BossaBox
Foto: BossaBox/Divulgação
Negócios

“O futuro do trabalho é flexível, e os profissionais trabalharão quando, como e de onde quiserem”, diz André Abreu, CEO da BossaBox

Startup fundada em 2017 cresceu 96% em 2021 oferecendo equipes de tecnologia como serviço

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Na era do LinkedIn, em que uma empresa e um profissional qualificado possuem um espaço virtual de encontro muito bem definido, a startup BossaBox quer levar essa aproximação entre as partes a um novo patamar. A startup brasileira focada no mercado digital criou uma plataforma para conectar empresas e profissionais de tecnologia de maneira mais direta. A BossaBox promete mão de obra qualificada por baixo custo, acompanhando todo o processo de negociação e contratação do começo ao fim.

O negócio surgiu em 2017 e já atendeu empresas como Ipiranga, Hering e Omo. André Abreu, CEO e fundador da startup, conta que a ideia da BossaBox nasceu de uma dor de mercado muito específica: há uma enorme oferta de mão de obra de tecnologia, mas pouca qualificação. “O mercado é muito grande e, também, muito ineficiente. Em 2019, 72% dos produtos digitais fracassaram, segundo levantamento da Harvard Business Review. Há muita demanda por tecnologia, mas o mercado ainda é ineficiente. Ainda não foi encontrada a forma ideal de se desenvolver um projeto após mapear o negócio. Nós resolvemos um problema de mercado muito grande, que fere as empresas, com uma oferta de valor que faz sentido”, disse Abreu em entrevista ao LABS.

André Abreu, CEO e fundador da BossaBox. Foto: Divulgação


Com essa proposta, a BossaBox conecta empresas com demandas travadas, que não conseguem avançar seus projetos por diversos motivos, com a mão de obra ideal para atender essas necessidades. Segundo Abreu, quando o mercado tech parece escasso, a startup apresenta equipes com profissionais freelancers que trabalham com modelos sob demanda. Hoje, já há mais de 25 mil profissionais cadastrados na plataforma, de desenvolvedores à designers de produtos.

A conexão ocorre dentro da nossa plataforma, que digitalizou todo esse processo de contratação. Toda a jornada de alocação, consumo, compra, aplicação e por aí vai, está dentro da BossaBox. Assim, há o matchmaking, que é a primeira etapa do nosso processo: conectar a pessoa certa com a empresa certa. Mas nós vamos além disso, gerenciando o processo, todo o andamento do projeto, as demandas e entregas. Tudo acontece supervisionado pela nossa plataforma com a metodologia que propomos.

André Abreu, fundador e CEO da BossaBox

A BossaBox nasceu inspirada no modus operandi do Vale do Silício. Abreu conta que observou como grandes empresas trabalham no principal polo tecnológico do mundo e reproduziu o aprendizado para atender as empresas parceiras. “Hoje, nós trabalhamos com o modelo “squad as a service” (ou time como serviço). Não é por projeto nem por entrega, é pelo time que alocamos para o cliente. Propomos contratos trimestrais ou anuais com as empresas, com possibilidade de renovação automática, e os profissionais são remunerados por sequência de trabalho, com pagamento a cada 15 dias. Nós transferimos parte da receita recebida da empresa para esses profissionais”, explicou Abreu.

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Abreu não revela os custos operacionais da BossaBox, mas garante que a startup otimiza os processos de contratação e alocação de mão de obra para minimizar os gastos dos clientes. “Nós temos uma consultoria de custos enxuta, porque não temos custos internos muito altos. Com isso, conseguimos operar numa faixa de preço abaixo dos outros players do mercado, e mantendo alta qualidade na entrega”, disse.

Até aqui, a proposta parece estar dando certo. Segundo a startup, entre 2017 e 2020, o faturamento saltou de R$ 50 mil para R$ 8,5 milhões; em 2021, o crescimento foi de 96%, e a base de clientes aumentou 67%. Recentemente, a empresa recebeu um aporte da Astella Investimentos de US$ 1,5 milhão em rodada bridge – ou seja, uma extensão de um investimento anterior feito em 2020, de R$ 8 milhões. Ambos os aportes tiveram participação da Redpoint Eventures

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Com a chegada dos fundos, a empresa deve investir em profissionais para aprimorar as operações internas, passando dos atuais 40 colaboradores para 80 até o fim do ano. Há, ainda, planos de internacionalizar a operação, com foco nos Estados Unidos. “O mercado americano é muito grande, com bons concorrentes, então vai ser uma competição muito boa. O mercado digital deles é mais maduro que o nosso. Há uma demanda maior por tecnologia, mas também há uma pré-disposição maior de aceitar novidades. A competição será acirrada, mas encontraremos mais oportunidades”, disse Abreu.

O empreendedor acrescentou que a aproximação entre empresas e freelancers é uma característica essencial para o futuro do trabalho, já que o CEO vê uma tendência de não haver mais contratos longos no ramo tecnológico, com os profissionais trabalhando sob contratos curtos, específicos para um projeto ou outro. 

Acreditamos que o futuro do trabalho é muito flexível. Os profissionais trabalharão quando, como e onde quiserem, sem necessidade de ficar em uma única empresa. Partimos do princípio de que se você for capacitado, sempre haverá espaço no mercado de tecnologia. Queremos que esse futuro venha o quanto antes para o Brasil sem que a BossaBox precise intermediar todas as negociações. Esse é um movimento de produto imaginado por nós desde o princípio.

André Abreu, fundador e CEO da BossaBox