“Serve the unserved”. É com esse lema que a brasileira Mottu vem conquistando espaço em um mercado em expansão, o de delivery. A Mottu é uma startup de mobilidade e aluguel de motos cujo público alvo são os trabalhadores da chamada gig economy, os autônomos, especialmente os entregadores.
Por meio de sua plataforma, a Mottu aluga motocicletas a valores reduzidos sem exigência de comprovação de renda ou histórico de crédito, até mesmo desbancarizados conseguem alugar uma motocicleta.
“É um ciclo, porque se o trabalhador não tem emprego e renda, ele não consegue comprar uma moto para trabalhar. O que a gente faz é comprar o ativo para destravar esse gargalo. E fazendo isso, a gente ajuda as pessoas a conseguir renda. Elas alugam uma moto e saem trabalhando. Esse é o maior orgulho da Mottu”, explica Rubens Zanelatto, fundador e CEO da Mottu.

Todo o processo de contratação das motos é feito on-line, no app próprio da startup. Por um valor médio de R$ 35 por dia, o motorista aluga a moto e tem direito a manutenção preventiva, serviço de resgate, moto reserva e seguro contra acidente.
Uma vez dentro da plataforma da Mottu, os motociclistas são conectados a marketplaces e outros aplicativos de delivery e varejo, como Rappi e iFood. Além da moto, o parceiro (ou Mottuboy) também tem acesso ao BoraBora Delivery, um app de entregas exclusivo desenvolvido pela Mottu que tem entre seus clientes o Mercado Livre e o Box Delivery.
A média de entregas diárias realizadas com as motos da Mottu oscila entre 15 e 20 mil. A startup se remunera apenas pelo aluguel das motocicletas, o dinheiro gerado pelas entregas fica com os motoristas.
Com esse modelo de negócios, em pouco mais de um ano de existência a Mottu já tem uma frota de mais de 1.300 motos na rua e mais de 3 mil motoristas parceiros. Além disso, já conquistou três aportes com participação de grandes investidores como Caravela Capital, Allievo Capital e Tiger Global, além de investidores ligados a gigantes como 99, Yellow e Nubank.
O potencial da “gig economy”
Lançada em janeiro de 2020, a Mottu entrou em operação pouco antes da pandemia de COVID-19 alterar bruscamente as formas de consumo e alavancar todo tipo de serviço de entrega, principalmente de alimentação, supermercado e itens de varejo.
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Nesse contexto, o modelo de negócios da Mottu se destaca ao atender duas demandas de uma única vez. De um lado, empresas de e-commerce e food-delivery que têm demanda comprovada por serviços de entrega e logística – segundo dados do relatório Webshoppers 43 Ebit|Nielsen & Bexs Banco, as vendas no e-commerce brasileiro cresceram 41% em 2020 e movimentaram R$ 87,4 bilhões.
Do outro, um contingente de milhões de brasileiros desempregados – segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego chegou a 14,4% em fevereiro, alcançando o maior nível desde 2012 – que pode atender a essa demanda, mas não tem condição de comprar uma motocicleta para trabalhar.
Vimos uma oportunidade de negócio relacionada à gig economy, porque a empregabilidade será um desafio crescente e a forma de resolver o problema de geração de renda é micro-empreendendo. A Mottu atende as duas pontas: a demanda por emprego e geração de renda autônoma, e a demanda do setor por melhorar a infraestrutura de logística e entrega.
Rubens zanelatto, fundador e ceo da mottu
Problema concreto, solução escalável
Antes do sucesso da Mottu, Zanelatto percorreu uma trajetória empreendedora menos linear. Primeiro, apostou no segmento de farmácias e criou uma solução de treinamento para balconistas. A empreitada durou três anos e chegou a ter mais de mil lojas vinculadas à plataforma. O negócio foi encerrado porque o crescimento estagnou.
Ele conta que depois disso, começou a procurar um novo problema para resolver. Essa mentalidade voltada para resultados e crescimento constante somada ao conhecimento adquirido na primeira experiência foi fundamental para a construção da Mottu a partir de um problema concreto e uma solução certeira e escalável – uma combinação que chamou a atenção de investidores de peso.
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Com seis meses de operação, a Mottu levantou duas rodadas seed lideradas pela Caravela Capital, com participação da Allievo Capital e investidores anjos como Ariel Lambrecht, cofundador da 99, alcançando valuation de US$ 17 milhões. Em março desse ano, veio a Series A liderada pelo fundo de venture capital Base Partners e Crankstart; também participaram a Tiger Global e investidores como David Vélez, fundador do Nubank. O valor do aporte e da nova valuation não foi divulgado.
A meta agora, segundo Zanelatto, é se tornar a maior plataforma de aluguel de motocicletas do Brasil, chegando a uma frota de 10 mil motos.