Insurtech 180° Seguros capta R$ 177 milhões com promessa de revolucionar mercado segurador do Brasil
TQ SÃO PAULO 20.01.2022 ECONOMIA / NEGÓCIOS Retratos dos fundadores da Startup, a corretora de seguros 180. Alex Korner (de barba, mais alto), Mauro D´Ancona e Franco Lamping (de barba, mais baixo). FOTO TIAGO QUEIROZ / DIVULGAÇÃO
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Insurtech 180° Seguros capta R$ 177 milhões com promessa de revolucionar mercado segurador do Brasil

Liderada pelo 8VC e acompanhada por Dragoneer, Monashees,e Atlantico, a captação é um dos maiores volume Série A já recebido por uma insurtech na América Latina

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O mercado de seguros do Brasil arrecadou R$ 275 bilhões em 2021, considerando os 12 meses móveis até novembro e desconsiderando seguros de saúde e de danos pessoais causados por veículos. Os dados compilados pela Confederação Nacional de Seguradoras (CNSeg) apontam um crescimento de até 14,1% em relação ao ano anterior. Para entender o enorme potencial de negócios do setor: o índice de penetração do setor segurador no país (a relação entre os prêmios e o PIB) é de apenas 3,3%, segundo estudo realizado pela MAPFRE Economics. 

Essa é deixa da 180º Seguros, uma insurtech brasileira que soube aproveitar a abertura regulatória recentemente empreendida pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), o órgão regulador do setor, a exemplo do sandbox regulatório e do Open Insurance, e se lançou no mercado com um modelo B2B2C para customizar soluções de seguro para empresas clientes oferecerem aos seus consumidores finais. 

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Com apenas dois anos de operação, a 180º Seguros garantiu um dos maiores aportes Série A já recebidos por uma insurtech na América Latina, de R$ 177 milhões (US$ 31,4 milhões). A rodada foi liderada pelo 8VC, que já investia na startup, e contou com a participação de Dragoneer, Monashees, Atlantico, Quartz e Norte

Em entrevista ao LABS, Mauro Levi D’Ancona, CEO e cofundador da insurtech ao lado de Alex Körner e Franco Lamping, afirmou que durante muito tempo a indústria de seguros no Brasil ficou atrás da indústria financeira em termos regulatórios e de tecnologia. Além disso, há o que se chama de “insurance protection gap”, ou quanto um país deveria ter de seguros em relação ao seu nível de desenvolvimento. No caso do Brasil, cobrir esse déficit significa dobrar o mercado segurador no país. E é esse o objetivo da 180º. 

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“O mercado de seguros do Brasil está muito aquém do seu potencial. E as razões para isso podem ser várias, desde regulatórias até culturais. Na Alemanha, por exemplo, você vai comprar um patinete e não sai da loja sem um seguro contra terceiros”, diz D’Ancona. 

Diferente de boa parte das empresas que oferecem seguros no Brasil, a 180º optou por um modelo B2B2C. A escolha foi estratégica.

“Para nós, a estratégia de buscar o cliente final era muito cara, porque é diferente de uma conta digital, por exemplo, que tem uma proposta de valor muito clara para o consumidor final. No caso dos seguros, é um produto com menos recorrência de uso, diferente de um produto financeiro. É na verdade um produto que você adquire torcendo para não usar. Nós ficamos pensando em como transmitir nossa proposta de valor para o cliente e foi aí que vimos a oportunidade de oferecer produtos de seguros para empresas”, explica D’Ancona.

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Dois coelhos, uma cajadada: ao vender um produto de seguro customizado para empresas de setores diversos, a 180º oferece valor agregado ao serviço prestado pelas suas clientes. Exemplo: a proptech Loft é parceira da 180º e oferece aos seus usuários um seguro residencial gratuito desenhado pela 180º.

Segundo D’Ancona, a 180º começou buscando clientes entre startups, como Loft, Mottu e Buser, com a proposta de firma parcerias e atuar como uma espécie de “braço de seguros” das empresas. Depois, passou a conversar com empresas mais tradicionais, como grandes varejistas, que querem modernizar suas ofertas de seguros. 

Nós fazemos toda a jornada de seguros para nossas empresas clientes: ajudamos a descobrir qual é o produto de seguro mais interessante tanto para os ativos da empresa [B2B] quanto para os clientes [B2B2C], desenhamos esses produtos, desenvolvemos as APIs, o branding, fazemos o pós-venda e a cobrança. Somos uma one-stop-shop de seguros para as empresas.

Mauro Levi D’Ancona, CEO e cofundador da 180º Seguros

Com essa proposta, a 180º rapidamente captou uma rodada Seed de R$ 44 milhões liderada pelos fundos Canary, Dragoneer, Rainfall e 8VC, menos de um ano atrás, para desenvolver o portfólio. De lá para cá, já desenvolveu nove produtos e atualmente trabalha com oito empresas clientes e em parceria com 27 seguradoras, customizando produtos que vão desde seguro residencial até seguro para viagens. A startup se remunera a partir de uma comissão sobre toda a apólice vendida, além de um valor fixo pelo desenvolvimento e manutenção da solução.

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“A gente acredita em criar produtos e disponibilizar eles quando e onde eles são realmente necessários. Um exemplo disso é o produto que desenvolvemos com uma empresa que tem a concessão da Zona Azul em Curitiba e mais onze cidades. Quando alguém estaciona na rua, o maior medo é que os itens dentro do carro sejam furtados. Então fizemos parceria com uma seguradora e desenvolvemos um produto que custa 49 centavos e cobre os itens do veículo enquanto o carro está estacionado. É o primeiro seguro de 1 hora da América Latina”, conta D’Ancona.

Com a Série A, a 180º planeja investir na expansão da equipe, atualmente de 50 colaboradores, e no desenvolvimento da tecnologia, para melhorar a experiência dos clientes e chegar a 1 milhão de itens vendidos até o fim do ano. “Nosso foco é ampliar as parcerias com empresas que queiram agregar o seguro digital à sua oferta de serviços e desenvolver novos modelos de negócios com joint ventures com os clientes maiores”, encerra o founder. 

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