Luiz Eduardo Rocha, (co-founder), Hugo Galindo, (co-founder) and Rodrigo Latini (CEO). Photo: Courtesy/Zerezes
Negócios

Com o foco no design, marca brasileira de óculos Zerezes agora quer entrar na rota do capital de risco

Com sete lojas físicas, a marca, que cresceu 250% neste ano, procura o fundo parceiro para ser a "a Natura dos óculos"

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A marca independente de óculos Zerezes vai completar uma década no ano que vem e está se reposicionando como uma startup que quer entrar na rota de capital de risco. O que nasceu como uma ótica focada em design – para, em especial, os millennials – a Zerezes viu a força do e-commerce durante a pandemia e agora quer atacar as duas frentes: lojas físicas e online. 

Luiz Eduardo Rocha e Hugo Galindo fundaram a empresa quando ainda estavam na faculdade de design de produto e a marca começou como uma loja de óculos de sol de madeira reaproveitada. Quando o CEO Rodrigo Latini chegou, em 2016, a empresa mudou dos óculos solares para os de grau e as armações passaram para a serragem e por fim para o acetato. 

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“Quando entramos no mercado ótico, começamos a ver uma série de práticas que não eram muito legais dentro do mercado, faltava transparência, os preços eram altos. Nós não queríamos ser uma ótica que compra de várias marcas mas não tem relação com o cliente, não ouve o cliente, não capta dados”, disse Latini, em entrevista ao LABS.

Loja da Zerezes em São Paulo. Foto: Divulgacão/Zerezes

Com óculos de grau, a Zerezes passou a enxergar novas possibilidades, apostando nas vendas diretas para o consumidor, sem intermediários, o que reduziu o preço do produto. 

“É difícil para um player novo entrar no mercado de ótica e querer fazer algo de diferente com custo benefício, há uma trava tanto para entrar na ótica como para chegar até o cliente. Mas a digitalização mexeu com tudo isso. O contato por rede social, site e aplicativo deu uma outra possibilidade de competir”. 

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Quando a pandemia chegou, a empresa tinha cinco lojas no Rio de Janeiro e pisou no freio na expansão física, focando nas vendas online. Contratando time de tecnologia, a Zerezes se vestiu de startup como uma cultura digital e de dados. O cliente poderia provar o óculos pelo site da Zerezes, e até receber o óculos em casa para provar. Todo o processo feito internamente, desde o pedido do óculos até as medidas da lente, montagem e entrega leva sete dias no e-commerce da empresa. 

Funciona assim: quando o cliente compra o óculos de grau, ele adiciona a receita do oftalmologista no sistema. E, pela webcam, a empresa consegue fazer a medida da distância pupilar para enviar ao montador. A Zerezes não tem fábrica de armação nem de lente; apenas desenha os produtos, que são feitos por uma empresa terceirizada na China. 

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A ideia da Zerezes é que em um futuro próximo os clientes não precisem lembrar o grau que tinham, mas que todas as informações fiquem armazenadas no sistema. 

Acelerando as lojas físicas e online

No início, os fundadores da Zerezes conseguiram crédito para abrir as primeiras lojas, que acabaram se tornando rentáveis, segundo o co-fundador e diretor criativo Hugo Galindo.

“Em 2020 começamos a a fazer um investimento maior em contratação de pessoas mais seniores. O online, que, representava 15% das nossas vendas, passou a representar 70%. Foi como se a gente tivesse uma nova fonte de receita com a mesma estrutura de custos”, conta.

A Zerezes conseguiu gerar caixa em 2020 e, neste ano, acelerou a contratação de times – hoje a empresa tem 80 funcionários – e abriu duas lojas físicas em São Paulo. Agora, a empresa procura fundos de investimento para fazer seu primeiro aporte e acelerar o crescimento.

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“Quando a gente começou esse novo plano, já sabíamos que iríamos fazer essa captação em algum momento. Achamos que chegou o momento ideal, captando recurso a gente vai ter um ritmo de crescimento muito mais acelerado. Queremos ser a Natura dos óculos, crescendo o lado físico e o online”, lembra Latini. 

A empresa diz que está dobrando o faturamento este ano em relação ao ano passado e deve fechar 2021 com R$ 23 a R$25 milhões. Em 2022, a Zerezes quer abrir sete lojas físicas.

O sucesso da empresa, segundo Rocha, está na experiência do cliente. “Somos responsivos aos feedbacks. Conseguimos ouvir todos os nossos clientes e a partir dali criar planos de ação para todas as áreas. Estamos nos estruturando para ter esses dados cada vez mais analisados para poder entregar com mais rapidez e assertividade cada uma dessas melhorias. Acho que isso é um das externalidades de digitalizar a empresa, é positivo e é genuíno de uma empresa que se propõe a ser direta ao consumidor”. 

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