Ainda que o trabalho remoto continue em muitas empresas, com grandes empresas da tecnologia decidindo manter o home office por pelo menos até agosto de 2021, outras empresas brasileiras, principalmente da área industrial, retomam gradualmente as atividades. É neste cenário que companhias como Petrobras, Hyundai, Votorantim e Telefônica se tornaram clientes da Joycar, uma startup de compartilhamento de carros corporativos. No caso da Petrobras, a Joycar ganhou uma licitação em 2019 para o gestão da frota de mais de 800 carros da companhia, um contrato de R$ 7,8 milhões.
A pandemia do novo coronavírus e seus impactos econômicos aceleraram o fechamento de algumas negociações da Joycar. Por ter uma carteira robusta, investidores enxergaram na startup uma oportunidade e, pela plataforma EqSeed, a empresa de carsharing B2B captou R$ 2,3 milhões.
No total, a empresa atraiu 218 investidores, que aportaram um tíquete médio de R$ 10 mil. A ideia é usar os recursos para expandir comercialmente.

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A Joycar foi criada por Rafael Taube, Cássio de Freitas e Heitor Cunha em 2015, como uma empresa de aluguel de carros. Em 2018, a startup “pivotou” o modelo de negócio e passou a oferecer a tecnologia, ou seja, o software e o hardware para car-sharing. “O carro é um ativo muito caro, geralmente subutilizado dentro das empresas. Nesse momento da pandemia, isso fica mais explícito para o gestor de frota, e a gente ajuda a empresa a reduzir o número de veículos”, contou Taube, ao LABS.
Para nós, essa crise acaba impulsionando o nosso negócio. Mais empresas têm buscado a nossa solução nesse momento
Rafael Taube, CEO da Joycar.
A ideia da empresa é ser a provedora da tecnologia para operações de car-sharing de uma frota de 7 mil carros em até 18 meses. Com o aporte, a equipe, que hoje tem nove funcionários, deve dobrar de tamanho.
“Vamos investir na criação de um time de vendas e na estruturação da nossa operação”, diz Taube. “Acho que nesse momento de pandemia, temos dado passos cautelosos para não sermos pegos de surpresa. Estamos vivendo um momento de algumas idas e vindas. Contratar gente e ter que eventualmente desligar é ruim, então vamos ser cautelosos”, contou.
Cautelosos, mas otimistas. A expectativa é de que, em um ano, a empresa atinja uma receita bruta de R$ 3,3 milhões e tenha distribuidores regionais por todo Brasil.
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Essa é a primeira vez que a Joycar faz uma captação com investidores. A empresa operava até hoje com capital próprio dos fundadores. O COO da EqSeed, Eduardo Castro, disse ao LABS que essa captação faz parte de um movimento de aculturamento dos investidores: o olhar para as empresas B2B.
“O que a gente via muito eram startups que têm maior contato com os usuários, B2C, mais divulgadas na mídia. Agora o que a gente vê que está acontecendo é que as startups que lidam com o setor B2B estão se sobressaindo em questão de apelo e de entendimento de modelo de negócio, e isso está facilitando muito a tração das captações”, explicou. Startups como a Joycar, que têm atuação direto na redução de custos de seus clientes, ganharam um apelo maior para os investidores também, segundo Castro.
“Cada carro custa R$ 20 mil, R$ 30 mil por ano para uma empresa, então você imagina que qualquer carro que eventualmente essa empresa consiga cortar do total, ela estará economizando”, relembra Taube.
Olhando mais além, a Joycar quer oferecer um produto pronto que possa ser instalado em qualquer carro para torná-lo compartilhável. Em contrato hoje, a empresa tem sob gestão 1,200 carros, dos quais 300 estão rodando com o hardware da empresa instalado.