Não é nenhum segredo que startups e PMEs no Brasil e no México lutam para financiar suas operações. Apesar dos avanços recentes promovidos por fintechs e novas regulações, os empreendedores nesses dois países permanecem subfinanciados. Para além do capital necessária para se começar, os investimentos que vêm depois são decisivos para fazer o negócio deslanchar ou fracassar.
“Família e amigos são a alternativa número um para financiamento. A segunda alternativa é geralmente um empréstimo pessoal com bens pessoais como garantia. A número três, se você tiver a sorte de estar conectado aos poucos fundos da região e do mundo, poderá te levar a diluir o negócio com dinheiro de capital de risco. E, finalmente, você tem essas novas plataformas de empréstimos para pequenas e médias empresas que fazem empréstimos pequenos, limpos e rápidos, mas geralmente caros”, explicou Hugo Mathecowitsch, cofundador da a55. Ele e Fabio Massuda, diretor de estratégia da Movile, conversaram com o LABS sobre seu novo relacionamento e suas implicações para o ecossistema de startups da América Latina.
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Fundada em 2017 por Mathecowitsch e André Wetter, a a55 planeja mudar todo esse cenário – oferecendo linhas de crédito para startups da “nova economia” com receitas futuras previsíveis. E, graças a um investimento de R$ 92,8 milhões de Série B liderado pela aceleradora e investidora Movile, a plataforma parece estar bem posicionada para alcançar seus objetivos.
Um exemplo de dentro de como a a55 pode ajudar os empreendedores
Ao oferecer financiamento quando essas empresas emergentes mais precisam, a a55 pode potencialmente salvá-las de se tornar mais um número entre a maioria das startups que não dão certo. Mathecowitsch relembra seu primeiro negócio, “A Omie é o maior ERP para contabilidade financeira para SMBs. Meus sócios e eu [usamos] nossas próprias contas de poupança pessoais para salvar a empresa da quase falência, usando caneta e papel para um empréstimo pessoal. Hoje esta empresa é uma estrela em ascensão. Isso mostra que, no momento certo, soluções muito pequenas, com ou sem tecnologia, podem realmente fazer a diferença.”
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O que é a “nova economia?”
Segundo Mathecowitsch, a definição de “nova economia” ainda está em evolução. “Acho que hoje não é sobre ser tecnológico ou não; se voce não é tech, provavelmente está morto”, disse Mathecowitsch.
A nova economia engloba “empresas conectadas” que usam ativamente ferramentas como pagamentos online, CRMs, marketing digital, lojas online ou quaisquer plataformas integradas que sejam principalmente orientadas para a web. Essas ferramentas criam análises valiosas e dados de negócios monetizáveis, que a55 usa para prever receitas e, assim, proteger e fornecer capital inicial para startups que precisam.
Quem se beneficia?
As empresas conectadas e os empreendedores que as possuem não são os únicos vencedores – há dois lados na estratégia da a55. Ao usar essa modelagem de receita preditiva, a a55 está essencialmente criando uma classe de ativos nova, líquida, transparente e semelhante a renda fixa que atrai investidores que buscam diversificar seus portfólios, ao mesmo tempo em que lhes dá participação em empresas com receita comprovada e potencial de crescimento exponencial .
Qual o tamanho desse mercado?
A a55 já concedeu mais de R$ 400 milhões em empréstimos para mais de 500 empresas. Normalmente, as empresas buscam a a55 para investimentos de R$ 300 mil, mas a média das operações está em R$ 500 mil. E sua taxa de crescimento permanece alta, com volumes acumulados aumentando aproximadamente seis vezes em 2021 em relação a 2020.
Apesar desses números impressionantes, o a55 está apenas arranhando a superfície do seu verdadeiro potencial. Mathecowitsch estima que cerca de 25% das SMBs no Brasil e no México agora utilizam as ferramentas econômicas necessárias para a modelagem de receita preditiva, são quase 4,5 milhões de empresas que poderiam se beneficiar dos serviços da a55.
Fabio Massuda, diretor de estratégia da Movile, concorda e ressalta que a digitalização da economia está acelerando. “Muitas empresas estão surgindo para preencher as lacunas que existem no mercado. Acho que provavelmente veremos essa tendência nos próximos anos, e essas empresas emergentes precisarão de serviços financeiros ao longo do caminho”, explica ele.

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O que o novo aporte significa investimento para a a55
Com este investimento Série B, a a55 planeja acelerar sua expansão no Brasil e no México, recrutando mais talentos e expandindo sua carteira de clientes. Além disso, a a55 pretende “aprimorar sua plataforma de finanças abertas existente, desenvolver novas tecnologias baseadas em ciência de dados e blockchain e continuar sua expansão internacional”.
Do ponto de vista da Movile, o a55 pode ganhar muito mais do que capital. “A [Movile] acredita que o capital é nosso ingresso para iniciar um relacionamento profundo com a empresa”, disse Massuda, “somos investidores de longo prazo que não apenas oferecem o financiamento, mas também suporte estratégico em muitos assuntos diferentes: estratégia , M&A, cultura, pessoas, modelos de gestão,… então, basicamente, queremos muito encontrar empresas com equipes abertas ao nosso apoio.” Ao mesmo tempo, o extenso portfólio de empresas da Movile cria inúmeras oportunidades para fomentar a colaboração, uma vantagem que pode ser imensamente benéfica para a a55.
Traduzido por Fabiane Ziolla Menezes