“Em terra de cego, quem tem um olho é rei”, já dizia o ditado popular que, adaptado à indústria de pagamentos do Brasil poderia muito bem virar “Em terra de desbancarizado, quem tem PIX…”, bom, talvez não seja rei, mas definitivamente passa a usufruir mais ativamente dos benefícios da inclusão financeira, principalmente acesso ao e-commerce.
Lançado em novembro de 2020, o sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central alcançou tamanha popularidade entre os brasileiros que já ultrapassou o volume de TEDs e DOCs realizados mensalmente e atingiu uma penetração maior do que a de cartões de crédito. Dados do Banco Central mostram que 110 milhões de pessoas, mais da metade da população brasileira, já fizeram um PIX.
Mas, para além da usabilidade oferecida pelo PIX, o que a ampla adesão ao método representa quando se olha para a inclusão financeira e digital em um país que ainda tem um enorme contingente de desbancarizados?
O estudo Beyond Borders, recém-lançado pelo EBANX, fintech que processa pagamentos para empresas globais na América Latina e é dona do LABS, mostra que a popularização do PIX está associada ao crescimento do e-commerce no Brasil – e, ao mesmo tempo, o PIX provocou uma revolução na experiência de compra online. Projeções da AMI indicam que o método deve dobrar seu volume no e-commerce a cada ano, crescendo 95% ao ano até 2024, quando deverá representar quase 10% do volume total de compras online no Brasil.
Para o PIX alcançar essa relevância no e-commerce, antes um outro movimento de inclusão digital preparou o terreno: a alta penetração de smartphones na população brasileira (e também na latino-americana de modo geral, já que hoje há mais latino-americanos com celular do que com conta em banco), transformando o celular em um grande vetor do e-commerce, que respondeu por 60% do volume de compras feitas no e-commerce em 2021 na América Latina.
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A base para o sucesso do PIX é justamente essa: ser mobile, ter sido criado para a experiência de pagamento mobile, com o uso de QR Code escaneável pela câmera e a possibilidade de usar o número de celular como chave para as transações. Segundo dados do Banco Central, 98% dos PIX realizados desde o seu lançamento foram feitos pelo celular, o que representa mais de 70% do volume transacionado pelo método de pagamento.

PIX revela demanda represada
O enorme contingente de brasileiros que passaram a comprar pelo celular utilizando o PIX como pagamento representou a entrada de alguns milhões de novos compradores no e-commerce. A Beyond Borders analisou mais de um milhão de transações PIX realizadas no último trimestre de 2021 pela plataforma do EBANX e descobriu que 62% dos consumidores que utilizaram PIX são compradores online de primeira viagem.
Os novos clientes responderam por quase 40% do volume pago via PIX no trimestre, representando um aumento de 20% no volume de vendas das empresas que oferecem o PIX como forma de pagamento por meio do EBANX. “O PIX traz mais gente para a mesa. Pessoas que não tinham cartão de crédito ou empreendedores que não tinham maquininha, agora podem receber pagamentos via PIX”, comenta Erika Daguani, VP de Produto do EBANX.
Além disso, dados do Banco Mundial sugerem que o PIX possibilita que as empresas alcancem uma nova camada demográfica de consumidores que antes não estavam no e-commerce, já que sua penetração é consideravelmente maior que a do cartão de crédito, de 51% contra 25%. “O PIX trouxe uma demanda represada que a gente não sabia que existia”, disse Wagner Ruiz, cofundador e CRO da fintech.

O caráter inclusivo do PIX aparece também em outros dados: quatro meses após seu lançamento, 35% dos brasileiros registrados no CadÚnico, que cadastra famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza pelo país, já possuíam uma chave PIX, e 25% deles já haviam recebido uma transação, segundo o Banco Central.
O futuro dos pagamentos é instantâneo
De acordo com especialistas ouvidos pela Beyond Borders, o case bem sucedido do PIX no Brasil não só tem servido de referência para outros países latino-americanos desenvolverem seus métodos de pagamentos instantâneos também, a exemplo da Argentina e seu Transferencias 3.0, ou da Colômbia e seu PSE (Pagos Seguros en Línea), como aponta para um cenário em que os pagamentos em tempo real serão protagonistas de um ecossistema de soluções digitais ao lado das carteiras digitais, soluções Buy Now Pay Later, pagamentos cross-border, entre outros produtos, que vão revolucionar a experiência de consumo na América Latina na próxima década.
“O PIX tem sido visto em todo o mundo como uma história de sucesso em termos de engajamento de usuários, inclusão financeira e impulso ao comércio eletrônico”, disse Jan Smith, sócio da KoreFusion, consultoria e assessoria especializada em pagamentos e serviços financeiros na América Latina, ouvido pelo estudo.
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O estudo Beyond Borders é publicado anualmente pela fintech brasileira com operações globais EBANX. Para baixar a nova análise do estudo Beyond Borders, clique aqui.