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Brasil volta à lista de apostas globais do Credit Suisse

Previsão de aumento do PIB para o próximo ano, preço dos ativos e um governo calcado em reformas anunciadas são pontos favoráveis para o Brasil. Entenda como tudo isso se converte em possibilidades para o mercado!

A notícia é do final do mês de novembro: o banco suíço de investimento Credit Suisse, sediado em Zurique, afirmou que o otimismo com os investimentos no Brasil é o maior dos últimos cinco anos. Na prática, isso significa que, após anos de ausência, o país retorna à lista de apostas da instituição.

Em um relatório global sobre as perspectivas de investimentos para o próximo ano, publicado pelo banco na última semana de novembro, o Credit Suisse cita a moeda brasileira como uma das mais atraentes para se investir, ao mesmo tempo em que aventa a possibilidade de o dólar não seguir com tanta força como em 2018.

Se globalmente acredita-se que haverá certa moderação, a aceleração do Brasil, conforme avalia o banco, é considerada uma rara exceção. Um dos motivos para tal otimismo diz respeito ao fato de sermos um dos poucos mercados cujo Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer mais no próximo ano em comparação a 2018. Isso não significa para o banco suíço, contudo, que o cenário econômico brasileiro deva surgir com força em 2019 – uma ponderação importante.

Outro fator que conta para o Brasil e outros países emergentes, de modo geral, é o preço de seus ativos. Falando especificamente sobre a Bolsa de Valores – um exemplo citado por Sylvio Castro, chefe de investimentos do banco no Brasil –, as ações se encontram em um patamar considerado baixo quando comparadas aos papéis negociados nos Estados Unidos – algo visto como positivo pelo Credit Suisse. O relatório emitido pelo banco também considera eventuais fragilidades dos países emergentes, o que o documento classifica como “bastante limitadas”, ainda que países como Argentina, Turquia e África do Sul sejam dependentes de poupança externa, o que pode caracterizar um sinal de alerta. Para o Brasil, enquanto isso, os desequilíbrios externos são vistos como “menos sérios”.

O que isso significa para nós

Tanto otimismo deve ser encarado com igual expectativa pelo brasileiro, uma vez que, acredita-se que esse cenário deve fazer com que investidores estrangeiros ampliem seus aportes por aqui em 2019, influenciando o mercado nacional a ponto de criar mais oportunidades para empresas brasileiras e, consequentemente, favorecer o mercado de expansão.

Além de todos os motivos citados, o avanço em uma possível reforma da Previdência também dá força para o momento. Isso porque o banco se identifica com as figuras que compõem o novo governo, por acreditarem no poder das reformas.

Na ordem, Castro acredita que os próximos a engrossarem os aportes no mercado financeiro brasileiro sejam os próprios investidores institucionais locais para, depois, os investidores estrangeiros. Espera-se que eles aguardem ao menos até março, quando deve se encaminhar a discussão da reforma no Congresso.

Esse teor de desconfiança deve ser encarado como normal pelo brasileiro, especialmente após a decepção do investidor estrangeiro em relação a países como a Argentina, por exemplo, cujo atual presidente, Mauricio Macri, foi eleito com uma agenda reformista, mas não entregou o que havia prometido.

“A sinalização otimista de um dos maiores players globais com relação ao Brasil deve ser muito bem recebida. Nosso país vem de um longo e árduo período de crise financeira, econômica e política. Empresários nacionais já vêm sinalizando crescente confiança na capacidade do país em voltar a gerar riqueza e crescimento pelos próximos anos, sentimento também observado em investidores pessoa física”, afirma Renan Hamilko Barbosa, sócio do escritório de investimentos e assessoria financeira Allez Invest.

Tudo isso fica demonstrado, segundo ele, com a valorização para níveis inéditos do principal índice de ações do Brasil, o Ibovespa. “O fluxo positivo de capitais responsável por esse crescimento tem pequena participação de investidores institucionais nacionais, e ainda menor participação por parte de investidores internacionais. Ao final de setembro de 2018, apenas 0,37% do capital de fundos globais encontrava-se alocado no Brasil, contra 1,4% em outubro de 2014. A sinalização de novos aportes realizados por uma instituição com o peso do Credit Suisse é um indicativo de que o mundo volta a ver o Brasil com bons olhos ou, ao menos, com potencial para tanto”, coloca.

Longo prazo

Para Renan, há expectativa de fluxo internacional relevante para os próximos anos, e essa notícia mostra que o caminho deve ser realmente esse. “Agora, resta aguardar o plano a ser anunciado pelo nosso novo ministro da Fazenda, e torcer pela capacidade do presidente eleito e sua equipe de levar adiante a reforma da Previdência, que é, certamente, o principal gatilho para essa melhora prevista para os próximos anos no Brasil”, finaliza.

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