Decoy
Lucas von Zuben (Fundador, sócio, CEO), Túlio Nunes (Fundador, sócio, COO) e Tatiana Magalhães (Sócia, Head de Produção). Foto: Divulgação
Negócios

Agritech Decoy levanta R$ 9 milhões para lançar solução biotecnológica de controle de pragas

O aporte foi liderado pela SP Ventures e acompanhado do fundo da Farmabase. Em entrevista ao LABS, o COO da empresa, Túlio Nunes, disse que a startup está desenvolvendo também produtos para os mercados pet e de avicultura

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A Decoy Smart Control recebeu um aporte de R$ 9 milhões para escalar suas operações. A startup de biotecnologia vem desenvolvendo soluções sustentáveis para o monitoramento da saúde animal e o controle de pragas e atende hoje mais de 800 fazendas dentro do seu programa de testes. Já são mais de 90 mil cabeças de gado tratadas com o primeiro e principal produto da startup: um carrapaticida biológico. O faturamento do último ano foi superior a R$ 2 milhões.

O aporte foi liderado pela SP Ventures, gestora latino-americana com foco em agtechs e foodtech, e acompanhado pelo fundo de corporate venture capital da Farmabase, empresa brasileira do segmento de saúde animal. 

“Nossa empresa surgiu com o propósito de trazer soluções sustentáveis para o segmento de saúde animal. Nós utilizamos um pacote tecnológico que hoje é uma fronteira dentro da agricultura: o controle biológico”, contou o COO e sócio da empresa, Túlio Nunes, ao LABS.

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O principal produto da empresa no momento é o carrapaticida biológico para gado, que está em estágio avançado de desenvolvimento e em processo de registro para comercialização no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O carrapato de boi é um ectoparasita que se alimenta do sangue do animal, diminuindo seu peso, produtividade, qualidade do couro e é vetor de doenças. A principal delas é a tristeza parasitária bovina, que pode levar o animal a óbito. 

“A forma como o carrapato é tratado hoje também é uma dor para o pecuarista. Hoje, os produtos químicos não entregam a eficácia que costumavam entregar antes, pois há diversas linhagens de carrapatos no Brasil inteiro que são resistentes a várias das moléculas disponíveis no mercado”, explicou o COO.

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Para tornar os produtos rentáveis e viabilizar os testes e pesquisas necessários, a Decoy trabalha diretamente com os pecuaristas. “Assinamos um contrato de parceria de testes; eles testam nossa tecnologia e nos oferecem insights importantes, que incorporamos para melhorar nosso projeto”, disse Nunes. “Nós assinamos esse contrato para testes, para que eles conheçam a tecnologia e possam entrar em contato. Oferecemos as ferramentas e eles entregam os resultados e a ajuda de custo para que a gente consiga realizar nossas atividades e desenvolver cada vez mais os nossos produtos”, detalha.

A curto prazo, a Decoy pretende lançar três produtos para o mesmo segmento de saúde animal. Além do carrapaticida para bovinos, estão em desenvolvimento um produto para controle de pulga e carrapato de cachorros (ainda em estágio anterior ao do carrapaticida, mas já testado) e outros dois produtos destinados ao mercado da avicultura (ainda em estágio inicial e não revelados).

O aporte recebido será investido em diferentes áreas. O principal plano é o lançamento dos nossos produtos e a montagem do nosso portfólio, que deve acontecer dentro dos próximos dois anos. A nossa expectativa é de lançar o carrapaticida para bovinos no mercado ainda no começo de 2023. Como parte da preparação para o lançamento, estamos investindo na montagem de uma estrutura de comercialização e marketing e em infraestrutura, para atender esse momento de lançamento.

Túlio Nunes, COO e sócio da Decoy

O mercado brasileiro é campeão no uso de biopesticidas. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Mapa, mais de 23 milhões de hectares em fazendas utilizaram algum tipo de controle biológico no Brasil em 2019, tornando o país o líder mundial na tecnologia.

O setor teve um faturamento de US$ 3,8 bilhões em 2018, e tem potencial para chegar a US$ 11 bilhões até 2025. Mas o caminho é árduo. “Diferente de outras áreas de tecnologia, a biotecnologia exige um financiamento maior e exige mais tempo de desenvolvimento dos produtos”, ressaltou Nunes. O programa de parcerias direta com os pecuaristas, segundo Nunes, ajuda a acelerar o processo. Ainda assim, qualquer solução exige idas e vindas entre laboratórios e testes práticos até o processo de registro, sem contar as barreiras regulatórias e sanitárias do setor.