Olle Widén, CEO e co-fundador do FinanZero. Foto: FinanZero/Divulgação
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Fundada por suecos no Brasil, FinanZero conta com a chegada do open banking para crescer ainda mais

Impulsionada pela crescente demanda por crédito, o FinanZero atingiu um número recorde de visitantes em seu site em agosto: 3,2 milhões

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A nova regulação do open banking no Brasil, prevista para estar totalmente implementada no próximo ano, irá acirrar a competição do mercado bancário altamente concentrado país. Pela nova regulação, os bancos compartilharão os dados dos clientes – mediante autorização deles – com outras instituições financeiras e fintechs, tudo por meio de plataformas, as APIs. Isso irá impulsionar diretamente negócios como o da FinanZero, marketplace de empréstimos para pessoa física que relatou forte demanda durante a pandemia de COVID-19.

Equipe do FinanZero. Foto: FinanZero/Divulgação

“O nosso momento foi muito bom, quando as fintechs começaram a explodir [no Brasil]”, disse. “Alguns anos depois do lançamento do negócio, vimos essas tendências chegando e sabíamos, a exemplo da Suécia que a transformação digital não é uma questão de se, mas de quando tudo será totalmente online”, disse Olle Widén, CEO da FinanZero, em entrevista ao LABS.

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Widén fundou a FinanZero em 2015, com as empresas suecas Webrock Ventures e Zentro Global Partners. Segundo o CEO, a regulamentação do open banking dará mais poder ao consumidor, tornando mais fácil a contratação do empréstimos por meio da sua plataforma.

“Queremos ter a melhor experiência de usuário possível, e com o open banking fica mais fácil, o consumidor está disposto a compartilhar dados,” afirma. A regulação também ajudará a FinanZero a encontrar mais e melhores parceiros.

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Após alguns meses lidando com o impacto inicial da COVID-19, a FinanZero está experimentando um aumento na demanda por empréstimos ao consumidor. Endividados e com uma renda menor em razão da pandemia, muitos brasileiros estão buscando crédito para liquidar compromissos. 

Em agosto, a FinanZero atingiu um número recorde de visitantes em seu site, 3,2 milhões, e vem crescendo mais do que 25% ao mês. “O que vimos com a pandemia é que as pessoas querem ficar em casa e querem soluções online. Tivemos um forte crescimento da demanda”, disse. No mês passado, a fintech teve um total de 10 milhões de pedidos de empréstimo. 

O FinanZero é uma corretora independente de empréstimos, negociando o pedido de empréstimo do cliente com bancos tradicionais (como Santander, Banco Itaú, Banco do Brasil, Bradesco), fintechs e instituições de crédito, para encontrar o empréstimo com a melhor taxa de juros para o consumidor. Além de empréstimos pessoais e crédito com garantia de imóvel, a fintech também passou a trabalhar com crédito consignado.

Entre o fim do ano passado e este ano, até agosto, aumento o número de instituições parcerias de 30 para 45.

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Não estamos desafiando os bancos, estamos trabalhando junto com os bancos. O banco só paga se o contrato de empréstimo for assinado. Esse é o nosso modelo de negócio. Não mandamos 2.000 leads que eles não conseguem converter (em novos clientes). Para eles, acredito que somos um bom parceiro para se tornarem mais digitais rapidamente 

Olle Widén, CEO da FinanZero.

No ano seguinte à sua entrada em operação, a startup recebeu um aporte de US$ 1,25 milhão do fundo Vostok Emerging Finance. Em 2018, a rodada de Série A de US$ 3,6 milhões também foi liderada pelo fundo sueco. No ano passado, levantou US$ 11 milhões dos fundos Atlant Fonder, Dunross & Co e Vostok, entre outros investidores. Ainda assim, a startup está procurando potencialmente levantar fundos novamente em 2021.

A ideia de criar uma startup no Brasil e não na Suécia seguiu a seguinte lógica: o Brasil é um país continental com 210 milhões de habitantes, que tem grande potencial para desenvolver um negócio. “Olhamos o Brasil, olhamos o tamanho do mercado. É um mercado muito grande se comparado ao da Suécia. Olhamos o que está acontecendo com os pagamentos. E o Brasil é um país conectado, online, um dos três primeiros nas redes sociais,” explica Widén. 

Publicidade “à moda antiga” vale a pena

Durante a crise sanitária, a FinanZero fortaleceu sua marca. A empresa gastou recursos não apenas em marketing online, mas também offline. Com os brasileiros em casa e assistindo mais TV, a FinanZero apostou nesse tipo de publicidade. “Somos a 5ª marca mais pesquisada no Google em todo o país”, disse Widén.

Planos para a expansão na América Latina não estão descartados

Embora diga que não há pressa em expandir para além do Brasil, Widén disse ao LABS que vem estudando outros mercados latino-americanos. “Não há pressa em avançar nisso,” ponderou. 

Sediada em São Paulo, a FinanZero tem atualmente 48 funcionários e está contratando. Possui cargos para desenvolvedores e programadores de TI.

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