Foto: Shutterstock
Economia

Black Friday 2020 pode ser a maior da história do comércio eletrônico no Brasil

A ABComm prevê um crescimento de 77% nas vendas online em relação a 2019, com um faturamento que deve atingir R$ 6,9 bilhões

Read in english

Criada nos Estados Unidos como uma data de descontos que sucede o Dia de Ação de Graças, a Black Friday do conturbado ano de 2020 acontecerá no dia 27 deste mês. O evento, oito meses após a chegada da pandemia da COVID-19 no Brasil, pode ser o maior da história para o varejo brasileiro, segundo as previsões da ABComm e Ebit/Nielsen, em especial para o modelo de compra que cumpre rigorosamente o distanciamento social: o e-commerce. 

O ‘Thanksgiving’ o Brasil não adotou. Mas o evento de promoções ganhou sua versão brasileira há cerca de dez anos. Nesta Black Friday durante a pandemia da COVID-19, a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) prevê um crescimento de 77% nas vendas online em relação a 2019, com um faturamento que deve atingir R$ 6,9 bilhões. A estimativa é fruto de uma sondagem feita pela associação em parceria com a Neotrust/Compre&Confie.

LEIA TAMBÉM: Indústria de cartões consolida recuperação e vê compras remotas crescerem 31,4% no Brasil

Maurício Salvador, presidente da ABComm, disse ao LABS que a expectativa é de que essa seja a maior Black Friday da história do e-commerce brasileiro, já que as lojas físicas não reabriram em sua totalidade no país ainda. Além disso, ele ressalta o aumento da capilaridade das vendas, a entrada de mais de 4 milhões de novos consumidores e 150 mil novas lojas virtuais nesses últimos meses, além da diversificação dos produtos comercializados na internet. 

Maurício Salvador, presidente da ABComm. Foto: Divulgação

“Tudo pode ser comprado via e-commerce, desde produtos de farmácia até itens básicos de supermercado, o que gera um crescimento ainda maior no faturamento setor”, diz. Entre os dias 26 e 27 de novembro (quinta e sexta-feira), 10,9 milhões de pedidos devem ser feitos, segundo o levantamento da ABComm e da Neotrust/Compre&Confie.

Já a Ebit/Nielsen projeta uma alta de 27% nas vendas deste ano em comparação com o evento de 2019. “Os números para este ano e para a Black Friday são muito expressivos por refletir a adaptação do consumidor às compras online. Nesta pandemia, o e-commerce se tornou um porto-seguro ao substituir de forma eficiente e prática o ambiente físico”, afirma a líder da Ebit/Nielsen, Júlia Ávila, na pesquisa. 

Segundo a Ebit/Nielsen, em 2019, o faturamento do e-commerce brasileiro como um todo cresceu 16,3%, para R$ 61,9 bilhões, e o da Black Friday, 23,6%, para R$ 3,2 bilhões. Se confirmada a previsão de alta nas vendas, a performance do evento neste ano será 38% maior do que no ano passado, estima a consultoria.

LEIA TAMBÉM: Via Varejo está perto de entregas no mesmo dia e de financiar vendedores de marketplace

O motivo para o crescimento mesmo em meio a uma das piores recessões e um recorde de 13,5 milhões de desempregados, segundo a Ebit/Nielsen, é que o Brasil está em processo de retomada econômica. Os juros em níveis historicamente baixos, a inflação controlada, mesmo após a alta de preços causada pela pandemia, e as medidas de mitigação e estímulo tomadas pelo governo federal ajudaram o consumidor a recuperar a confiança ao longo dos últimos meses, aponta o relatório da consultoria. 

Além disso, a criação de contas digitais para o pagamento do auxílio emergencial a mais de 67 milhões de desempregados, microempreendedores individuais e trabalhadores informais foi um fator que contribuiu para a inclusão financeira dos brasileiros, o que, aliado ao hábito cada vez mais comum de comprar pela internet, deve ajudar a impulsionar o comércio digital, diz a Ebit/Nielsen.

O que esperar do consumidor brasileiro na Black Friday?

A SocialMiner em parceria com o Opinion Box na pesquisa de intenção de compra para Black Friday, que ouviu 2.014 brasileiros entre os dias 21 e 23 de outubro, mostra que 48% dos entrevistados pretende aproveitar as ofertas, sendo 56% das classes sociais mais bem remuneradas do país. A pesquisa tem grau de confiança de 95% e margem de erro de 2.2 pontos percentuais. 

Mais da metade dos entrevistados que comprarão na Black Friday (56%) disse que aproveitarão a data para comprar produtos que já iriam comprar, mas por um preço menor. Entre os que não vão comprar, 55% disseram que estão economizando ou não podem arcar com o gasto. 

Mais da metade (51%) dos entrevistados disseram que devem pesquisar produtos apenas pelos sites, contra 40% que vão buscar as melhores condições em lojas online e físicas. Apenas 8% devem consultar apenas as lojas físicas. 

E para a compra em si, a escolha pelo e-commerce é ainda mais expressiva: 77% preferem comprar nos sites e 39% pelos aplicativos, contra 39% que efetuarão a compra nas lojas físicas.

LEIA TAMBÉM: Mercado Pago chega a quase 20 milhões de usuários ativos, e estreia no mercado de seguros

Segundo a Abcomm as categorias mais procuradas para a data devem ser beleza e perfumaria (100%), moda e acessórios (94%), móveis (87%), esporte e lazer (73%), eletroportáteis (73%), brinquedos (68%), telefonia (66%), eletrodomésticos (57%) e eletrônicos (50%).

As empresas também estão com previsões otimistas. A Ozllo, marketplace de moda e acessórios, espera crescimento de 300% em vendas na Black Friday deste ano em relação ao ano passado. A Synapcom, empresa que oferece gestão para e-commerces, projeta que o número de pedidos pode crescer 164,6% na data em comparação com 2019, e, segundo levantamento feito em sua base, os setores mais procurados serão tech e home (689,1%), consumo (131,6%), beleza e cuidados pessoais (85,5%) e vestuário (77,9%). 

Já um estudo feito pela Corebiz, agência especializada em omnichannel, avaliou o comportamento dos setores do varejo em sua base e chegou à previsão de que o segmento de cosméticos deve crescer 25,5% em receita, se comparado à Black Friday 2019, chegando a R$ 4 bi de faturamento. O segmento de moda terá aumento de 45% em receita, batendo R$ 9,5 bilhões. Para tecnologia, a estimativa é de aumento de 22% em receita, alcançando R$ 50 bilhões.

Keywords