O montante gerado pelas compras remotas com cartão e outros métodos não presenciais, como carteiras digitais, cresceu 49,3% no terceiro trimestre de 2020, para R$ 126,2 bilhões. No acumulado do ano, de janeiro a setembro, as chamadas transações não presenciais aumentaram 31,4% em relação ao mesmo período do ano passado, para quase R$ 307 bilhões, segundo dados divulgados nesta terça-feira pela Abecs, associação que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento no Brasil.
“É a famosa recuperação em V. A economia do país como um todo pode não ter tido exatamente esse comportamento, mas a nossa indústria teve”, disse o diretor-presidente da Abecs, Pedro Coutinho, durante coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira.
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O setor voltou a ter um crescimento de dois dígitos no terceiro trimestre (10%), e, no acumulado do ano, movimentou R$ 1,38 trilhão de janeiro a setembro, 5,4% a mais do que no mesmo período do ano passado. Se considerado o impacto temporário do auxílio emergencial nesses resultados, com os R$ 35,9 bilhões vindos das compras feitas por meio do cartão de débito das contas sociais da Caixa Econômica Federal, o crescimento do setor no acumulado do ano é ainda maior, de 8,1%.
Após ver o montante transacionado despencar 15,1% em abril em comparação ao mesmo mês do ano passado, a indústria de meios eletrônicos de pagamento entrou em rota de recuperação a partir de maio, terminando setembro com uma alta de 13,5% em relação ao mesmo mês de 2019.
Embora as transações com cartão de crédito estejam se recuperando em um ritmo mais lento, o volume financeiro gerado pelos cartões de débito e pré-pagos já ultrapassou o patamar pré-pandemia. O mesmo ocorre com as compras remotas, que também ajudaram na recuperação da comércio varejista.
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As compras não presenciais apresentavam uma variação anual de 29,3% em fevereiro deste ano, atingiram um pico de 62,5% em julho – impulsionado pelo pagamento do auxílio emergencial–, e terminaram setembro com avanço de 43,4% sobre o mesmo mês do ano passado (veja no gráfico).

Os pagamentos por aproximação também cresceram, e muito: 478,7% no acumulado de janeiro a setembro, gerando um volume transacional de R$ 22,7 bilhões.
Coutinho acredita que em 2021 o avanço do uso do cartão de débito, assim como dos pagamentos por aproximação, será ainda maior, não só em função da mudança de hábitos dos consumidores, mas também por causa do trabalho do setor para melhorar a segurança e a experiência dos usuários com esses meios de pagamento. No caso do uso do cartão débito online, a Abecs fala em um potencial de R$ 160 bilhões por ano.
Olhando os números do balanço do terceiro trimestre, o espaço para crescimento do uso do dispositivo no ambiente online, de fato, é grande. Dos R$ 198,4 bilhões transacionados por cartões débito no terceiro trimestre deste ano, 12,9% vieram de operações não presenciais. Já dentro do universo total das compras remotas, 20,3% do volume transacionado vieram de pagamentos feitos com cartão débito.
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Quanto ao possível impacto do PIX na indústria de cartões, Coutinho disse que essa “não deve ser uma prioridade” do novo sistema de pagamentos instantâneos.
“Mais importante que competir com o débito, é reduzir o dinheiro em espécie em circulação e melhorar a experiência do usuário. Ou seja, é substituir o boleto, o DOC e o TED, e reduzir custos. Em relação ao cartão, é o usuário quem vai escolher o que é melhor pra ele. Se ele entender que é mais fácil tirar o cartão do bolso e encostar na maquininha, do que pegar o celular e abrir o aplicativo do banco para fazer um PIX, ele vai fazer isso”, ressaltou ele, que também é CEO da Getnet, empresa de adquirência controlada pelo banco Santander.