Em um mundo de isolamento social em 2020, muita gente aproveitou o primeiro período de lockdown para desenvolver uma nova habilidade, seja por escapismo ou mesmo por busca de aprendizado como auto-aperfeiçoamento.
Perguntas relacionadas a como fazer pão no Google, por exemplo, mais que dobraram a partir de março até maio do ano passado em relação a 2019. Yoga, meditação, como cortar cabelo em casa e aprender uma nova língua foram alguns dos tópicos buscados. “O aprendizado remoto se tornou uma rotina até os céticos do ensino à distância perceberam que estudar on-line funciona sim. Assim, a pandemia acelerou significativamente o inevitável crescimento do e-learning e eu acredito que este impacto será duradouro”, disse Vivianne Ianagui, Head de Latam e Iberia na Babbel, em entrevista ao LABS.
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A Babbel, um aplicativo alemão de idioma e plataforma de e-learning baseado em assinatura, viu a busca por uma maneira mais fácil e acessível de aprender um novo idioma levar a um aumento do interesse em todos os seus mercados imediatamente após a introdução do lockdown e fechamento de escolas , entre março e maio de 2020. No início, a Babbel cresceu 30% no Brasil (país que corresponde a 50% das assinaturas da América Latina, o maior mercado da região) e 50% no mundo todo.
Em alguns mercados, como os EUA, esse crescimento chegou a 200%, segundo Ianagui. Além disso, os usuários se tornaram mais ativos: o número de aulas concluídas dobrou desde março de 2020.
Lançada em 2008, a Babbel oferece aulas em 14 idiomas. Do nível iniciante ao avançado, o aplicativo usa exercícios como questionários de múltipla escolha e perguntas para falar em voz alta. Os primeiros desafios são gratuitos, mas para se aprofundar, os usuários devem se inscrever. Os preços variam de R$ 39.90 por um mês a R$ 226.80 a cada 12 meses.
E pagar para aprender uma nova língua não tem sido problema para os usuários da Babbel. Recentemente, a empresa comemorou a marca de 10 milhões de assinaturas vendidas. “Como trata-se de um aplicativo pago, esse marco nos torna o aplicativo mais lucrativo do segmento”, lembra Ianagui. A empresa já atingiu uma receita reconhecida de US$ 130 milhões em 2018 via app-store bem como US$ 150 milhões diretos em receita em 2019. Embora a empresa não divulgue o número para 2020 ainda, a executiva afirma que esse número foi significativamente maior no ano passado.
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Em média, os alunos da Babbel permanecem com o aplicativo por mais de 18 meses, de acordo com dados da empresa. Muitos dos usuários retomam sua jornada linguística mais tarde, resultando em uma média de 1,5 assinaturas por usuário da Babbel.
São mais de 60.000 lições criadas manualmente por mais de 150 linguistas. A Babbel também analisa o comportamento dos usuários para moldar e ajustar a experiência de quem está estudando pelo app. “Assim, o produto está sob constante adaptação de seu conteúdo interativo e podcasts”, afirma.
Segundo ela, os esforços da empresa funcionam: estudos com pesquisadores da Universidade de Yale, da Universidade de Nova York e da Universidade Estadual de Michigan comprovaram que o app faz com que os estudantes falem com confiança e sejam capazes de se comunicar em menos tempo do que com métodos tradicionais.
A estratégia da Babbel para a América Latina
A Babbel está disponível em todos os países da América Latina, mas os esforços da empresa germânica se concentram no Brasil e México. “No momento estou focada em melhorar a acessibilidade do produto – que é originalmente alemão – para latinos. Formatos de pagamento mais adequados e otimização dos cursos para os que têm como língua materna o idioma português e o espanhol são alguns exemplos.”
A Babbel lançou recentemente 10 séries de podcast criadas por especialistas em seu aplicativo. O Babbel Podcasts, vencedor do IELA-Awards 2020, permite que os usuários continuem aprendendo mesmo enquanto se exercitam, cozinham ou se deslocam. No ano passado, esses podcasts premiados registraram mais de 2 milhões de downloads. Ianagui promete um podcast especial para brasileiros em 2021.
A era da transmissão ao vivo chega à plataforma da Babbel
Em fevereiro, a Babbel lançou o Babbel Live (um plano de aula em grupo online) em países de língua inglesa e alemã, apresentando aulas ao vivo, indo além de seu serviço básico de aprendizado no app. “Isso parte de uma variedade de novas experiências de aprendizado de idiomas, o que torna a empresa mais do que um aplicativo”, conta Ianagui. Na América Latina, o Babbel Live está previsto para o segundo semestre.
“Este último lançamento é uma abordagem ainda mais humana em nosso ensino por meio de professores certificados e carismáticos. Assim como os treinadores físicos têm estilos diferentes para motivar os alunos, os professores do Babbel Live têm personalidades poderosas”.
O serviço pode ser adquirido por conta própria, incluindo acesso total ao app. Outra opção é adicionar o a Babbel Live a uma assinatura já existente para o aplicativo de idiomas. As aulas com professores ao vivo estão diretamente relacionadas ao conteúdo dos cursos existentes no app, portanto, essas lições-pílulas podem ser usadas para se preparar ou revisar as sessões do Babbel Live, segundo Ianagui. Os estudantes podem selecionar suas aulas com base em seu nível, horário disponível e professor desejado.
“Temos um time dedicado a encontrar os melhores profissionais de idiomas do mercado. Eles precisam ser falantes nativos do idioma de ensino ou ter certificado para o nível C2. Professores com formação superior em determinada língua, além de ser nativo ou ter nível C2, têm preferência. Eles também precisam ter um estilo de ensino que preencha a lacuna virtual, mantendo os alunos engajados e motivados para aprender”, explica.