A Koen vende estojos de couro 100% natural para chefs e conseguiu arrecadar MXN 2,5 milhões em troca de 50% duas suas ações; a MíTu, marca de calçados mexicanos feitos à mão obteve MXN 1,5 milhão por 40%; a Chez Vous, meio cafeteria, meio coworking, levantou MXN 3,5 milhões por 50%; e a ContaListo, aplicativo para gerenciar o pagamento de impostos, arrecadou MXN 2 milhões por 30%.
O que esses empreendimentos têm em comum é que seus investidores são conhecidos “tubarões” do reality show Shark Tank Mexico, programa que estreou em 2016 e no dia 16 de julho começou sua sexta temporada no país. O formato foi criado nos EUA em 2009, baseado no programa japonês Tigers Money.
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As quatro startups participaram de temporadas anteriores do programa e conseguiram investimentos dos empresários mexicanos Arturo Elías Ayub, Rodrigo Herrera, Marcus Dantus, Carlos Bremer e Patricia Armendáriz.
Os participantes do painel de investidores são conhecidos como “tubarões” porque tendem a ser implacáveis com os empreendedores. Estes, por sua vez, precisam defender seus planos de negócios e convencer os investidores a apostar neles. Além de recursos financeiros, os empresários também oferecem consultoria e acompanhamento.
“Uma das empresas em que eu investi fica na Baja California. Eu fiz quatro viagens para lá e eles fizeram duas para a Cidade do México. Vemos um negócio enorme. Estamos investindo muito em ideias e tempo”, afirma Braulio Arsuaga, que participará como “tubarão” em cinco episódios da sexta temporada. Arsagua é CEO do Grupo Presidente, operadora de hotéis e restaurantes do México, e presidente do Conselho Nacional Empresarial Turístico (CNET).
Para ele, o Shark Tank, mais do que um programa de entretenimento, é um projeto de incentivo a empreendedores. “Você está dando seu tempo e seu dinheiro para tentar levá-los a outro patamar”.
Para os participantes, é a chance de dar mais visibilidade aos seus projetos e garantir financiamento para eles. A apresentação que os empreendedores fazem para convencer os empresários, baseada no pitch do projeto, é semelhante à que eles têm que fazer diante de um fundo de investimento.
Nesta nova edição, além dos empresários já consagrados, o painel de “tubarões” terá a presença de Arsuaga e Deborah Dana, fundadora e CEO da CanastaRosa.com, plataforma digital de compra e venda de produtos locais e artesanais.
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A seguir, os dois dão dicas aos empreendedores sobre como apresentar suas ideias de negócio e ao final ouvir um “estou dentro” dos tubarões e elevar o patamar de seus negócios.
Braulio Arsuaga
Verónica García de León – Quais são os pontos em comum dos empreendedores que conseguem captar a atenção e a intenção dos investidores?
Braulio Arsuaga – Conhecer bem o produto, a profundidade que esse produto ou serviço pode ter no mercado no futuro, a empatia e a química que alcançam. Ter predisposição para escutar, abertura para fazer as alterações propostas e considerar as críticas como construtivas.
VGL – Como a ideia de negócio deve ser apresentada para chegar a convencer os investidores?
BA – A pessoa tem que conhecer o produto e o serviço mais do que ninguém. Dá para diferenciar as pessoas que só decoraram das que conhecem bem o produto. É preciso viver o produto ou serviço, comer, tomar café da manhã e jantar com ele, e não decorar um roteiro.
VGL – Para o investidor, qual é a parte do negócio que mais interessa?
BA – A profundidade que o produto e o serviço podem ter no futuro.
Se você percebe que é um mercado pequeno, qual é o objetivo? Essa é uma questão relevante atualmente para você sentir que quer participar.
VGL – Para o empreendedor, qual é a chave para receber feedback de um investidor interessado em ajudá-lo?
BA – Humildade. A pessoa tem que saber ouvir as críticas, mesmo as fortes, porque elas são construtivas. Tem que aceitá-las, sem discutir nem se defender.
Deborah Dana

Verónica García de León – Qual deve ser a postura dos empreendedores ao apresentar seus planos de negócios no Shark Tank?
Deborah Dana – Eles têm que se preparar mais, têm que dar tudo porque essa é a chance de conseguir um investimento. Minha recomendação é que eles leiam muito. Eu sigo blogs, adoro conversar com fundos e com investidores porque eles é que estão a par dos empreendimentos. Eu adoro o a16z da Andreessen Horowitz. É o que eu mais recomendo.
VGL – Quais são as áreas críticas dos negócios que mais interessam aos tubarões e aos fundos de capital de risco?
DD – 1) A equipe e por que essa equipe é a melhor para esse projeto. 2) O modelo financeiro: como a empresa vai fazer negócios ou qual é o seu objetivo, e como vai alcançá-lo. 3) O plano de vendas: toda a visão de marketing e vendas, porque existem ideias muito boas, mas elas precisam se materializar em vendas.
VGL – O que os melhores pitches têm em comum?
DD – A gente nota quando eles treinaram bastante. Sabem bem os números, o tamanho do mercado e conhecem a concorrência. Quando aparece um empreendedor com toda essa energia, ele capta o interesse. Quando o pitch inicial é fraco, eu dou uma de detetive porque, às vezes, mesmo que não seja tão atraente, pode ser uma grande oportunidade.
VGL – O que você recomendaria aos empreendedores depois do que viu no Shark Tank?
DD – Eu os desafiaria a pensar grande, a buscar objetivos mais agressivos. Muitas vezes definir o objetivo é o que ajuda a ir em frente.