Que os brasileiros adoram parcelar compras, não é novidade. Em 2017, o e-commerce no Brasil movimentou mais de 14.4 bilhões de dólares e 60% dessas compras foram realizadas com cartões de crédito. Em mais da metade destes casos, a escolha do cartão de crédito foi diretamente relacionada ao parcelamento, 54% dos brasileiros que compraram online com cartão de crédito em 2017 parcelaram o valor total da transação.
Mas se em diversos outros países do mundo as compras à vista são as grandes líderes, você já se perguntou por que no Brasil o comportamento é tão diferente?
Nós do EBANX já!
Por isso trouxemos o tema como destaque de um dos workshops apresentados pelos nossos especialistas Sarah Nicolau e Rafael Lazzarin durante o EBANX Summit, evento focado em explorar os aspectos mais importantes do mercado da América Latina e que aconteceu nos dias 02 e 03/10 em Curitiba.
Quando o brasileiro começou a parcelar?
Se você imaginou que o parcelamento surgiu junto com o hábito de utilizar o cartão de créditos, está enganado. A cultura de parcelar as compras no Brasil surgiu na década de 50 com a popularização dos crediários. Na época, muitas pessoas não tinham dinheiro para pagar por compras de alto valor à vista, por isso a solução encontrada pelos varejistas foi criar esse novo método no qual o consumidor se cadastrava na loja, realizava suas compras e pagava pequenas parcelas mensalmente.
Esta estratégia foi um grande sucesso para consumidores e lojistas. Os consumidores ganharam mais poder de compra e ainda passaram a contar com a facilidade de não terem juros sobre o valor total. E os lojistas garantiram uma nova forma de fazer com que os clientes voltassem frequentemente a loja e realizassem novas compras quando retornavam à loja para pagar as parcelas do crediário.
Em meio a economia instável do período e a inflação, essa foi a melhor maneira encontrada pelos comerciantes da época para fazer com que seus negócios pudessem crescer. Durante o workshop, Sarah e Rafael afirmaram que o sucesso desta prática na época fez com que ela continuasse no DNA dos brasileiros até hoje.
Atualmente, ainda existem lojas brasileiras que oferecem o crediário à moda antiga ou de também de forma mais moderna, por meio de cartões de crédito específicos de suas marcas, por exemplo.
O parcelamento no cenário de 2018
Para contarmos essa história, você precisa colocar-se no lugar do brasileiro que compra online, cuja renda média é de aproximadamente 2 mil reais. Este valor mensal precisa ser suficiente para todas as despesas básicas de uma família e não sobra muito para economizar no fim do mês, até porque, os brasileiros não cultivam o hábito de poupar seus ganhos com frequência. Um belo dia, seu smartphone quebra e comprar outro à vista poderia comprometer metade da sua renda fixa. Qual seria a única opção viável neste caso? Parcelar!
Esta é a realidade de grande parte dos brasileiros e não é difícil imaginar por que uma parcela tão grande da população encontra no parcelamento um meio de aumentar seu poder de compra quando analisamos a partir desta perspectiva.
Por isso, o parcelamento não é uma realidade exclusiva para compras de ticket médio alto, mas o salário mínimo pode ser tão baixo (equivalente a R$ 954) em relação ao preço dos produtos que muitos brasileiros utilizam o parcelamento até para compras cotidianas.
O parcelamento na América Latina
Esta realidade não é exclusiva do Brasil, o parcelamento é uma realidade comum em toda a América Latina, inclusive em grandes países como México e Argentina, por exemplo. Isso porque o cenário destes países é muito similar ao dos brasileiros, ainda que a classe média esteja em pleno ritmo de ascensão nesta região.
Dessa forma, os latino-americanos enfrentam os mesmos desafios que os brasileiros para aumentar seu poder de compra, principalmente para bens de ticket médio alto. A solução? Novamente, o parcelamento.
Por isso, um dos pontos chave para uma expansão bem sucedida é oferecer os cartões de crédito locais como forma de pagamento com a possibilidade de parcelamento das compras. Esta é a melhor forma de competir de maneira saudável com as marcas em cada país que a sua empresa deseje atuar.
A diferença na prática: cases de sucesso
Para ilustrar na prática como o parcelamento pode ser o ponto de virada para o sucesso de negócios internacionais na América Latina, selecionamos dois exemplos de sites que processam pagamentos com o EBANX, que atua como um parceiro de pagamentos para marcas internacionais que desejam vender na América Latina, mas que na prática já se tornou um verdadeiro parceiro de negócios para estas marcas, oferecendo atendimento trilíngue ao cliente, campanhas de marketing, produtos próprios de pagamentos, além de todo o suporte para operações de pagamento, como Risco e Compliance.
O impacto para o varejo
Neste caso, antes da implementação dos pagamentos com cartões de créditos locais com parcelamento, a marca utilizava o boleto bancário como principal opção de pagamento alternativo. Apenas 3 meses depois de implementarem o parcelamento no site, a marca já teve uma ótima surpresa: registraram mais do que o dobro de compras.
E esta não foi a única mudança positiva de comportamento, o ticket médio das compras também foi impactado. Com os métodos de pagamento anteriores, em que o valor total era deveria ser quitado em apenas 1 vez, o ticket médio da loja era de em média USD 50. Agora, com a opção de parcelamento, esse número saltou para USD 85.
O parcelamento na indústria do turismo
Viajar é uma das grandes paixões dos brasileiros, mas o ticket médio de serviços relacionados a turismo tende a ser muito alto, portanto o parcelamento é crucial para este segmento. Esse é o motivo pelo qual o parcelamento é tão importante para uma expansão bem sucedida de empresas de turismo na América Latina.
Em especial para os brasileiros, é muito comum voltar da viagem e continuar pagando por ela nas faturas do cartão de crédito nos meses seguintes.
O gráfico abaixo ilustra exatamente esta realidade no Brasil, 43% dos usuários optaram por pagar pelas reservas de serviços turísticos em 6 a 12 parcelas.
De forma objetiva, a razão pela qual os brasileiros e latino-americanos compram tanto de forma parcelada pode ser resumida em apenas uma palavra: acesso. Acesso a produtos de ticket médio mais alto, acesso a um número maior de produtos, acesso a poder de compra. Sem esta condição, o cenário destas economias emergentes faria com que estes usuários tivessem opções muito limitadas de compra.
E esta é também a razão pela qual você precisa considerar o parcelamento como um caminho essencial durante uma expansão para a América Latina. Garantir que todos os latino-americanos conectados tenham acesso e condições de comprar seus produtos é o primeiro passo para um grande sucesso.