Negócios

Beep quer se tornar o app de saúde preferido dos brasileiros

Fundador e CEO Vander Corteze diz preferir fidelizar usuários antes de expandir para mercado internacional

Read in english

A pandemia permitiu a ascensão de diversos serviços que têm como diferencial a oferta em domicílio. Empresas de vários setores foram de pequenos negócios ao topo de seus mercados justamente por terem como carro-chefe um produto cujas características coincidiam com as novas demandas da sociedade. 

Nesse cenário, startups de saúde focadas em atendimento a domicílio tiveram um enorme crescimento – passaram de 542 em 2020 para 945 até setembro do ano passado, segundo dados do Distrito –, não só pela aplicação de vacinas, mas também pela necessidade de testagem e exames, principalmente para identificar e tratar condições respiratórias que podem estar diretamente ligadas à COVID-19.

A Beep Saúde, startup brasileira que oferece atendimento médico dentro de sua casa, tem se destacado justamente por unir a conveniência de um atendimento em casa às novas necessidades da sociedade afetada pelos efeitos da pandemia. Entrevistamos seu fundador e CEO, Vander Corteze, para melhor entender onde está a Beep no atual mercado e até onde a startup pode chegar.

CEO e fundador da Beep Saúde, Vander Corteze. Foto: Divulgação/Beep Saúde

Embora a pandemia tenha impulsionado o alcance da Beep e o reconhecimento da marca, Corteze pontuou que o crescimento da startup manteve o mesmo ritmo que tinha desde 2017. “A empresa já existe desde 2016. “No primeiro ano, estávamos procurando nosso espaço no mercado. No segundo semestre de 2017, começamos a fazer o que fazemos hoje, como vacinas e exames em domicílio. E ainda queremos expandir para outros serviços”, comentou o CEO.

Veio a pandemia, mas ela não teve um impacto direto tão grande. O crescimento da Beep manteve seu ritmo, com a empresa mais do que dobrando anualmente, mesmo durante o período. Porém, é inegável que houve mudanças. A busca orgânica pelo tipo de serviço que oferecemos cresceu muito. O impacto, então, veio mais em indicadores como aquisição de clientes, conhecimento da marca, do que em um crescimento do negócio como um todo.

Vander Corteze, fundador e CEO da Beep

Segundo Corteze, a Beep cresceu bastante durante a pandemia (números não foram revelados) e, hoje, possui dez hubs espalhados pelo Brasil, e consegue atender 150 cidades menores a partir deles. A startup não abre números como base de usuários cadastrados na plataforma, regiões em que há maior adesão ao app ou quais serviços são mais requisitados. 

LEIA TAMBÉM: Theia levanta R$ 30 milhões para ampliar alcance dos seus serviços de atendimento à mulher

Além da possibilidade de oferecer um serviço de saúde simplificado, a Beep também tem um número de clientes potenciais bem maior por sua operação ser mais simples em relação a hospitais e planos de saúde. Todo o funcionamento da Beep exige apenas que os seus postos de saúde estejam em funcionamento e abastecidos para que os trabalhadores da saúde possam usar os recursos disponíveis para atender os pacientes.

O modelo da empresa segue um conceito similar ao de cozinhas colaborativas, como o WeCook. Há um centro de distribuição de onde os produtos são armazenados partem para os serviços serem aplicados na casa do cliente. “Trabalhamos com o conceito de uma clínica ou laboratório que não recebe clientes, mas é a base para que comecemos nosso atendimento domiciliar”, diz o fundador. 

Por esse sistema, a Beep não vê necessidade de instalar hubs em cidades pequenas e médias, podendo aproveitar seus centros de distribuição a partir de grandes centros para atender às regiões periféricas.

LEIA TAMBÉM: Gympass faz sua quinta aquisição: a startup de saúde mental Vitalk

“Hoje, nós conseguimos pegar uma pequena cidade e oferecer nosso serviço duas vezes por semana, que atende perfeitamente a demanda da região. Estamos contentes com nossa atuação atual pois outros serviços não conseguiriam atender esse público ou o fazem por preços elevados devido à baixa demanda dessas pequenas cidades”, diz Corteze. 

Quando se fala de saúde, a iniciativa estatal acaba sempre entrando em pauta por haver um sistema de saúde público muito forte no mercado brasileiro. Sobre isso, porém, a Beep não deve buscar parcerias público-privado. Corteze reafirmou a intenção da Beep de se manter independente de parceiros, descartando até mesmo ligação com planos de saúde privados.

Acho importante ressaltar que somos agnósticos. Não estamos filiados a nenhum plano de saúde. Hoje, se você perguntar às pessoas o que elas têm no celular relacionado à saúde, a resposta geralmente será nada ou o app do seu plano de saúde. Por sermos independentes dos planos de saúde, conseguimos nos manter neutros nisso e, caso um cliente, por exemplo, troque de plano, seja por necessidade ou vontade, não terá problemas em continuar utilizando o serviço da Beep.

Vander Corteze, fundador e CEO da Beep

Se essas parcerias não fazem parte dos planos da Beep, investimentos são, mais do que um plano, uma necessidade para expansão e aprimoramento das operações. Ano passado, a startup já levantou R$ 110 milhões em aporte liderado pelo Valor Capital Group. Perguntado sobre a possibilidade de incrementar o catálogo de serviços com uma eventual rodada de investimentos, Corteze comentou:  “Isso está 100% certo. O objetivo da Beep, desde a largada, nunca foi ser a maior empresa de vacina. Mas já somos, e agora queremos ser o maior laboratório. Mas nós também queremos lançar novos negócios. Nosso objetivo é ser uma porta de acesso à saúde para o brasileiro. Queremos que quando alguém pense em serviço de saúde, a pessoa pense na Beep e encontre vacinas, exames, saúde oftalmológica, entrega de medicamentos, dados de enfermagem, fisioterapia, marcação de exames de imagem… Enfim, tudo relacionado à saúde”.

LEIA TAMBÉM: Startup Nilo Saúde anuncia rodada Série A de R$ 55 milhões

Com o foco na fidelização dos clientes e expansão da base de usuários, a Beep não tem planos de expandir seus negócios para além do território brasileiro tão logo. “A não internacionalização não está escrita em pedra, mas nossa impressão, hoje, é que queremos focar em oferecer outros serviços para a base de clientes existente. Eles já possuem uma relação muito próxima com a Beep, então nos parece fazer mais sentido trabalhar nossos serviços e produtos com esses clientes antes de expandir. Prefiro oferecer diversos serviços para uma mesma família do que buscar novas famílias em outros países”, disse Corteze. 

Keywords