Colombiana ADDI levanta US$ 75 milhões para escalar solução Buy Now Pay Later no Brasil
Os cofundadores da ADDI, Santiago Suarez, Elmer Ortega e Daniel Vallejo. Foto: ADDI/Divulgação
Negócios

Colombiana ADDI levanta US$ 75 milhões para escalar solução Buy Now Pay Later no Brasil

Liderada pela Greycroft, essa é a segunda rodada da fintech em três meses; recursos serão usados para expandir no Brasil, visto como seu principal mercado, e na Colômbia

Read in englishLeer en español

Com o mote “ADDI Now, PIX Later” – um trocadilho com o método de pagamento BNPL (de Buy Now, Pay Later, ou compre agora, pague depois) – a fintech colombiana ADDI acaba de receber uma rodada de US$ 75 milhões (cerca de R$ 390 milhões) liderada pela Greycroft. O novo aporte vem apenas três meses após uma captação de US$ 65 milhões em financiamento de dívida e equity. Os recursos serão usados para escalar a operação no Brasil e na Colômbia; em 2022, a fintech espera chegar no México

Também participaram da rodada a GGV Capital, Citius Capital e Intersection Growth Partners, além dos investidores atuais Andreessen Horowitz, Citius VC, Endeavor Catalyst, Foundation Capital, Monashees e Quona Capital. Os investimentos ainda contaram com o Union Square’s Opportunity Fund, que liderou a Série B em maio.

Fundada em 2018 por Daniel Vallejo, Santiago Suarez e Elmer Ortega, a ADDI oferece uma solução BNPL para quem não tem acesso a cartões de crédito ou não está apto a realizar pagamentos com esse método. A fintech desenvolveu um produto B2B2C, em que firma parcerias com lojas on-line e físicas, que passam a oferecer a ADDI como opção de pagamento aos seus clientes. Quando uma compra é paga com a solução da ADDI, a loja parceira recebe o valor das vendas da fintech em até uma semana, enquanto o cliente pode parcelar o valor devido em até três vezes sem juros. 

LEIA TAMBÉM: Soluções de crédito para comprar parcelado e online ganham o comércio eletrônico na América Latina

Em conversa com o LABS, Vallejo contou que a fintech nasceu com o propósito de “redefinir o comércio na América Latina”, agregando valor para as duas pontas da transação. Segundo ele, a solução da ADDI gera um incremento no ticket médio e nas conversões de compras online de até três vezes

“Nosso propósito é tornar todo o processo de compra mais simples, aumentar as vendas dos nossos parceiros e fidelizar o cliente final. No Brasil, a ADDI já responde por mais de 50% das vendas de parte dos nossos parceiros. Já para o cliente, pagar com a ADDI não gera custo com taxas ou juros, como é normal com cartão de crédito, por exemplo”, explicou. 

LEIA TAMBÉM: Colombiana Addi capta US$ 65 milhões para expandir soluções de crédito sem cartão na América Latina

No Brasil há apenas seis meses (a fintech desembarcou por aqui em março de 2021), a ADDI está disponível para compras por e-commerce e em pontos de venda físicos de mais de 100 varejistas parceiros e afirma já ter processado cerca de 20 mil transações a um ticket médio de R$ 350

O Brasil é visto hoje como o principal mercado para a fintech. De olho nesse potencial, ela passou a oferecer para os usuários finais o pagamento sem juros via PIX, para substituir o tradicional boleto, e planeja ampliar a oferta de BNPL com o lançamento de um aplicativo, previsto para o fim do mês. A empresa projeta fechar o ano com 400 lojistas parceiros e bater a marca de R$ 1 bilhão transacionados em 2022.

O mercado brasileiro tem um aspecto interessante, porque o cliente brasileiro já está familiarizado com o crediário, com o carnê. Mas o crediário tradicional implica uma jornada muito longa de aprovação, uma experiência ruim e um custo alto. Nosso produto BNPL está completamente inserido na jornada do cliente dentro do e-commerce. O pagamento com a ADDI leva menos de dois minutos.

Daniel Vallejo, cofundador da addi

A ADDI não revela o faturamento da operação nem a taxa de inadimplência – a fintech se remunera a partir de uma comissão sobre cada compra realizada por meio da plataforma –, mas segundo Vallejo, a startup está focada em escalar a operação e, hoje, prioriza a retenção de parceiros e usuários e rentabilidade a longo prazo

“Nossa visão de rentabilidade é de longo prazo e está muito baseada na fidelização e na recorrência do cliente final. Quando pensamos em rentabilidade, não pensamos apenas na primeira compra. Queremos que os clientes voltem a comprar com a gente”, disse. 

BNPL, uma nova roupagem para o crediário

A ADDI apostou na tendência BNPL e acertou em cheio. De acordo com a CB Insights, a indústria global de BNPL deve crescer de 10 a 15 vezes seu volume atual, chegando a US$ 1 trilhão em volume bruto anual de mercadorias até 2025

Como o LABS mostrou, diferente de um cartão de crédito ou de uma linha de crédito concedida por um banco, o BNPL permite que os consumidores paguem suas compras por meio de empréstimos de curto prazo pelos quais, na maioria das vezes, não são cobradas taxas de juros.

LEIA TAMBÉM: Apenas 3,8% das cidades do Brasil tem um ecossistema de pagamentos desenvolvido, mostra estudo inédito da Visa

Esses microcréditos são aprovados no momento da compra e podem ser obtidos de duas maneiras principais. A primeira é um empréstimo no ponto de venda, no qual um provedor de BNPL faz parceria com comerciantes para fornecer financiamento no caixa. A outra é um plano de parcelamento que permite às pessoas comprarem online e pagarem por seus itens em um número pré-aprovado de parcelas.

Ambos os modelos demandam uma etapa de validação de crédito que normalmente é gerenciada pelo provedor de soluções BNPL. Os empréstimos são frequentemente sem juros para os clientes, desde que pagos dentro do prazo. Para outras transações, os juros podem ser cobrados antecipadamente.

LEIA TAMBÉM: Startup espanhola de RH, Factorial chega ao Brasil com R$ 410 milhões em caixa

Os prestadores de serviços BNPL cobram taxas sobre cada transação, mas, em contrapartida, os comerciantes se beneficiam ao atingir uma faixa maior de clientes e aumentar a taxa de conversão do carrinho de compras (quando a compra é, de fato, paga e concluída) e o volume de vendas. Além disso, são os próprios provedores de BNPL que validam a capacidade do cliente de pagar o empréstimo através de um processo de verificação de crédito, reduzindo o risco de não pagamento ou fraude para o comerciante.