Avião fretado pela Ali da Cainiao Network, plataforma de logística afiliada ao Alibaba Group. Foto: Divulgação
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AliExpress aposta em festival com celebridades de reality show para alavancar compras do 11.11 no Brasil

Yan Di, country manager da AliExpress no Brasil, disse que o 11.11 deste ano será o mais importante para a expansão da empresa no país

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O lado ocidental do mundo está acostumado a ouvir falar da Black Friday como o maior evento de vendas do varejo físico e eletrônico. Mas um gigante chinês quer mudar isso. Esta quarta-feira, 11 de Novembro, é o “Dia dos Solteiros”, evento de compras que, desde 2009, o grupo Alibaba vem transformando no maior festival do gênero no mundo, superando a CyberMonday nos Estados Unidos. 

Só no ano passado, o 11.11 gerou US$ 38,4 bilhões em vendas e mais de 1,3 bilhões de pedidos. Números monstruosos que equivalem a três anos de faturamento do e-commerce brasileiro (US$ 11 bilhões em 2019, segundo a pesquisa Webshoppers, da Ebit/Nielsen) e cinco vezes o faturamento da Black Friday americana (de US$ 7,4 bilhões em 2019, segundo a Adobe Analytics). Além dos descontos que incluem produtos de marcas famosas, o 11.11 traz shows e eventos artísticos. A estratégia do gigante do e-commerce tem dado certo: no ano passado, apenas nos 85 primeiros segundos do evento, o Alibaba registrou US$ 1 bilhão em vendas globalmente.

O AliExpress (marketplace compras internacionais do Alibaba) chegou no Brasil em 2014, mas só neste ano resolveu trazer o formato completo do Dia dos Solteiros, com shows e artistas locais, ao Brasil. O apresentador do reality A Fazenda, Marcos Mion, é o host da campanha. Dentro do programa, ele tem usado peças do marketplace, além de promover ações com influenciadores, usando os produtos das principais categorias à venda no AliExpress. 

Campanha de marketing do 11.11 com Marcos Mion. Foto: Divulgação

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Entre as “caras” da campanha no Brasil está a influencer fitness Gracyanne Barbosa, a cantora Gretchen, e os youtubers Rezende e Dani Russo. A intenção do AliExpress, ao divulgar o 11.11 também na televisão aberta, é conquistar os consumidores que só agora estão aprendendo a comprar online. 

Para além do marketing, a Ali está apostando também em uma melhor experiência de compras durante o festival, tanto em relação às condições de pagamento (as compras poderão ser parceladas em até seis vezes) quanto à logística (a empresa tem três voos fretados para reduzir o tempo de entrega das encomendas feitas pelos brasileiros, e também oferece o serviço “AliExpress Direct”, que permite que o consumidor receba os produtos comprados nas diferentes lojas do marketplace numa só entrega).

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Também neste ano, o AliExpress implementou o serviço de devolução de pacotes que pode ser feito para um endereço brasileiro, sem custos e com reembolso integral para os itens marcados com o selo “Free Return”.

Segundo o AliExpress, hoje as compras feitas pelos brasileiros no site demoram, em média, um mês para chegar. Isso faz com que o 11.11 seja também uma oportunidade para as compras de Natal (serão mais de 200 milhões de produtos com descontos de até 70%). 

O AliExpress não divulga dados de vendas individualizados por país, mas segundo Yan Di, country manager da AliExpress no Brasil, o 11.11 deste ano será o mais importante para a expansão da empresa no país. 

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A seguir, os principais trechos da entrevista de Yan Di ao LABS

A ideia é que este ano o 11.11 da AliExpress consiga bater a Black Friday no Brasil?

Não estabelecemos uma relação direta com outras datas comerciais, pois somos, inclusive, ativos participantes da Black Friday brasileira. Sabemos que este ano, porém, as vendas do 11.11 no Brasil serão, pela primeira vez, integradas a ações promocionais, que misturam diversão e entretenimento. Além disso, em cooperação com empresas afiliadas e parceiros, implementamos melhorias sensíveis em nosso serviço para brasileiros, como três voos fretados semanais, para diminuir o tempo de entrega, serviço de atendimento ao consumidor em português, devolução de produtos em um endereço no Brasil, novas formas de pagamento parcelado e a inclusão de mais itens no modelo de frete grátis. Todos estes itens devem melhorar a experiência dos consumidores locais e, consequentemente, as vendas em longo prazo.

A América Latina é vista como um mercado interessante para vocês? Como enxergam o e-commerce na região após a pandemia?

O Brasil, como principal mercado da América Latina, já é um dos cinco maiores consumidores globais de produtos em nossa plataforma e desfruta de logística aprimorada. A região é também uma das que registra maior crescimento na penetração do uso da internet mobile no mundo. O Brasil, por exemplo, é o quarto maior mercado mundial em número de usuários conectados à internet.

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Neste cenário, mantemos o foco na melhoria contínua de nossos serviços e em criar soluções voltadas para o nosso usuário.  É inegável que, em 2020, a pandemia gerou mudanças claras no perfil de compras de nossos usuários. Desde abril, quando começou o fechamento do comércio em muitas cidades do Brasil, até o final de agosto, itens relacionados à casa e jardim, eletrodomésticos e aparelhos de ginástica tiveram uma alta acima de 130% em vendas, o que demonstra que as pessoas buscaram mais conforto para suas casas no período de quarentena. Também itens relacionados ao trabalho remoto registraram uma explosão em vendas, como mesas e cadeiras de trabalho, microfones, mouses e teclados. A categoria mais impressionante foi de venda de webcams, que foi 38 vezes maior neste período que em igual espaço de tempo de 2019.

Mas não podemos dizer que o crescimento do e-commerce ocorre apenas por conta da pandemia. A pandemia acelerou, mas o e-commerce brasileiro já estava evoluindo nos últimos anos. Com o fortalecimento da economia no pós-pandemia e a recuperação na renda das famílias, a tendência é de maior expansão em 2021 e 2022. Note que, do total das vendas do varejo no Brasil, apenas 5,1% é feita em canais online, enquanto que em países como a China, esse percentual chega a mais de 30%, o que indica o enorme potencial de digitalização do varejo local. 

Como funcionará o new retail no Brasil? É algo previsto para o próximo ano?

Há alguns anos, de forma pioneira, o grupo Alibaba liderou o desenvolvimento de um processo que integra as vendas que acontecem no mundo online com aquelas que ocorrem no varejo físico, o mundo offline, o que chamamos de “New Retail”. Uma das empresas do grupo, a Freshippo, que opera os supermercados HeMa, é um ótimo exemplo disso.  Nestas redes, é possível fazer compras direto na loja física, o canal offline, mas também fazer pedidos e encomendas por app.

Ocorre que há alguns itens, que por sua característica, como baixa margem de lucro, baixo tíquete, elevado peso relativo para transporte ou simplesmente por que são perecíveis, como bebidas geladas, águas e sucos, não são produtos que valham a pena, economicamente, serem vendidos pelo e-commerce tradicional. Neste sentido, a integração dos dois canais (online e offline) é muito eficiente.

Neste modelo, as lojas de New Retail, como o HeMa, operam com entregas de produtos de baixo custo, em até 30 minutos, em um círculo de 3 km de distância. Assim, suas lojas, além de pontos físicos de venda, se tornam pontos de estoque e distribuição de produtos nos bairros e regiões em que atuam, viabilizando as vendas online e offline em seu perímetro. É uma abordagem que vem transformando o varejo no mundo.

No Brasil, além de operar as vendas online, pelo site AliExpress, já fizemos uma experiência com loja física, na cidade de Curitiba, permitindo que os consumidores tivessem uma experiência real com nossos produtos e tecnologias. Certamente, explorar as vantagens do New Retail no Brasil é uma possibilidade em nosso horizonte.

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