Ilustração: Felipe Mayerle
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América Latina ultrapassa EUA e Europa e é o segundo mercado de streaming que mais cresce no mundo

Em 2021, mercado de streaming da região deve alcançar US$ 7 bilhões, mostra relatório Beyond Borders 2021/2022

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A América Latina ultrapassou a Europa e a América do Norte e já é o segundo mercado de streaming que mais cresce no mundo, atrás apenas da Ásia e do Oriente Médio. A região deve chegar ao fim de 2021 com um crescimento de 21% no streaming de vídeo e de 20% nas plataformas de áudio, consolidando-se como um mercado estratégico para a expansão de empresas globais, uma vez que Europa e Estados Unidos se aproximam de um ponto de saturação.

Levantamento realizado pela consultoria Netscribes mostra que, em 2021, o mercado de streaming da América Latina deve alcançar US$ 7 bilhões (US$ 5,5 bilhões o de vídeo e US$ 1,2 bilhão o de áudio). Os dados constam no relatório Beyond Borders 2021/2022 recém-lançado pela fintech de pagamentos EBANX, que também é dona do LABS.

Esse boom pode ser atribuído a um conjunto de fatores, incluindo aí uma mudança de comportamento devido à pandemia de COVID-19, algo que foi observado em todo o mundo. Mas, principalmente, graças à maior penetração dos serviços de internet, tanto fixos como móveis, em toda a região. 

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“É isto que tem impulsionado o crescimento do mercado de streaming na América Latina. A pandemia foi apenas mais um impulso, e tudo isso, combinado com a chegada da tecnologia 5G na região, impulsionará ainda mais a penetração dos serviços de streaming”, disse Bhavna Chandna, analista sênior da Netscribes consultado pelo estudo. 

Brasil e México são os dois maiores mercados de streaming de vídeo e áudio da região, seguidos pela Argentina, Chile e Colômbia, de acordo com a pesquisa da Netscribes encomendada para a Beyond Borders. 

Streaming na palma da mão

Da mesma forma que os consumidores latino-americanos têm usado cada vez mais o celular para realizar compras on-line (a pesquisa aponta que até o fim desse ano, quase 60% do total de compras online feitas na América Latina serão pagas pelo celular), o aparelho também é usado massivamente para consumir conteúdo de streaming de áudio ou vídeo. 

De fato, uma pesquisa realizada pela Penthera com consumidores do Brasil, México, Colômbia e Argentina mostrou que 90% deles preferem o smartphone para consumir streaming, muito mais do que as smart TVs (70%) ou os desktops (65%). 

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Uma vez que os smartphones têm se consolidado como a porta de entrada de milhões de consumidores latino-americanos aos serviços digitais – estudo da GSMA aponta que, até 2025, os celulares podem representar 80% de todas as conexões de internet na América Latina –, gigantes globais interessadas em conquistar uma fatia desse mercado têm buscado adaptar seus serviços para os dispositivos móveis e investido em apps com uma boa experiência de usuário e interface intuitiva, além de planos de assinatura específicos para mobile, a exemplo do que fez a HBO Max quando chegou na região. 

A disputa pelos assinantes latino-americanos

No último ano, a América Latina foi palco de estreia de diversos players globais: Disney Plus, Star Plus, HBO Max, Discovery e Paramount Plus foram alguns dos grandes serviços de streaming de vídeo que começaram a operar na região. 

A chegada em massa desses serviços se deve ao fato de que a base de assinantes em mercados mais maduros, como é o caso dos Estados Unidos e de países europeus, atingiu um platô, e o número de usuários pagos estagnou. Hora, portanto, de explorar mercados com uma audiência mais receptiva: na América Latina, as assinaturas de streaming de vídeo devem chegar a 76 milhões no final de 2021 – acima dos 53 milhões, um crescimento de 43% em relação ao ano anterior, de acordo com a Digital TV Research. 

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O resultado? Competição feroz. A Netflix, líder absoluta na região, deve encerrar 2021 com uma participação de 50% do mercado latino-americano, seguida pela Disney Plus (21%), HBO Max (19%), e Amazon Prime Video e Viacom CBS (10% cada), de acordo com a pesquisa primária da Netscribes.

E a América Latina descobriu o podcast

A disparada do mercado de streaming alavancou também os serviços de streaming de áudio, que devem atingir US$ 1,2 bilhão até o fim do ano, o que coloca a América Latina como a região de maior crescimento em streaming de áudio no mundo.

Assim como tem acontecido com as plataformas de streaming de vídeo, os players de streaming de áudio também estão se concentrando em melhorar a experiência dos clientes, investindo no conteúdo local, por meio de parcerias com artistas emergentes e estabelecidos em diferentes países da América Latina. A oferta de conteúdo local e original é inclusive um dos principais fatores de escolha dos usuários na hora de assinar um serviço. 

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Mas talvez a maior novidade quando se olha para o mercado de streaming de áudio na região seja a rápida ascensão dos podcasts originais. O Spotify, hoje a principal plataforma de streaming de áudio da América Latina, informou em carta aos acionistas que os podcasts tem sido úteis inclusive nas estratégias de aquisição de novos usuários. Já o Deezer informou à pesquisa que o Brasil e o México são dois de seus principais consumidores de podcasts em todo o mundo. 

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O estudo Beyond Borders é publicado anualmente pela fintech brasileira com operações globais EBANX. É possível acessar o material completo (em inglês) de maneira gratuita no site oficial do estudo.