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A fórmula para o crescimento exponencial de empresas brasileiras no exterior

Enfrentar uma crise em um segmento tradicional e cada vez mais competitivo. Este era o desafio de uma loja comum de artigos esportivos de São Paulo. A solução encontrada na época foi apostar todas as fichas na internet. Enquanto outras inúmeras lojas físicas exatamente iguais até então fechavam as portas, a aposta na internet foi mais do que a salvação de uma empresa, foi o início do crescimento exponencial da Netshoes.

Uma empresa brasileira que tinha tudo para ser apenas mais um pequeno comércio e conseguiu tornar-se a maior loja de artigos esportivos da América Latina.

Mas como?

Roni Cunha, que esteve por 5 anos e meio à frente do marketing da Netshoes e agora é sócio-fundador da Orgânica, uma aceleradora de negócios, trouxe a resposta para o palco do RD Summit 2018.

“O Brasil precisa de novos unicórnios”

Tornar-se um unicórnio, ou seja, ter uma empresa avaliada em mais de 1 bilhão de dólares, é o sonho de todo empreendedor brasileiro, mas a crença de que esta é uma missão muito distante da realidade do nosso país afasta a maioria das empresas do caminho certo.

Segundo Cunha, o Brasil tem sim potencial para abrigar muitas outras empresas de destaque no cenário global e ele aponta ainda que este pode ser um dos caminhos para que a economia do país volte a apresentar um ritmo acelerado de crescimento.

A fórmula do sucesso

Roni Cunha define a razão do sucesso das empresas que conquistaram o título de referências globais em duas palavras: inovação contínua. O especialista aponta que o segredo está no ciclo entre encontrar um modelo que faça com que a sua empresa torne-se campeã de acordo com as suas metas e assim que conseguir, é hora de fugir do conformismo e assumir a posição de desafiante para encontrar fraquezas no próprio modelo e aprimorá-lo antes que a concorrência o faça.

De forma tática, este processo está diretamente relacionado a três pilares principais detalhados abaixo.

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O propósito é o ponto de partida

Segundo Cunha, existem apenas duas sensações capazes de gerar ações: dor e prazer. As pessoas só se movem para solucionarem uma dor ou para satisfazer o desejo de sentirem prazer. E esta é basicamente a razão pela qual o palestrante cria uma relação entre o comportamento do consumidor e as eras econômicas criando duas definições: a velha economia e a nova economia.

Durante a velha economia, as marcas ditavam as regras e os consumidores precisavam adequar-se a elas, pois não lhes restava outra alternativa. Para exemplificar, o palestrante cita a exibição de seriados como um exemplo. Há poucos anos atrás, a alternativa mais acessível para que brasileiros pudessem assistir séries internacionais era adequar-se aos horários de exibição dos canais de TV nacionais.

Isso poderia ser o início de um conflito por diversos motivos, como a indisponibilidade de horários para assistir durante o período programado para exibição, por exemplo. E, segundo Roni Cunha, “as pessoas não querem mais sentir dor”. E esta exigência é o ponto chave para a virada da nova economia.

A partir do momento em que surgem empresas com o propósito de resolverem realmente um problema do consumidor, surge o modelo definido como nova economia. O consumidor passa a ser o centro das decisões econômicas e empresas como a Netflix ganham mercado quebrando regras anteriormente impostas. “A nova economia resolve os problemas que a velha economia criou”, conclui Cunha.

Esta mudança de mercado passou a exigir autenticidade das empresas e, de acordo com Roni Cunha, “o propósito serve para dar um norte”, ou seja, para direcionar os empresários ao caminho correto para a solução das dores de seus clientes. Ele afirma ainda que é pelo propósito que a empresa se mantém de pé, mesmo nos momentos mais difíceis.

Por isso, para Cunha, o primeiro passo é a definição de um propósito entregável no dia a dia com consistência e regularidade, isso fará com que aos poucos a sua empresa ganhe autoridade para, assim, tornar-se referência e virando referência é apenas uma questão de tempo até que sua marca conquiste o primeiro bilhão em valor de mercado.

Como exemplo, o especialista citou a filosofia da Amazon, internacionalmente reconhecida pela exigência de atendimento de alto nível e inovação na resolução de problemas dos seus clientes. Propósito que foi resumido em ter “obscessão por clientes” e apontado como a razão que faz com que a Amazon seja tudo o que é hoje por Alex Szapiro, VP da empresa, durante o Fórum E-commerce Brasil 2018, todos os detalhes sobre a estratégia adotada pela empresa para construção de um propósito que tornou-se case de sucesso estão neste post.

A sustentação vem da cultura interna

Um bom propósito delimitado no papel não é nada sem uma aplicação prática no dia a dia dos funcionários da empresa. Se a missão não for clara para quem trabalha e transforma a sua marca todos os dias, a proposta de valor não será o suficiente para conquistar novos clientes.

Roni Cunha aponta ainda que esta cultura precisa ser levada a sério não só nas ações diárias, mas ser decisiva também nas decisões de negócio e ser o ponto de partida para novas contratações, incluindo ter afinidade com a cultura como um dos pontos essenciais para que um novo profissional seja admitido.

Na prática, o especialista define que o potencial de realização do seu negócio está diretamente relacionado a dois fatores principais: mais recursos e menos interferências. Mais recursos significa mais funcionários. Menos interferências, por outro lado, significa justamente menos perda de tempo por interrupções desnecessárias.

A importância de ter um time alinhado com a cultura é encontrar o equilíbrio entre estes dois fatores opostos e ao mesmo tempo complementares. Apenas uma cultura clara e presente em todos os aspectos do ambiente corporativo desde a captação até a formação dos funcionários é capaz de manter todos os profissionais alinhados com um mesmo objetivo final.

O modelo de gestão certo é o ponto de virada

Seria impossível que os dois itens anteriores se tornassem realidade sem um modelo de gestão que reflita o propósito da empresa e promova que a cultura esteja presente no dia a dia de todos os funcionários.

Por isso, Roni Cunha cita alguns itens indispensáveis para alcançar um modelo de gestão compatível com um crescimento exponencial, são eles:

  1. O líder precisa manter-se em constante estado de inconformismo, buscando desafios cada vez maiores.
  2. Estruturar equipes de acordo com filosofias de bloco que possuem o objetivo de definir missões únicas, mesmo em times multi-disciplinares, e fazer com que todos entendam qual é o objetivo final do time e não apenas da sua tarefa.
  3. Hierarquia é necessária, ego não. Aposto que você já ouviu o seguinte ditado: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Mas esta frase já não condiz com a realidade das grandes empresas globais, as posições de liderança das empresas que tornam-se globais atualmente são ocupadas por líderes capazes de construir projetos lado a lado com sua equipe.
  4. Não esquecer da cultura do WOW, ou seja, não deixar de surpreender seus clientes e superar suas expectativas em relação a marca. Escolha um público que possa servir de alavanca e supere as expectativas deste nicho. Espontaneamente, ele irá testemunhar a favor da sua marca.
  5. Nunca espere o campeão do seu mercado entrar em decadência para tentar superá-lo, aposte todas as suas fichas quando sua empresa estiver no auge, este é o momento certo para encontrar um novo modelo de gestão capaz de mudar o cenário do mercado.

Inovação contínua = Propósito + Cultura + Gestão

Segundo Roni Cunha, esta é a fórmula capaz de transformar em poucos anos pequenos negócios em valiosas empresas com reconhecimento internacional e tirar esse plano do papel exige apenas uma habilidade: dedicação.

Tornar-se uma das próximas empresas brasileiras com destaque no cenário mundial só depende de você. Está pronto?

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