Glorify
Henry Costa e Ed Beccle, fundadores do Glorify. Foto: Divulgação
Negócios

Louvado seja: app cristão Glorify capta US$ 40 milhões com SoftBank

Recursos da Série B serão investidos em novas funcionalidades para os usuários; Brasil já é um dos maiores mercados do Glorify e prioridade nos planos de expansão

Read in english

Até mesmo a espiritualidade e a prática religiosa podem se beneficiar da tecnologia e da digitalização e – por que não? – gerar negócios promissores. É o caso do Glorify, aplicativo criado pelos britânicos Ed Beccle e Henry Costa para ajudar cristãos de todo o mundo a se conectarem com Deus, que acaba de receber US$ 40 milhões em uma rodada Série B liderada pelo SoftBank Latin America Fund. O aporte acontece apenas dois meses após a injeção de outros US$ 40 milhões na empresa, em rodada liderada pelo fundo a16z e acompanhado pelo SoftBank e K5 Global, além de investidores-celebridades, como Kris Jenner e Michael Bublé.

Fundado em 2020, o Glorify é um app por meio do qual cristãos de todo o mundo realizam meditações guiadas, orações e leituras de passagens bíblicas. Os conteúdos estão disponíveis em inglês, espanhol e português. No Brasil, onde o app chegou em janeiro do ano passado, o Glorify já ultrapassou a marca de 2,2 milhões de downloads e, segundo a empresa, os usuários do país passam mais de 204 milhões de minutos no app todos os dias, números que colocam o Brasil como um dos mercados mais relevantes para a empresa. 

LEIA TAMBÉM: Cloud9 Capital: novo fundo de venture capital do Brasil chega ao mercado de olho nas startups “bootstrap”

“A forma como as pessoas consomem nosso conteúdo no Brasil é diferente. Nós vemos um engajamento muito superior no Brasil do que em qualquer outra parte. Nós já temos um engajamento muito bom em outros países, mas a comunidade cristã brasileira está em outro nível e isso mostra o quanto é comprometida com sua fé”, disse Beccle.

O conteúdo disponível no Glorify passa por uma extensa curadoria de acordo com a audiência de cada país. A empresa conta com equipes localizadas que trabalham na seleção e produção de conteúdos religiosos conforme a preferência dos fiéis de cada país. O app também recorre a parcerias com igrejas e influenciadores locais para popularizar a ferramenta. Por aqui, entre os embaixadores do Glorify estão os irmãos Ana Paula Valadão e André Valadão, ambos cantores gospel e pastores.

LEIA TAMBÉM: LAVCA: número de mega-rodadas na América Latina em 2021 saltou de 1 para 12

O sucesso do Glorify pode ser atribuído à combinação certeira de product-market fit global e timing. A premissa do Glorify é simples: ser uma ferramenta para ajudar a democratizar o acesso de cristãos a conteúdos bíblicos, orações e devocionais, facilitar a rotina de adoração dos cristãos e promover o bem estar do usuário. “Sempre acreditamos que a oração tem o poder de ajudar as pessoas a combater a ansiedade, dormir melhor e dar suporte para seu bem-estar em geral, e nos últimos meses vimos essa tese se concretizar”, disse Costa.

O timing também não poderia ser melhor. O Glorify chegou ao mercado em 2020, primeiro ano de pandemia. Beccle explicou que o app não foi criado e lançado por causa da pandemia, mas que, sem dúvida, a crise sanitária global ajudou a impulsionar o alcance e o crescimento da ferramenta. “A pandemia fechou as igrejas e fez com que as pessoas passassem muito tempo a sós, o que tornou mais difícil a conexão com Deus. As pessoas desejavam algo que as ajudasse a se sentir conectadas e apoiadas e passaram a recorrer a soluções religiosas tecnológicas para encontrar esse acolhimento”, disse. 

LEIA TAMBÉM: Com foco em RH de PMEs, Sólides levanta US$ 100 milhões da Warburg Pincus

De fato, em uma pesquisa realizada pelo próprio Glorify com cristãos entre 19 e 65 anos dos Estados Unidos, Reino Unido e América Latina para entender melhor seu mercado e de que forma seus usuários interagem com o app, os entrevistados disseram que a tecnologia desempenhou um papel importante na prática religiosa no último ano – 35% das pessoas afirmaram que frequentavam a igreja de forma online e 53% dos entrevistados disseram que começaram a usar tecnologia, como aplicativos e ferramentas, para viabilizar seu tempo a sós com Deus.

Vemos com bastante otimismo a união da tecnologia com a religião. Religião tem a ver com fé e fé é como um músculo, algo que as pessoas precisam exercitar. Consistência e disciplina são importantes para exercitar esse músculo de fé dentro de uma religião. E o jeito definitivo de construir um hábito, para muitas pessoas ao redor do mundo, é por meio da tecnologia, por meio do seu telefone, algo que está sempre disponível e acessível para você. 

Ed Beccle, cofundador do Glorify

O Glorify vai investir a Série B principalmente no desenvolvimento de novos recursos para que os usuários possam gravar e compartilhar suas próprias orações com familiares e amigos, dando ao app um caráter de rede social. “A união das pessoas, a comunhão entre os fiéis é o coração da fé cristã. Por isso achamos importante que o app seja, em alguma medida, uma rede social”, explicou Beccle.

“O Glorify tem o potencial de ser absolutamente enorme. Temos uma forte convicção sobre o produto e sobre o que ainda está por vir”, disse Paulo Passoni, sócio-gerente do SoftBank Latin America Fund.

Keywords