A pandemia do coronavírus impulsionou as entregas de aplicativos de entrega nos países da América Latina, à medida que as escolas suspenderam as atividades e mais pessoas passaram a trabalhar remotamente na segunda metade de março.
Simultaneamente ao aumento de demanda, as empresas que operam essas plataformas passaram a adotar diversas ações de combate ao surto, proteção de entregadores e clientes, além de medidas pontuais para garantir espaço num mercado de alta concorrência.
O LABS entrou em contato com as maiores empresas para saber mais sobre essas medidas e como elas têm percebido o aumento na demanda:
iFood

A brasileira iFood criou um fundo solidário para os entregadores no valor de R$ 1 milhão para dar suporte àqueles que necessitem permanecer em quarentena, por suspeita de Covid-19. O entregador receberá do fundo solidário um valor baseado na média dos seus repasses nos últimos 30 dias, proporcional aos dias de quarentena.
O iFood dedicou-se ainda a buscar soluções que amenizem os impactos econômicos para os restaurantes cadastrados em sua plataforma, com ações que valem a partir do dia 2 de abril.
O iFood irá destinar R$50 milhões de sua receita na forma de um fundo de assistência a restaurantes, com foco especial nos pequenos estabelecimentos. A empresa irá antecipar os recebimentos dos restaurantes, sem custo adicional, para melhorar fluxo de caixa desses estabelecimentos. Dessa forma, todo restaurante que optar por fazer parte dessa iniciativa, receberá seu pagamento em 7 dias após a venda nos meses de abril e maio. Com isso, a expectativa é injetar até R$600 milhões no mercado brasileiro.
Os clientes agora podem optar por receber uma “Entrega sem Contato”. A opção também é comunicada aos restaurantes.
A empresa diz que ainda acha prematuro dimensionar o impacto do Covid-19 no mercado de food delivery brasileiro. De acordo com o comunicado, “o iFood possui flexibilidade para ajustar rapidamente suas operações de acordo com as necessidades do mercado, e está em constante contato com as autoridades, sobre este tema.”
Uber Eats
O Uber Eats está oferecendo aos usuários isenção na taxa de entrega para pedidos feitos a pequenos e médios restaurantes parceiros da América Latina. Em alguns mercados, o Uber Eats possibilita que o comércio receba pagamentos diários, para garantir uma receita contínua especialmente a micro e pequenas empresas. A Uber espera que as medidas beneficiem mais de 30.000 restaurantes em toda a América Latina.
A empresa também anunciou que dará assistência médica e financeira, além de descontos em consultas e exames para entregadores da plataforma no Brasil.
“Queremos apoiar os milhares de restaurantes parceiros, particularmente pequenas e médias empresas independentes; os usuários que confiam na nossa plataforma para receber alimentos com segurança; e entregadores parceiros que contam com o aplicativo Uber Eats para gerar renda”, disse Eduardo Donnelly, diretor geral regional do Uber Eats na América Latina.
O Uber Eats também iniciou campanha para conscientizar usuários sobre a entrega “sem contato”, oferecendo essa opção diretamente no app.
A Uber não fornece números sobre o aumento na demanda em seu app de entregas na América Latina, mas o CEO da empresa, Dara Khosrowshahi, disse em recente conference call com investidores que a plataforma está experimentando crescimento significativo na região, um movimento que é importante por compensar o “impacto moderado” na divisão de caronas compartilhadas, principal negócio da companhia.
Rappi

Desde que as conversas sobre o coronavírus se iniciaram, a Rappi percebeu “um aumento significativo no número de pedidos”. De acordo com fontes do mercado, o aplicativo de entrega que opera em oito países da América Latina, viu suas vendas subirem 40% nas duas primeiras semanas de março. Janeiro e fevereiro já haviam visto crescimento de 30% sobre o ano passado, de acordo com informações que a empresa passou à Reuters.
As categorias que registraram maior aumento foram farmácias, restaurantes e supermercados, de acordo com a empresa. “Acreditamos ser uma resposta dos usuários preocupados com o tema e medidas de quarentena sendo tomadas em diferentes cidades”, diz em comunicado enviado ao LABS.
Assim com as concorrentes, a Rappi também adotou a entrega sem contato físico – opção inserida no aplicativo, a critério do cliente.
A plataforma também anunciou que entregará comida de graça para 500 mil profissionais de saúde na Colômbia. O objetivo é reconhecer e apoiar o esforço desses profissionais que estão na linha de frente do combate ao coronavírus. A única condição para receber essas entregas é estar na área de abrangência da Rappi, segundo o CEO da empresa, Simon Borrero.
James

O aplicativo de delivery James, do Grupo Pão de Açúcar, começou a realizar entregas gratuitas para aqueles que fazem parte do grupo de risco, como idosos, profissionais da saúde e outros grupos de risco.
Seu programa de assinaturas Prime não terá taxa ou mensalidade por tempo indeterminado para esse público. O benefício vale para as compras a partir de R$ 50 nas redes Extra e no Pão de Açúcar e a partir de R$ 25 em restaurantes parceiros selecionados. Não há limite de quantidade de compras por mês.