBANX recebeu um aporte de R$ 100 milhões do fundo norte-americano FTV Capital e a tendência é cada vez mais promissora para os próximos anos.
Ainda em 2018, a empresa teve uma matéria publicada na Revista Forbes como destaque brasileira que busca liderar o mercado de pagamentos online.
Fintechs na América Latina
Apesar do Brasil ser uma referência mundial e destaque quando o assunto são empresas que usam de tecnologia para serviços financeiros, outros países também se sobressaem na América Latina.
Segundo estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a América Latina possui 1.166 startups do tipo fintech distribuídas em 18 países:
Os três setores mais investidos são: pagamentos e remessas – com 24,4%, empréstimos – com 17,8% e gestão de finanças empresariais – com 15,5% do mercado.
No Chile, o destaque vai para a ComparaOnline, que faz a gestão de finanças pessoais. Já no México, a fintech Konfio se sobressai no segmento de empréstimos e, no Peru, se destaca a TiendaPago, pertencente ao mesmo segmento.
Big players vs Fintechs: Principais diferenças
Com o advento da internet, grandes players perderam espaço e chegaram até a sair de cena para que soluções mais tecnológicas dominassem o mercado. Foi o que aconteceu com as vídeo locadoras após a Netflix e com os táxis após a criação dos aplicativos de motoristas.
Não é possível prever se as fintechs irão “quebrar” os bancos tradicionais, mas pela facilidade que oferecem, irão ‘incomodar” cada vez mais. Afinal, há uma série de benefícios para os usuários.
No mercado brasileiro, os bancos dominam o setor financeiro: os 5 maiores bancos do país possuem 85% do mercado e, devido a baixa concorrência, conseguem um alinhamento para ter uma concorrência mais vantajosa entre eles.
Negócios inovadores como as fintechs, têm o objetivo de descomplicar as questões financeiras da população criando uma competição mais justa. Além disso, desafiam os bancos com novos produtos, novos modelos de negócios e também com a digitalização de processos.
Fazendo um comparativo entre o mercado tradicional e essas novas empresas, é possível detectar uma grande diferença quanto aos benefícios ao consumidor:
Tanto o mercado tradicional com a imersão no digital, quanto as fintechs com a adequação de produtos tradicionais para o meio online estão em um processo de descoberta. Isso significa que ainda há um longo caminho a ser percorrido e que os serviços tendem a se aprimorar cada vez mais.
O fato é que a ascensão da tecnologia e o uso dos dispositivos móveis por usuários está crescendo e é um caminho sem volta. Em maio de 2018, o Brasil chegou a registrar 220 milhões de smartphones em operação, além de ocupar o posto de 4º país mais conectado a nível global, com 65% da população conectada à internet. Já no México, onde 9 em cada 10 mexicanos conectados acessam as redes sociais, a cifra chega a 79,1 milhões de pessoas com acesso à internet, o que equivale a 67% da população. Mais do que números expressivos, esses dados indicam um cenário tecnológico favorável que a região representa para negócios inovadores.
À medida em que a conectividade nos países latino-americanos aumenta, aumentam também as demandas por melhores serviços – e é em meio a esse panorama que os desafios podem se tornar oportunidades. Uma oferta de serviços defasados junto a consumidores e empresas ávidas por melhores soluções produzem um terreno fértil para novos negócios que estejam dispostos a aportar tais iniciativas.