Cofundadores da Credix: Thomas Bohner (CEO), Chaim Finizola, (CGO) e Maxim Piessen (CTO). Foto: Divulgação / Credix
Negócios

Credix capta US$ 2,5 milhões para construir marketplace de crédito descentralizado para fintechs da América Latina

Focada em empréstimos sem garantia na América Latina, a Credix diz que quer unir finanças descentralizadas (DeFi) com finanças tradicionais

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Credix, uma fintech novata do universo blockchain, anunciou nesta terça-feira (21) que levantou uma rodada Seed de US$ 2,5 milhões da DRW Cumberland e ParaFi Capital. Solana Ventures, Transfero Swiss BRZ Solana Ecosystem Fund, Petrock Capital, Fuse Capital, MGNR, Mercurial, Parrot Finance e investidores anjos também participaram da captação. Os consultores estratégicos da fintech incluem, entre outros, Chike Ukaegbu, chefe dos mercados emergentes de cripto da Visa, e João Bezerra, ex-sócio-gerente do Itaú.

Prevista para entrar em operação em janeiro de 2022, a Credix, com sede na Bélgica, tem um forte foco na América Latina, onde já tem quatro fintechs de crédito como clientes, e outras 15 comprometidas em usar a plataforma de financiamento de dívidas da startup na região.

Chaim Finizola é o chief of growth da Credix. Ele trabalha com blockchain desde que concluiu sua tese de mestrado sobre o tema em 2016. Meio brasileiro, Finizola disse ao LABS que ao compreender o maior mercado da América Latina com a rede que construiu há anos no Brasil, ele aprendeu que é extremamente caro obter crédito no país, em comparação com outros mercados, como a Bélgica. Foi quando ele e seus sócios decidiram criar uma plataforma de finanças descentralizadas para poder oferecer empréstimos mais baratos e sem garantia para mercados emergentes.

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“Comecei a conversar com muitas pessoas no Brasil, Chile, Nigéria, Cingapura, e vimos que não era realmente o usuário final que queríamos alcançar, porque existem regulamentações diferentes [para o consumidor em cada país]”, explica.

A busca por um mercado no mundo de fintechs alavancou a empresa para seu modelo B2B no Brasil. “No Brasil, existem linhas de crédito bastante nichadas. Como essas fintechs que fornecem crédito estão competindo com os incumbentes locais e ainda não têm escala em massa, é difícil para eles obter acesso ao financiamento de dívida hoje. É necessário preencher essa lacuna de liquidez com os mercados emergentes usando uma plataforma global. ”

A Credix se concentra em fornecer financiamento para essas fintechs de crédito. Como essas fintechs já fazem a pontuação de risco e já têm o cliente, a Credix quer ser “a peça que faltava” em um marketplace descentralizado.

Funciona assim: uma fintech chega ao mercado da Credix e diz que precisa de 1 milhão de dólares ou reais em duas semanas, por exemplo. Os investidores (fundos, bancos, pessoas físicas com alto patrimônio líquido) podem vir até a plataforma e coordenar o investimento em uma linha de crédito específica.

“Estamos democratizando não apenas o lado do empréstimo para que os usuários finais tenham acesso mais barato ao crédito, mas também do lado do investimento, estamos democratizando o investimento”, diz.

É como o FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios). A diferença é que no Brasil cada empresa precisa criar seu próprio FIDC, o que pode levar tempo e custar mais caro, segundo Finizola.

A empresa tem sede na Bélgica, mas um pé no Brasil. A startup planeja expandir suas operações para outros países latino-americanos, incluindo México e Colômbia, mas também mira o Sudeste Asiático.

Hoje, a startup tem seis pessoas trabalhando hoje, mas esse número deve dobrar já nos próximos meses, segundo Finizola – embora ele diga que não quer uma equipe tão grande. “Achamos importante ter uma equipe muito boa e profissional, mas pequena.”

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No início, a Credix trabalhará com tíquetes de cerca de US$ 1 milhão, mas quer aumentar isso para US$ 10 milhões a US $ 20 milhões. “É uma plataforma de finanças totalmente descentralizada. Estamos realmente tentando fazer a ponte entre o DeFi e o financiamento tradicional dessas fintechs para conectar os empréstimos a ativos do mundo real, excluindo a volatilidade das criptos”, acrescenta Finizola.

A Credix usa USDC stablecoins (criptomoedas lastreadas ao dólar) em sua plataforma para eliminar a volatilidade das criptomoedas e converte o USDC em moedas locais para fornecer esses recursos em reais para as fintechs brasileiras.

Isso significa que mutuários, fintechs de crédito e originadores de empréstimos em mercados emergentes podem tomar emprestado em USDC usando sua carteira de empréstimos como garantia, e podem, em troca, emprestar a seus clientes em sua moeda local.

“Estamos trabalhando na estrutura jurídica porque, no futuro, queremos tokenizar os recebíveis”, afirma Finizola.

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Investidores institucionais e de varejo participam do pool de liquidez, que atua como um fundo alocado nas diferentes tranches sênior das negociações, diversificando o risco. Para o investidor, o retorno do rendimento pode ficar em torno de 10 a 20%, segundo Finizola.

A startup está planejando abrir o pool de liquidez durante o primeiro semestre de 2022.