Ilustração: Felipe Mayerle
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Com 11 mega rodadas, startups brasileiras receberam US$ 5,2 bilhões em 2021

Junho foi o mês com o maior volume da história do capital de risco no Brasil, segundo dados do Distrito e Sling Hub

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As startups brasileiras receberam US$ 5,2 bilhões em investimentos no primeiro semestre de 2021, superando em 45% o total investido em todo o ano passado, de US$ 3,5 bilhões, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (7) pela plataforma de inovação Distrito

Cerca de 35% mais movimentado do que o primeiro semestre do ano passado em número de aportes, no período de janeiro a junho de 2021 foram realizados 339 investimentos. Só em junho, foram investidos mais de US$ 2 bilhões em 63 rodadas de investimento. 

Segundo o Distrito, fintech foi o setor mais aquecido do semestre (com um volume captado de US$ 2,4 bilhões em 72 rodadas). Entre as rodadas acima dos US$ 100 milhões, destacam-se as do Nubank, EBANX e Mercado Bitcoin, todas em junho.

Logo em seguida veio o setor de real estate, que recebeu US$ 829,4 milhões em 11 rodadas. Em terceiro lugar, as startups com foco no varejo, que receberam US$ 416,2 milhões em 36 rodadas, e as HRtechs (de recursos humanos), com US$ 231,8 milhões arrecadados em 12 aportes. Completando o ranking dos cinco setores que abocanharam a maior parte dos investimentos estão as startups de cadeia de suprimentos, que receberam US$ 223,9 milhões em 12 rodadas.

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Junho foi o mês de ouro

Junho concentrou a maior parte dos investimentos feitos no primeiro semestre. As fintechs mantiveram a liderança, com US $1,5 bilhões captados em 15 investimentos. Depois, as “HRtechs” foram as que mais receberam dinheiro no mês: em apenas três rodadas, foram captados US$ 220,6 milhões, com destaque para a Série E da Gympass

Destaque também para o setor de mobilidade, com a rodada levantada pela Buser, de US$ 138,9 milhões,. Em seguinda vêm as healthtechs, com US$ 61,5 milhões em três investimentos, um deles na Memed. Mais distante está o setor de regtech, as startups de regulação e compliance, como a idwall, que recebeu US$ 38 milhões

Três das cinco principais rodadas do mês passado (Gympass, Mercado Bitcoin e Buser) tiveram a participação do SoftBank, o que mostra o crescimento da participação do SoftBank Latin America Fund no país.

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Novos unicórnios brasileiros 

Entre os novos unicórnios brasileiros do semestre estão Madeira Madeira, o primeiro do ano, Hotmart, que agora se prepara para o IPO, e o Mercado Bitcoin, avaliado em US$ 2,1 bilhões, sendo o primeiro unicónio cripto do Brasil e o oitavo unicórnio mais valioso da América Latina. 

“Se tivermos mais um unicórnio este ano, já igualamos o número de unicórnios criados em 2019, o maior até hoje”, lembrou o líder de mineração de dados do Distrito, Tiago Ávila.

O Distrito também contabilizou o C6 Bank como unicórnio neste semestre. Em dezembro do ano passado, o C6 anunciou um investimento de R$ 1,3 bilhão em uma avaliação de R$11,3 bilhões. Mas, segundo o Distrito, esse valuation era apenas um indicativo, ou seja, um valor de referência para marcar o preço que o C6 esperava alcançar com seu IPO. Em junho, a JP Morgan Chase comprou uma participação de 40% no banco digital. Com essa aquisição, o valor de mercado de “unicórnio” foi estabelecido de fato. 

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Além do C6 Bank, outras fusões e aquisições chamaram a atenção em junho (que teve 26 movimentações), como a aquisição da Elo7 pela americana Etsy, a Monetus e Mobills pela Toro Investimentos, do Banco Santander, e a fintech Weel, que foi comprada pelo banco digital BS2

Em todo o ano de 2021 já foram realizadas 113 fusões e aquisições, 62 movimentações a mais do que em 2020. “Não é difícil ultrapassarmos 250 fusões e aquisições em 2021”, disse Gustavo Gierun, sócio do Distrito. “O mercado está crescendo de maneira intensa e há capital disponível”. 

Com a pandemia, grandes empresas aceleraram a digitalização, e viram um atalho nas aquisições de startups nativas digitais. As próprias startups, que, antes se encontravam na posição de venda, agora estão altamente capitalizadas e comprando outras startups menores.

No primeiro semestre, mais da metade das fusões e aquisições aconteceram entre startups ou por startups. “As fusões e aquisições resolvem parte da escassez de mão de obra disponível para empresas de tecnologia”, lembrou Gierun.

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Diferença de valores 

A plataforma Sling Hub divulgou recentemente que quase US$ 4 bilhões foram investidos nas empresas brasileiras em junho, com 80 aportes, um valor diferente do divulgado pelo Distrito. A diferença, segundo o Distrito explicou em coletiva, está na contabilização da aquisição de 40% do C6 pelo JP Morgan por US$ 2 bilhões. Pela metodologia adotada pelo Distrito, a transação foi considerada como um M&A e não um investimento.

Ainda assim, tanto o Distrito quando a Sling Hub dizem que junho foi o mês com o maior volume de capital na história do mercado brasileiro. “Temos um mercado superaquecido, com recorde de mega rodadas. Foram 11 rodadas acima de US$ 100 milhões, o que impulsiona o valor total investido nessas startups”, disse Ávila.

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