O conglomerado do Banco Original, pertencente à holding J&F e que reúne as operações do Banco Original S.A. propriamente dito e também o braço da empresa voltado ao agronegócio, registrou lucro líquido de R$ 3,602 milhões nos primeiros seis meses deste ano – um crescimento de 67,3% em comparação ao mesmo período do ano passado. Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira (29) e se devem, segundo o banco, a uma lógica open banking que o Original adota desde o seu início e também de uma diversificação recente de público-alvo.
Pelo conceito do open banking, os dados financeiros pertencem ao cliente, que pode escolher compartilhá-los com qualquer instituição financeira, para que ela ofereça a ele serviços mais baratos e melhores. Bancos tradicionais, digitais e fintechs poderão oferecer toda uma gama de produtos e serviços não só aos seus próprios clientes, mas aos clientes das outras instituições, de pagamentos instantâneos a crédito pessoal mais barato devido a uma avaliação de perfil mais profunda e ágil.
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O Original já nasceu com esse conceito como um de seus principais pilares culturais, tendo um API (Interface de Programação de Aplicativos) aberto a desenvolvedores desde a sua fundação. O que mudou bastante de lá para cá foi seu público-alvo.
Há três anos, o Original era voltado para pessoas com renda de mais de R$ 7 mil. Em julho do ano passado, quando uma nova resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) saiu, permitindo que trabalhadores pudessem receber salários em fintechs, tudo mudou. O Original passou a aceitar clientes com qualquer renda.
Desde maio deste ano, o Original começou também a trabalhar a ideia da Conta Única, com foco em clientes pessoa física que também eram empreendedores e quisessem unir os dois orçamentos em uma única conta digital. A proposta tem um quê de educação financeira.
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“Com a solução, os empreendedores passam a ter uma só tarifa. Neste momento, o Original está ofertando gratuitamente a conta PJ e o uso ilimitado da conta PF sem nenhuma tarifa, único atendimento e gestão separada das contas”, explicou o diretor de Tecnologia, Inovação e Operações do Original, Raul Moreira, ao LABS.

Com a ajuda dessa nova estratégia, o Original fechou o primeiro semestre com 1,6 milhão de clientes, um crescimento de 258% em 12 meses. A meta para 2019 é superar os 3 milhões, segundo Moreira. Ele também confirmou ao LABS que o objetivo maior do banco digital é alcançar 10 milhões de clientes, entre pessoas físicas e jurídicas em três anos.
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A carteira de crédito oriunda dos clientes pessoa física teve alta de 62,1%, atingindo R$ 539,776 milhões ao final do primeiro semestre de 2019, também refletindo a expansão da base de clientes. Contando com outras operações, como o do crédito para o agronegócio, o conglomerado como um todo registrou expansão de 26,4% na carteira de crédito em um ano, chegando a R$ 6,585 bilhões.
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Para o ano que vem, o Original quer passar a atender uma gama ainda maior de empresas. Vai oferecer contas digitais para aquelas com mais de um sócio, e fará isso gradualmente, por faixas de faturamento, começando por aquelas que estão na faixa entre R$ 2 milhões e R$ 20 milhões.
Diferentemente de outros bancos digitais brasileiros, como o Nubank, que começaram focados em poucos serviços, o Original já nasceu completo em 2016, oferecendo conta corrente, cartão de crédito, linhas de crédito pessoal, seguros, previdência e produtos de investimento diversificados. São estratégias diferentes para a conquista de objetivos similares.
Quem sairá vencedor? Só saberemos depois de alguns anos, com a consolidação de um novo setor bancário no país já impactado por novidades como o open banking e os pagamentos instantâneos, hoje ainda em regulamentação pelo Banco Central.