Novembro se tornou o mês mais ativo do e-commerce brasileiro e em 2020 ele serviu para comprovar tendências mundiais instaladas no país, especialmente depois de um crescimento exponencial do setor devido à pandemia de COVID-19. Em 2019, os gigantes do varejo Americanas.com, da B2W, e Magalu, extrapolaram as promoções e criaram shows ao vivo para conseguir atrair atenção da população. Este ano, com mais estrutura e ofertas direcionadas, ambas empresas mostram um amadurecimento dessa fórmula de sucesso que mistura entretenimento, comércio e tecnologia em grandes lives transmitidas na TV e na internet – e que já acontece, há anos, no território chinês. Tudo isso na Black Friday que promete ser a maior de todos os tempos.
Ainda que os modelos sejam distintos, já que na China a quantidade de influenciadores com poder de venda é maior e a cultura de consumo do público é mais presente no dia a dia do conteúdo online, as semelhanças são evidentes e traçam o caminho para o futuro do e-commerce na América Latina.
A começar pelo formato que foi repetido este ano, onde os maiores influenciadores e celebridades do país se unem nas transmissões para fazer um grande gameshow e ao mesmo tempo anunciar grandes promoções que contam com a interação do público para acontecer. Somente a live das Americanas, site do grupo B2W, reuniu quase oito milhões de views somente no canal de Felipe Neto, segundo maior YouTuber do mundo e protagonista da apresentação da empresa.
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Do lado da Magalu, a aposta extrapolou novamente o ambiente online e foi para a TV tradicional, com uma transmissão no Multishow, canal de entretenimento da rede Globosat, onde nomes como Luciano Huck e Anitta estiveram presentes. A estética aqui foi muito mais voltada para o público acostumado a programas de televisão (não à toa o canal da Magalu no YouTube não ultrapassou as 500 mil visualizações para a exibição) com shows de nomes importantes da música local e algumas tentativas de conexão online com influenciadores e até com o público – tudo direcionando para o superapp do Magalu, que permitia acompanhar as ofertas e abraçava a experiência completa da “Black das Blacks”, nome dado à campanha.
Outros grandes serviços também entraram na onda da Black Friday e anunciaram shows de proporções menores, mas com promoções dignas da data – o iFood ofereceu mais de 20 mil refeições a R$ 0,99 e também abraçou a ideia de desafios e lives durante a semana. Com a adesão cada vez maior da população a serviços online e experiências unificadas, seja no app ou na web, é provável que em 2021 vejamos todas essas ações via apps majoritariamente.
Além da óbvia necessidade de adaptação à aparelhos mobile, o futuro do ecommerce no Brasil parece estar no caminho de uma união cada vez mais intrínseca entre vendas, entretenimento e tecnologia. A mobilidade interativa aliada a uma experiência de compras incentivada por rostos conhecidos é o futuro que o novembro de 2020 nos mostra, e ele pode vir antes mesmo da próxima Black Friday.