A startup de locação de veículos Turbi acredita que ter um carro é algo do passado. A empresa tem como diferencial o formato digital e flexível de locação. Além da possibilidade de utilizar um carro por apenas algumas horas, o serviço é todo realizado por meio de um aplicativo, sem a necessidade de se deslocar até uma agência. Funciona assim: o usuário vai até o carro, acerta o pagamento (de forma digital) e libera o veículo. Após o uso, o carro é deixado em algum dos pontos de estacionamento 24 horas conveniados.
O formato 100% digital emplacou: a Turbi superou a marca de R$ 50 milhões de faturamento em 2021, resultado 125% maior que em 2020.De acordo com o fundador e CEO da Turbi, Diego Lira, o segredo para o crescimento da companhia está na tecnologia embarcada “debaixo do capô”. O executivo é taxativo ao falar sobre a importância do desenvolvimento de soluções de software e hardware internas: “é binário, não existe Turbi sem tecnologia”, comenta Lira.
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“Acreditamos que as pessoas não precisam possuir veículos, principalmente, em grandes metrópoles. Ao mesmo tempo, as pessoas precisam se locomover”, aponta o fundador da Turbi. No ano passado, a startup ampliou os investimentos em desenvolvimento, com a aplicação de bluetooth e internet das coisas para ter mais agilidade nas interações entre os smartphones de seus clientes e os carros disponíveis.
Ouvia muito que ‘o brasileiro não vai deixar de ter carro, por conta do status’. A verdade é que faltava um produto. Agora existe um produto, precisamos escalar esse produto.
Diego Lira, CEO da Turbi
Outro exemplo de uso de tecnologia é a inteligência artificial usada para análise e reconhecimento de danos na frota. “Recebemos 20 mil fotos de veículos de clientes por semana. Desenvolvemos uma inteligência artificial que define se é um carro batido, um carro sujo ou não é nada. E a máquina vai aprendendo”, conta Lira, que aponta tais soluções tecnológicas como sementes de crescimento para a startup.
Sinal verde para a expansão
Com um salto na demanda por carros para viagens curtas, a startup pretende crescer ainda mais em 2022. No entanto, a aceleração dos negócios vem acompanhada de desafios. Não à toa, a palavra diligência apareceu em diversas falas do executivo em entrevista ao LABS.
“Não temos mais tanto controle assim sobre o aspecto sanitário. Nós fazemos análises de cenário [para o crescimento]. Somos cobrados pelos usuários para a expansão geográfica”, comenta Lira. O CEO da Turbi ainda revela que “Eu não posso, no meio de uma pandemia, colocar pessoas dentro de uma avião para lá e para cá, para abrir novas cidades”, afirma Lira.
Por outro lado, a startup ainda vislumbra uma avenida de crescimento dentro de São Paulo. Atuando apenas nessa região metropolitana, a locadora de carros bateu a marca de 500 mil viagens realizadas em 2021. A locadora também percebeu a chance de lançar novos produtos nos últimos 12 meses, como o formato mensal para o aluguel de veículos. No mês de dezembro, o executivo estima que quase metade da frota ocupada foi alugada nesse formato.
“Nós identificamos alguns casos de uso que são tão recorrentes que ter um veículo disponível por meses faz sentido. E a conta ainda fecha vis-à-vis comprar um veículo. Conseguimos solucionar o problema do cliente e equalizar isso de uma forma que não fique nociva [para a Turbi]”, conta Lira.
Se, por um lado, o executivo da Turbi é cauteloso ao falar sobre os planos para o futuro, por outro, Lira deixa claro que a companhia usou o tempo de pandemia para planejar sua expansão para outras grandes cidades do país (e até da América Latina). Em 2021, a empresa ampliou seu time, subindo de 30 para 100 colaboradores.
“É inevitável a expansão. Não conseguimos precisar o quanto vai ser acelerada este ano ou não. O crescimento internacional está no nosso planejamento, fizemos esse exercício durante a pandemia, fizemos o dever de casa”, aponta o CEO da Turbi.