Foto: REUTERS/Marcelo Del Pozo
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2021 em números: um ano histórico para o ecossistema de startups e venture capital do Brasil

2021 colecionou números notáveis: as startups brasileiras levantaram 760 rodadas, totalizando US$ 10 bilhões em investimentos – um aumento de 194% em comparação com o ano anterior

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Nunca houve um ano como 2021… Bom, pelo menos não para o ecossistema de startups e de venture capital do Brasil. 2021 foi um ano histórico e, a despeito dos impactos da pandemia e das crises econômica e política, colecionou números realmente notáveis: o número de rodadas aumentou, o volume de investimentos cresceu, os cheques das rodadas engordaram, empresas e startups foram às compras a valer e realizaram algumas dezenas de fusões e aquisições. O LABS obteve com a plataforma brasileira de inteligência Sling Hub os maiores destaques de 2021.

Ao todo, aconteceram 760 rodadas em 2021 no Brasil, totalizando US$ 10 bilhões em investimentos – um aumento de 194% em comparação com o ano passado, quando foram injetados US$ 3.4 bilhões no ecossistema. O valor médio das rodadas também cresceu, saltando de US$ 5.5 milhões em 2020 para US$ 13.7 milhões, uma alta de 150%.

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O ecossistema de inovação brasileiro ainda é jovem e isso fica mais claro quando se olha para o estágio dos investimentos: do total de 760 rodadas, 217 foram Seed, captando US$ 157 milhões (ou 2% do volume total captado). Em seguida, vêm as rodadas Série A, com 83 cheques assinados e um total captado de US$ 894 milhões.

Com apenas 25 rodadas, os financiamentos da Série C representaram 20% do volume total captado pelas startups brasileiras em 2021, US$ 2 bilhões. Porém, a grande maioria das rodadas (270), não divulgaram seu estágio de investimento; juntas, elas levantaram US$ 1 bilhão. 

Por estágio de investimento, as maiores rodadas de investimento em 2021 foram:

  • Pre-Seed: BHub – US$ 4.5 milhões
  • Seed: TruePay – US$ 8.5 milhões
  • Série A: Daki (JOKR) – US$ 170 milhões
  • Série B: Mercado Bitcoin – US$ 200 milhões
  • Série C: EBANX – US$ 430 milhões
  • Série D: Loft – US$ 425 milhões
  • Série E: Nuvemshop – US$ 500 milhões
  • Série G: Nubank – US$ 750 milhões (a maior rodada de investimento do ano)


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Unicórnios

Foi nesse clima de fartura que o Brasil viu seu clube de unicórnios ganhar nove novos integrantes: MadeiraMadeira, Hotmart, Mercado Bitcoin, Nuvemshop, unico, CloudWalk, Olist, Facily e Daki (representante brasileira da norte-americana JOKR).

Com isso, o Brasil encerrou 2021 com 18 startups unicórnios. Dados compilados pela Sling Hub mostram que, embora as fintechs tenham sido as grandes estrelas do ano em termos de captação, no clubinho dos unicórnios há um equilíbrio na distribuição por mercado: fintech (5), retailtech (3), logtech (2), real estate (2), e edtech, foodtech, healthtech, construtech, games e deeptech com uma cada.

A metodologia adotada pela Sling Hub não considera unicórnios startups que se tornaram públicas, como o Nubank, a Vtex e a Stone. Também não considera holdings unicórnios, como a Movile (dona do iFood) ou a Frete.com (dona da CargoX e da FreteBras). A Merama, startup com DNA brasileiro e mexicano que se tornou unicórnio em 2021, não entrou na lista de unicórnios brasileiros elaborada pela Sling Hub.


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E quem mais assinou cheques?

A maior investidora de startups brasileiras, em número de rodadas e não volume investido, é uma brasileira: a BossaNova esteve presente em nada menos do que 30 rodadas, sendo 21 delas Seed ou pre-Seed.

Entre os investidores estrangeiros de olho no ecossistema brasileiro, o SoftBank foi o mais ativo, com cheques em 27 rodadas; o poderoso grupo japonês apostou alto em 14 rodadas pós-Série B, com valor médio acima de US$ 40 milhões.

IPOs

2021 também foi – imaginem se não – o ano dos IPOs para as startups brasileiras: foram 6 no total, sendo duas estreias na bolsa de Nova York, a NYSE, e quatro na B3, bolsa de valores brasileira. Em 2020, foram 3 IPOs. 

A primeira foi a VTEX, plataforma de e-commerce que oferece soluções para simplificar a venda de produtos, em julho. A VTEX já era unicórnio desde setembro de 2020, e foi avaliada em US$ 4,7 bilhões em sua estreia na NYSE. Em dezembro foi a vez do Nubank fazer sua dupla-estreia na NYSE e na B3. O banco digital foi avaliado em mais de US$ 50 bilhões em seu primeiro dia como empresa de capital aberto.

Quatro outras startups abriram capital na bolsa brasileira: GetNinjas, GetNet, Infracommerce e Dotz.


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Investimentos por região

Quando olhamos para o desenvolvimento do ecossistema de inovação por região do Brasil, embora o Sudeste continue na liderança do bonde dos investimentos (com uma captação de US$ 8,7 bilhões, 87% do total para o país), outras regiões se destacaram em 2021: as startups sulistas, por exemplo, captaram 351% mais investimentos do que no ano anterior e chamaram a atenção para a região Sul; além disso, o Paraná encerrou o ano com três novos unicórnios (MadeiraMadeira, unico e Olist). 

Já as startups do Nordeste conquistaram o maior percentual de crescimento. A região passou de menos de US$ 18 milhões em 2020 para US$ 87 milhões captados em 2021, um aumento de 386%.

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As informações acima constam em report elaborado pela plataforma brasileira de inteligência Sling Hub obtido em primeira mão pelo LABS.