- A integração regional é crucial principalmente na produção e fornecimento de bens essenciais, diz CEPAL;
- As medidas recomendadas foram divididas em três frentes: sanitária, social e econômica.
A Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL) prescreve uma maior integração entre os países da região, a fim de mitigar os efeitos da pandemia do COVID-19. Segundo um novo relatório divulgado durante o fim de semana, a comissão diz que esta é a melhor opção estratégica para os governos latino-americanos.
E os impactos previstos pela CEPAL são graves. O desemprego na região pode aumentar em 10 pontos percentuais. Isso poderia levar o número de pobres na região a subir de 185 para 220 milhões de pessoas, dos 620 milhões de habitantes no total; e a quantidade de pessoas que vivem em extrema pobreza pode aumentar de 67,4 milhões para 90 milhões.
Alicia Bárcena, secretária executiva da comissão, enfatizou a importância de proteger os grupos mais vulneráveis da crise. “O grau de desigualdade também é importante para avaliar até que ponto a crise terá impacto nos grupos mais vulneráveis da sociedade. Quanto mais desigual for um país, mais grupos vulneráveis arcarão com o impacto econômico da pandemia e menos recursos terão para combater a pandemia. ”
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O relatório enfatiza a urgência de implementar medidas imediatas na região que permitam achatar a curva de contágio pelo coronavírus “sem achatar a curva da economia”.
Um dos efeitos diretos envolve o impacto nos sistemas de saúde da região, que possuem infraestrutura insuficiente para gerenciar os problemas gerados pela pandemia (veja o gráfico abaixo). A maioria dos países da região caracteriza-se por ter sistemas de saúde fracos para enfrentar o COVID-19.

Novo modelo de desenvolvimento
O estudo da CEPAL indica que a região precisa de um novo modelo de desenvolvimento para poder restaurar as condições de recuperação mais adiante. A integração regional é crucial para isso, principalmente na produção e fornecimento de bens essenciais.
O estudo também indica que a América Latina enfrenta a pandemia de uma posição mais fraca do que o resto do mundo. Essa crise levou a CEPAL a prever um declínio de pelo menos -1,8% no PIB da região“, embora não se possa descartar uma contração de -3% a -4%, ou até mais,“. O impacto econômico final dependerá das medidas adotadas em nível nacional, regional e global, alerta a Comissão.
Segundo o relatório, o vírus acelerou o uso da internet e das tecnologias digitais, mas isso também pode ter uma consequência negativa, pois o acesso desigual a elas pode exacerbar as desigualdades.

O mundo se vê diante de uma crise humanitária e de saúde sem precedentes no século passado, em um contexto econômico que já era adverso. Em contraste com 2008, não se trata de uma crise financeira, mas de pessoas, produção e bem-estar.
Alicia Bárcena, secretária executiva da CEPAL.
Emergências de saúde, sociais e econômicas
Segundo a CEPAL, para lidar com as emergências sanitárias, é imperativo que as medidas de contenção sugeridas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sejam aplicadas com eficiência, que os sistemas de saúde sejam fortalecidos e que o acesso universal a exames e medicamentos ser assegurado.

No campo social, oficiais são necessárias medidas, como subsídios de desemprego e uma renda básica de emergência, bem como medidas de apoio às pequenas empresas (SMBs) e aos trabalhadores independentes.
Para combater a emergência econômica, o estudo explica que são necessárias ações que envolvam política fiscal, política monetária e cooperação internacional. Em questões fiscais, pacotes de estímulo fiscal devem ser implementados com o objetivo de proteger a renda e minimizar a contração econômica.