Anton Kononov, Sarah Bechstein e Florian Semler, cofundadores da startup de tratamentos de pele alemã Formel Skin. Foto: Divulgação.
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Alemã Formel Skin, que oferece tratamento digital e personalizado contra acne, escolhe Brasil como terceiro mercado

Melasma, rosácea e manchas em geral são outros três problemas de pele que a startup fundada pela médica dermatologista Sarah Bechstein quer enfrentar de maneira personalizada e digital. Testar a ideia no Brasil é crucial antes de levá-la a outras partes do mundo

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A Formel Skin, healthtech de dermatologia com sede em Berlim, acaba de desembarcar em solo brasileiro. A empresa oferece uma proposta inédita – digital do diagnóstico ao acompanhamento – de tratamento da acne, melasma, rosácea e manchas em geral. O Brasil é apenas o terceiro mercado da startup, que também opera na Suíça. A entrada na maior economia da América Latina, apesar dos desafios de logística, tem várias razões, segundo o cofundador Florian Semler.

A mais óbvia é o tamanho do mercado brasileiro de beleza e cuidados pessoais, o quarto maior do mundo, atrás de Estados Unidos, China e Japão, segundo a Euromonitor Internacional. Mas há mais razões para a startup alemã ter escolhido o país como principal parada na rota de internacionalização: “Acreditamos que podemos tratar doenças crônicas de pele; problemas que você pode tratar facilmente, mas precisa de engajamento [constante com o médico para isso]. Por isso não vamos para mercados mais fáceis, como a Europa, mas para mercados maiores como o Brasil, onde nossa plataforma pode ser testada e o sistema pode ser aprimorado. Ao contrário de outros negócios de telemedicina, nosso foco é em clientes pagantes e não na cobertura de planos de saúde. No começo, muitos investidores nos diziam que ninguém pagaria do próprio bolso por serviços médicos [já tendo assistência médica], mas nós dissemos que podíamos que se o serviço fosse melhor, as pessoas estariam dispostas a fazer isso. E foi isso que aconteceu”, contou Semler.

Também de acordo com a Euromonitor Internacional, o consumo de produtos para o rosto e tratamentos faciais cresceu 91% na pandemia. Outra pesquisa, do Instituto alemão GfK, realizada em 22 países, colocou o Brasil no segundo lugar de um ranking dos que mais gastam tempo com cuidados com a aparência.

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Cofundada pela dermatologista Sarah Bechstein, Semler e Anton Kononov em 2019, a Formel Skin levantou em dezembro a maior rodada Série A de uma healthtech europeia, de €30 million, liderada pela empresa de capital de risco Singular, com sede em Paris, e pela investidora alemã Heal Capital, com participação dos investidores anteriores Cherry Ventures, Heartcore Capital e Vorwerk Ventures (que lideraram a rodada semente de € 5 milhões, um ano antes).

Startups de saúde e telemedicina estão mesmo entre aquelas que mais receberam investimento, impulsionadas pela digitalização da pandemia. Na Europa, companhias como o sueca Kry, a francesa Alan e o portuguesa Sword Health se tornaram unicórnios no segmento de saúde. No Brasil, a healthtech talvez mais próxima de atingir tal valor de mercado seja a Alice, após uma Série C de US$ 127 milhões liderada pelo SoftBank em dezembro de 2021.

A inspiração para a criação da startup veio de uma experiência da própria Sarah, quando ela se deparou com a necessidade de um produto personalizado e eficaz para tratar acne. “O conceito nasceu de uma motivação pessoal: um produto que realmente funcionasse a longo prazo. Por isso, é fundamental o acompanhamento médico do paciente por meio da telemedicina. Nosso objetivo é promover o tratamento da pele de maneira contínua e direcionada para cada um, em cada etapa do processo,” disse a especialista via assessoria de imprensa.

Como funciona a Formel Skin

A empresa traz para o mercado um novo conceito de skincare e a proposta de ser um hospital dermatológico digital para tratar as condições crônicas da pele.

Os pacientes que desejam usar os serviços da startup precisam se registrar online, preencher um questionário e enviar fotos de seus problemas de pele. Na sequência, a plataforma atribui um médico ao paciente, que permanecerá dedicado a esse paciente durante todo o tratamento. O médico pode decidir sobre o tratamento necessário e ajustar procedimentos e fórmulas conforme necessário, de acordo com o feedback e os resultados do paciente mensalmente.

O pagamento pelo serviço (atendimento + produtos) também é mensal. Enquanto na Alemanha custa €49 por mês, no Brasil custará R$ 152 no primeiro mês, e depois R$ 190 – os alvos da startup, ao menos em um primeiro momento, são as classes B e C, ou seja, pessoas de renda entre quatro (R$ 4.848) e vinte salários mínimos (R$ 24.240).

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Os medicamentos são produzidos por redes de farmácias de manipulação parceiras da Formel, que também são responsáveis pelo envio dos produtos às casas dos pacientes. Em entrevista ao LABS há algumas semanas, Semler não quis revelar quais são as redes parceiras e o site da startup no Brasil não informa.

No Brasil, a Formel Skin também abre outras duas possibilidades: um atendimento único, com direito a produto, no valor de R$ 230; e a opção de pagar R$ 90 pelo atendimento e pela receita, o que significa que o paciente terá de encontrar uma farmácia de manipulação e arcar com os custos do medicamento.

Apesar de começar com foco em grandes centros, a Formel Skin diz que atenderá todo o Brasil.

A Formel afirma já ter fornecido mais de 150 mil tratamentos para pacientes na Alemanha e na Suíça.

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