A fintech brasileira Conta Simples recebeu uma extensão Seed de US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 14 milhões) da Y Combinator. É a primeira vez que a aceleradora americana, que tradicionalmente investe pequenos tíquetes em muitas startups, aporta um valor tão alto em uma empresa brasileira. A extensão eleva a rodada para R$ 28 milhões e faz o valor da empresa quintuplicar (embora a Conta Simples não divulgue o valor).
A Conta Simples nasceu em 2018 quando o CEO Rodrigo Tognini e os sócios Fernando Santos e Ricardo Gottschalk decidiram explorar o lado de serviços financeiros para pessoas jurídicas. Com nomes como o Nubank, C6, Inter disputando o segmento de pessoas físicas, a Conta Simples se voltou para o mercado de 20 milhões de pequenos negócios no país.
“Quando eu e Fernando empreendemos em outra startup, tivemos problemas para abrir uma conta corporativa em um banco tradicional. Então entramos nesse mercado para fazer conta corrente para empresas da nova economia”, diz Tognini ao LABS.
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Atrelado às contas, a fintech oferece cartões corporativos de bandeira Visa para que o empreendedor não misture despesas pessoais e da empresa. Algo similar ao que a Cora faz.
De banking para software
Em agosto de 2019, quando a startup efetivamente entrou no mercado, Tognini percebeu que as empresas clientes precisavam também de soluções para o gerenciamento financeiro, relacionadas à contabilidade, contas a pagar, salário, que demandam times dedicados só a essas burocracias.
No ano passado, a fintech passou a oferecer, além da conta digital, um software de gestão de despesas. A Exame foi um dos primeiros grandes clientes da startup. A Conta Simples passou então a abrir contas para empresas maiores e se reposicionar como uma empresa de serviços financeiros e SaaS (Software as a Service).
Não é como se a Conta Simples estivesse inventando a roda. Empresas de serviços financeiros como a Brex, AirBase, Ramp, PayHawk, Monzo e Divvy já oferecem sistemas de gestão dos gastos com cartões corporativos, folha de pagamento e despesas com fornecedores, por exemplo. Mas a demanda é tanta, que há espaço para todas.
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A Conta Simples diz ter crescido 60% ao mês em 2020. Desde janeiro, o faturamento da fintech dobrou, mas Tognini espera ver ele triplicar até o fim do ano. “Temos um time com 70 pessoas e queremos terminar o ano com 100 e no próximo ano chegar a 150 pessoas”, diz.
Até hoje, a startup abriu 25 mil contas empresariais e pretende chegar a 40 mil.
Para ofertar mais serviços, a Conta Simples precisa do aval do Banco Central. A fintech pretende entrar com um pedido para se tornar uma SCD (Sociedade de Crédito Direto). “Essa SCD vai viabilizar parte do serviço financeiro a médio e longo prazo. A ideia é a gente ganhar dinheiro [rentabilizar] como um banco. Como SCD a gente consegue”, Tognini. Atualmente, a empresa oferece serviços financeiros por meio de APIs e integrações de diversas instituições de pagamento e financeiras.
Um banco pode receber os depósitos de um cliente e aplicar, emprestar, cobrar juros, trabalhar com esse dinheiro. A SCD não. Para oferecer crédito, a SCD deve criar estruturas de crédito para concedê-los de forma direta, como FIDCs, por exemplo.