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Por que as empresas mais inovadoras do mundo querem investir na América Latina

Os insights das TOP 50 empresas mais inovadoras segundo a Fast Company e entrevista com especialista sobre expansão e investimentos na América Latina.

A renomada revista de tecnologia e inovação, Fast Company, divulgou quais são as 50 empresas mais inovadoras do mundo em 2019. O ranking apresenta os negócios que oferecem maior impacto na indústria e que estão, de alguma maneira, mudando o futuro do mercado mundial.

Na classificação há empresas consolidadas e tradicionais que estão em processo de modernização, como também existem as novas startups que trazem soluções inovadoras para resolver problemas do cotidiano de forma fácil.

Algo comum entre essas empresas é a possibilidade de expansão!

E, quando o assunto é investimento em expansão, a América Latina vem atraindo grandes marcas do mundo todo. Isso deve-se a alguns fatores determinantes para que a região se destaque – o tamanho do território, o crescimento da economia e até o desenvolvimento da população são alguns deles.

Segundo o estudo sobre o Novo Consumidor Latino Americano, até o ano de 2030, 85% da população latino-americana será urbana, ou seja, aumentará a demanda por infraestrutura e serviços.

Além disso, em 2018, a região ultrapassou a marca de 61% da população com acesso e conectada à internet. Fato que resulta em maior empoderamento do consumidor e expectativa positiva para quem deseja investir.

O setor de varejo e suas oportunidades

Todo esse cenário fica ainda melhor quando se trata de empresas do setor de varejo, pois, de acordo com o estudo, a confiança dos latino-americanos em empresas de retail é altíssima:

Para confiar no setor do Varejo, é fundamental que haja variedade de produtos, que este ofereça uma garantia da qualidade e se adapte ao cliente, mas também é importante que estes tragam informações detalhadas e verdadeiras.

As empresas que estão no topo da lista da Fast Company em varejo já estão investindo em países da América Latina. Elas não se destacam por oferecer produtos diferenciados, mas sim por desburocratizar e inovar ao oferecerem acesso aos seus serviços.

O AliExpress, por exemplo, já se tornou o e-commerce internacional em que os brasileiros mais compram. A marca faz parte do grupo Alibaba, um gigante asiático em vendas online, responsável, inclusive, pela criação do Dia dos Solteiros (11 do 11) que se tornou o maior evento de vendas online do mundo, superando Black Friday e Cyber Monday combinadas. Em 2018, o evento bateu recorde de vendas atingindo R$ 115,125 bilhões a nível global.

O mercado está em desenvolvimento e, quem chegar primeiro, pode se consolidar.

Negócios do ramo do varejo que desejam investir na América Latina devem pensar em soluções simples e eficientes para conquistar o público latino-americano. Além de qualidade e variedade de produtos, devem superar o dsafio da logística de entrega, oferecer diferentes métodos de pagamentos, promoções atrativas e facilitar a compra com uma boa estrutura de site.

Isso já é um passo para o sucesso por aqui.

“Novas formas de solucionar antigos problemas”

Em entrevista com Vinicius Donin, founding partner da RD2 Ventures, uma venture builder focada em criar novas startups, esses pontos ficam ainda mais evidentes.

Você considera a América Latina um mercado promissor para empresas estrangeiras? Por quê?

Muito. Primeiro pelo tamanho do mercado, que é relevante tanto para novos investimentos como para expansões. Além disso, existem muitas oportunidades devido ao estágio de maturidade no que diz respeito a propagação e adoção de novas tecnologias, pois ainda temos um mercado em desenvolvimento.

Você acredita que o público latino-americano possui desejo por soluções mais descomplicadas na hora de comprar online, principalmente no varejo?

Isto é uma tendência global. A adoção em massa de novas tecnologias não passa necessariamente pelo entendimento de como a tecnologia funciona, mas sim na facilidade e benefício que ela traz pro dia a dia.

O grande desafio do varejo está na integração dos canais e em como transformar todo o processo de compra (da decisão ao pagamento) da forma mais fluida (e simples) possível.

Quais os diferenciais que uma empresa precisa ter para entrar no mercado de e-commerce latino americano?

É importante entender as dinâmicas e comportamento locais. Desde gostos e perfis relacionados a produtos até sobre as formas a qual o mercado está acostumado a comprar, como diferentes formas de pagamento e parcelamento, por exemplo.

Outro ponto de atenção se refere à logística local e seus principais meios, que afetam diretamente a operação no país.

Como você acredita que as empresas podem se diferenciar para satisfazer esse público?

Mais do que nunca é imprescindível um conhecimento profundo em relação aos clientes (e potenciais) bem como seus perfis de consumo.

Leia também: Guia completo – O consumidor mexicano de sites internacionais

Vivemos a era da experiência, e a experiência está diretamente ligada ao quanto se entende do seu cliente. O objetivo: oferecer o produto certo, na hora certa e na condição certa.

O Brasil é o principal país a se investir quando se pensa em expandir para a América Latina?

O Brasil sozinho representa quase 40% do PIB América Latina. É um número importante em termos de mercado, além de possuir também cases importantes (e bem-sucedidos) de investimentos externos.

É fato que empresas estrangeiras com interesse na América Latina em algum momento deverão olhar para o Brasil, justamente pela relevância e pelas oportunidades tanto na criação de novos negócios, expansão, e consolidação.

O que determina um negócio como “inovador” no mercado em que atua?

Na RD2, buscamos através da tecnologia criar novos serviços/produtos, em diferentes mercados. Ao longo do tempo observamos que as inovações são novas formas (soluções) de atender problemas que não necessariamente são novos.

Por exemplo, para o problema da mobilidade, o foco passou pelo táxi, aplicativos de transporte (carros), e no momento está nas bicicletas e patinetes elétricos. A inovação na prática então, passa muito pela proximidade do mercado-alvo visando entender e acompanhar a evolução das expectativas.

Descomplicar é a solução

Realmente há muito espaço a ser explorado para empresas que desejam investir na América Latina, já que o mercado está em desenvolvimento e possui expectativa otimista para os próximos anos.

Para empreendedores do segmento de varejo, vale ficar ligado em soluções cada vez mais descomplicadas para a venda ao público final. Integração de canais, logística eficiente e métodos de pagamentos locais são pontos de atenção a quem deseja investir.

Além disso, alinhar os processos internos e encontrar parceiros estratégicos são determinantes para um negócio realmente explorar o “oceano azul” que é o mercado latino-americano e todas as suas oportunidades.