Com quase três décadas de existência, o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) de São Paulo atende cerca de 35 mil chamadas todos os dias. As notificações vão desde pedidos de pronto-socorro até grandes ocorrências policiais. Em uma cidade com mais de 12,3 milhões de habitantes, há algum incidente acontecendo o tempo todo.
O aplicativo Civi nasce para fazer o caminho contrário do Copom: trazer parte relevante dessas informações, em especial de segurança, para a comunidade. A startup oferece alertas em tempo real para que os usuários evitem situações de risco e tomem decisões com mais propriedade em seu dia a dia. Por exemplo, evitar uma área onde ocorreu um acidente de trânsito ou uma enchente.
Atualmente, o aplicativo funciona apenas em São Paulo capital e tem um time de 23 colaboradores. A empresa anunciou recentemente uma rodada de R$ 10,2 milhões liderada pela Canary — com a participação de outros investidores como o fundo Norte Ventures e anjos como Guilherme Bonifácio (cofundador do iFood) e David Velez (cofundador do Nubank).
Senso de comunidade e segurança
A ideia saiu do papel em 2020, quando as empreendedoras Carla Vass (ex-Uber e Waymo) e Vanessa Muglia (cofundadora da startup BHub) perceberam que poderiam replicar o modelo do aplicativo Citzen no mercado brasileiro. Com a pandemia, a norte-americana Vass precisou voltar aos EUA e, então, as sócias convidaram Felipe Stanquevisch (ex-EasyCarros) para se juntar ao time.
Em entrevista ao LABS, o executivo responsável por liderar a expansão do aplicativo conta que o Civi quer ir além de ser apenas uma solução de segurança. Por esse motivo, a empresa prevê ampliar o rol de informações compartilhadas, incluindo informações culturais e de trânsito.
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“A gente não quer ser um aplicativo só de segurança. Nós temos um pouco desse foco, mas queremos trazer mais um senso de comunidade e acesso às informações da cidade. A gente quer aumentar a capacidade de entrega de informações relevantes”, explica Stanquevisch.
O Civi envia notificações a respeito de diferentes eventos, como assaltos, incêndios, manifestações e alagamentos, nas redondezas. O app utiliza geolocalização para que a pessoa saiba o que acontece no seu entorno enquanto se desloca pela cidade.
É possível ainda destacar diversas regiões para monitorar — como, por exemplo, o bairro em que moram os pais ou onde fica a escola dos filhos do usuário.
‘Checagem de eventos’ e parcerias com o poder público
A companhia usa diversas fontes para ajudar seus usuários, misturando informações que vêm de notícias, de fontes governamentais, apps de trânsito, redes sociais, grupos de WhatsApp e até mesmo dos próprios usuários.
Depois, o time do aplicativo verifica cada evento para garantir que as informações estão corretas e faz uma curadoria para que os usuários tenham acesso apenas ao que é mais importante para a comunidade.
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O executivo explica que a equipe responsável por receber essas informações e publicá-las no aplicativo tem sete profissionais, dentre eles, jornalistas. Esses profissionais se revezam de segunda a segunda, das 6h da manhã até a meia-noite para receber informações, verificar e publicar.
“Hoje, temos uma média de 5 minutos entre receber, verificar e publicar no aplicativo. A tecnologia ajuda bastante nas verificações, em especial, em eventos online. Em 90% dos eventos, sempre temos uma imagem para comprovar se a descrição condiz com o que estamos vendo. No caso de eventos sensíveis, partimos para a confirmação com órgãos competentes”, explica o CEO do Civi.
Diferente de uma rede social, onde cada um posta o que quer, a gente tem a responsabilidade de garantir que os eventos relatados são verdadeiros. O nosso serviço, o que nós oferecemos, são esses eventos.
Felipe Stanquevisch, CEO do CIVI
Em agosto, o Civi fechou sua primeira parceria com um órgão governamental — a Defesa Civil do Estado de São Paulo — para ter dados sempre atualizados. E esse é o principal desafio da companhia no momento. Ainda que a chegada do aplicativo em outras cidades seja um sonho, o Civi quer expandir as parcerias e ampliar a base de usuários em São Paulo.
Nas próximas atualizações, o app deve passar a checar e postar informações dos usuários na própria plataforma. O sucesso, segundo o executivo do Civi, é ampliar o senso de comunidade e compartilhamento entre os moradores de São Paulo. E, no meio do caminho, o app pode se tornar um companheiro fiel dos habitantes de uma das maiores cidades da América Latina.