A economia do México sofreu em 2020 sua maior contração anual desde a década de 1930, embora tenha se recuperado melhor do que o esperado do impacto da pandemia de COVID-19 no último trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) da segunda maior economia da América Latina encolheu 8,5% em termos ajustados sazonalmente, mostrou a estimativa preliminar publicada pela agência nacional de estatísticas Inegi na sexta-feira, 29.
“Em 2020, a economia do México sofreu a segunda recessão mais profunda do século, com uma contração só superada por uma queda de 14,8% em 1932 como resultado da Grande Depressão”, disse Alfredo Coutino, chefe de Pesquisa Econômica da América Latina da Moody’s Analytics, ao LABS.
Segundo ele, a economia contraiu 8,5% em 2020 principalmente por causa dos efeitos devastadores da pandemia de COVID-19, mas também pela falta de preparo e resposta política insuficiente do atual governo.
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“Do lado externo, a economia foi afetada pela queda nas exportações, causada principalmente pela paralisação econômica nos EUA e também pela queda transitória dos preços do petróleo”, disse Coutino. Já do lado interno, ele explica, a contração doméstica foi ampliada como resultado do forte impacto da pandemia devido à infraestrutura de saúde insuficiente e à falta de resposta do governo.
O declínio anual do PIB foi ligeiramente menor do que o previsto em uma pesquisa da Reuters dessa semana, que esperava contração de 8,8%. Nos últimos três meses de 2020, o PIB avançou 3,1% em relação ao trimestre anterior em termos ajustados, superando a previsão de crescimento de 2,8% em pesquisa da Reuters.
De que depende a recuperação da economia mexicana?
Segundo dados do Inegi, na comparação com o mesmo trimestre de 2019, a economia encolheu 4,5% em termos não ajustados no período outubro-dezembro.
No entanto, Coutino destaca que a economia já está se recuperando desde o terceiro trimestre de 2020, com taxas de crescimento positivas no terceiro e quarto trimestres.
Em 2021, ele acredita que a economia se recuperará principalmente em função da dependência do México da economia americana, de forma que a recuperação de cerca de 5% nos Estados Unidos fortalecerá a demanda por exportações mexicanas e aumentará o fluxo de remessas.
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“Do lado interno, não há muito o que esperar, já que o investimento segue fraco e o consumo das famílias está contido pela perda de empregos e redução da renda”, acrescenta.
Além disso, a chegada e distribuição da vacina contra a COVID-19 no México é positiva para as perspectivas econômicas do país. “Isso tira a incerteza sobre a cura da doença. No entanto, no México, a aplicação das vacinas é lenta não só por causa do fornecimento limitado, mas também por causa da infraestrutura de saúde insuficiente para implantar a vacina rapidamente. Se a imunização avançar mais rápido ao longo do ano, a economia pode se recuperar ainda mais do que 4% em 2021″, acrescentou.