Economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, fala em conferência de imprensa em Santiago, Chile, em julho de 2019. Foto: Reuters/Rodrigo Garrido/Arquivo
Economia

FMI melhora previsão para PIB da América Latina: queda de 8,1% em 2020

US$ 12 trilhões em estímulos vindos das economias mais avançadas ajudou o mundo a não entrar em colapso, mas os mercados emergentes têm um cenário mais difícil à frente

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse nesta semana que as previsões para a economia global estavam “um pouco menos terríveis”, já que os países ricos e a China se recuperaram mais rapidamente do que o esperado diante dos lockdowns causados pelo coronavírus, mas alertou que as perspectivas estão piorando para muitos mercados emergentes. Para a América Latina, o fundo prevê uma contração de 8,1% neste ano (um cenário um pouco melhor que a queda de 9,4% prevista em junho passado), um crescimento de 2,8% no ano que vem.

O FMI previu uma contração global de 4,4% para 2020 em sua última Perspectiva Econômica Mundial, uma melhora em relação à contração de 5,2% prevista em junho, quando o fechamento de empresas atingiu seu pico. Esta ainda é a pior crise econômica desde a Grande Depressão dos anos 1930, disse o Fundo.

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A economia global retornará a um crescimento de 5,2% em 2021, disse o FMI, mas a recuperação será um pouco mais fraca do que a prevista em junho, em parte devido às dificuldades extremas para muitos mercados emergentes e à desaceleração do ímpeto de reabertura à medida que o vírus continua a se espalhar.

As previsões refletem as ponderações cambiais revisadas para a paridade do poder de compra, que aumentam ligeiramente a influência das economias avançadas sobre a produção global.

A economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, disse que cerca de US$ 12 trilhões em apoio fiscal e flexibilização monetária sem precedentes de governos e bancos centrais ajudaram a limitar os danos, mas o emprego continua bem abaixo dos níveis pré-pandemia, com trabalhadores de baixa renda, jovens e mulheres entre os mais atingidos.

O FMI disse que os Estados Unidos registrarão uma contração de 4,3% do PIB em 2020, consideravelmente menos severa do que a previsão de queda de 8% de junho.

Mas a recuperação dos EUA em 2021 será um pouco menor, de 3,1% –uma previsão que não assume nenhuma ajuda federal adicional além dos cerca de 3 trilhões de dólares aprovados pelo Congresso norte-americano em março.

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A economia da zona do euro encolherá 8,3% em 2020, uma melhora em relação à contração de 10,2% prevista em junho, mas há grande divergência dentro do grupo. A Alemanha, potência exportadora, terá uma contração de 6,0% em 2020, enquanto a economia da Espanha, mais dependente do turismo, deve cair 12,8%. A zona do euro retomará o crescimento com alta de 5,2% em 2021, disse o FMI.

A China, que teve uma forte e rápida reabertura e recuperação diante da pandemia, será a única economia a apresentar crescimento positivo em 2020, de 1,9% –quase o dobro da taxa prevista em junho–, e deve atingir crescimento de 8,2% em 2021, maior ritmo em quase uma década, disse o FMI.

Mas os mercados emergentes, exceto a China, terão uma contração de 5,7% em 2020, pior do que os 5,0% previstos em junho.

Para a América Latina, o fundo prevê uma contração de 8,1% neste ano (um cenário um pouco melhor que a queda de 9,4% prevista em junho passado)., um crescimento de 2,8% no ano que vem.

Para a maior economia da América Latina, o Brasil, o FMI espera uma retração de 5,8% neste ano, muito menos do que a contração de 9,1% que havia estimado anteriormente, e prevê uma recuperação “parcial” e um crescimento de 2,8% no próximo ano.

Em documento que descreve as conclusões preliminares de uma recente visita de equipe ao Brasil, divulgado na semana passada, o FMI disse que riscos negativos “significativos” incluem uma segunda onda de pandemia, “cicatrizes de longo prazo” de uma longa recessão e choques na confiança devido à enorme dívida pública do país.

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Embora o FMI receba com satisfação o compromisso do governo de reduzir a dívida do Brasil, o Fundo alertou que pode levar tempo para que empregos, renda e pobreza voltem aos níveis anteriores à pandemia.

Quanto ao México, a previsão é de uma queda de 9% em 2020 e um aumento de 3,5% em 2021. “Com base nessas projeções, o emprego, a renda e a pobreza levarão vários anos para voltar aos níveis anteriores à pandemia. Não apenas os ganhos da última década nessas áreas estão sendo retrocedidos, mas o desafio de longo prazo do México de baixo crescimento também parece que vai piorar ”, escreveu a organização.