Walter Rodrigues, Paulo Monçores, Saulo Marti e Eduardo Petrelli, os cofundadores do mercado Diferente. Foto: Divulgação.
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Tem investidor graúdo apostando que a xepa da feira dá mais do que um caldo. Conheça o mercado Diferente

Startup que faz o meio de campo entre legumes e verduras "fora do padrão" que sobram no carrinho dos produtores e a mesa do consumidor acaba de levantar R$ 24 milhões

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Legumes, frutas e verduras orgânicas, um tanto fora do padrão e que provavelmente sobrariam no carrinho do produtor no fim de uma feira são a matéria primeira de um nova startup, que busca levar esses alimentos direto para a mesa do consumidor e – como toda boa xepa – a um preço mais camarada. O mercado Diferente anunciou nesta quarta-feira (30) uma rodada seed de R$ 24 milhões, valor que, segundo a startup, é recorde para uma foodtech nesse estágio de desenvolvimento na América Latina.

A rodada foi liderada pela MAYA Capital — gestora de Monica Saggioro Leal e Lara Lemann que já investiu na NotCo — e teve a participação de outros cinco fundos, dois deles estreantes no Brasil: o fundo americano Collaborative Fund, que já investiu na Beyond Meat, e o fundo britânico FirstMinute Capital.

Uma série de investidores pessoa física também compuseram a rodada, como Matias Muchnick (fundador e CEO da NotCo), Abhi Ramesh (fundador e CEO da americana Misfits Market, que faz o mesmo que o Diferente), Hamish Shephard (fundador da HelloFresh, outro negócio de assinatura de alimentos do mundo) e Tiago Dalvi (fundador e CEO do Olist).

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“Acreditamos muito na missão do mercado Diferente em reduzir o desperdício de alimentos e oferecer uma alimentação saudável e acessível para a população. O problema que eles estão trabalhando é muito relevante, pois estima-se que 10% a 40% das frutas e hortaliças produzidas são perdidas. Além do problema que estão resolvendo, a experiência e perfil complementar dos founders em logística, tecnologia, marketing e operações foram essenciais para nossa decisão de investimento”, comentou Lara Lemann, da MAYA Capital, em comunicado à imprensa.

O modelo da startup é, em essência, semelhante ao da brasileira Raízs ou da chilena Lomi, a diferença, porém, está no combate ao desperdício — ponto no qual se aproxima de outras startups latino-americanas, como a brasileira Food to Save, a mexicana Cheaf e a chilena GoodMeal. Por ofertar alimentos que antes iriam para o lixo, o modelo de negócios do Diferente gera impacto tanto para os produtores de alimentos (que evitam o descarte de parte relevante de suas colheitas) quanto para o cliente final (que pode consumir alimentos de qualidade a custos bem mais baixos do que a média de mercado).

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“Atualmente, temos uma rede de cerca de 200 produtores de alimentos orgânicos parceiros em todo o Brasil, os quais estamos, desde o início da operação, estreitando o relacionamento e construindo uma parceria sustentável do começo ao fim”, disse ao LABS, Walter Rodrigues, ex-Rappi que cofundou o Diferente e é responsável por coordenar o time de logística e operações da startup.

Segundo ele, os produtores que vendem seus produtos por meio do app, produtos esses que antes seriam descartados, podem ter um acréscimo de 15% a 20% nas suas receitas.

Completam o time de fundadores do Diferente ao lado de Rodrigues: Eduardo Petrelli (um dos fundadores do aplicativo James Delivery, adquirido pelo Grupo Pão de Açúcar em 2018), Saulo Marti (que liderou áreas de marketing e growth em startups como Olist e 8fit) e Paulo Monçores (executivo vindo da VTEX, que assume como CTO do mercado Diferente).

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Como funciona o mercado de alimentos orgânicos Diferente

Os clientes do Diferente podem escolher três modelos assinatura (semanal, quinzenal ou mensal) e três tipos de cesta (individual, casal ou familiar). Essas cestas podem ser compostas por até 50% de alimentos “fora do padrão”, o que ajuda a combater o desperdício e podem resultar em um custo até 40% menor do que custariam no mercado tradicional.

Antes de chegar à mesa dos clientes finais, os alimentos vão para um centro de distribuição e tratamento do Diferente. É lá que a startup compra, avalia a qualidade dos alimentos e monta o pacote que será entregue aos consumidores. É também nesse centro que o Diferente faz uma roteirização das entregas, tendo a conservação dos alimentos como prioridade. A entrega, aliás, é grátis.

O serviço está disponível em todos os bairros de São Paulo e, com a nova rodada, deve chegar a outras cidades da região metropolitana em breve.