Com sede no México, a fintech Clara lança nesta quarta-feira uma nova funcionalidade que promete levar a plataforma a um novo patamar. Fundada em abril de 2020 por Gerry Giacomán Colyer e Diego García, a Clara oferece um software de gestão de cartões de crédito corporativos personalizáveis (físicos e virtuais). Com a nova funcionalidade, a plataforma da fintech também permitirá que os clientes não apenas gerenciem as despesas com cartões de crédito e reembolsos, mas também faturas, lista de fornecedores e contas a pagar.
“Estamos muito entusiasmados com isso porque este novo recurso aproxima a plataforma da Clara de tudo que sempre pensamos que ela pode ser. As empresas poderão controlar tudo dentro da plataforma, fazendo centenas de pagamentos com um clique e diretamente da plataforma, gerenciando uma lista de fornecedores e conectando-os com suas informações fiscais. [Também pela plataforma] notificações poderão ser enviadas automaticamente a esses fornecedores, ajudando as empresas a manter todas as suas operações dentro do cronograma, tudo em tempo real. Nenhum banco pode oferecer uma solução semelhante a esta”, Giacomán disse com exclusividade ao LABS.
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Segundo ele, a Clara já tem quase 1 mil clientes corporativos no México – meta que a empresa esperava alcançar só no fim deste ano. Cerca de um terço deles são startups de alto crescimento, como Creditas, Kavak, Casai e Valoreo, e algumas delas também operam em outros países latino-americanos, o que está ajudando a Clara a vislumbrar e até mesmo testar seus próximos passos na região.
O plano é lançar a plataforma no Brasil neste terceiro trimestre enquanto estuda os mercados do Chile e da Colômbia como possíveis próximos passos depois disso.
Com quase 100 funcionários no México, Giacomán espera que Clara chegue ao final do ano com 150 vagas preenchidas, sendo 50 delas no Brasil, onde a empresa vem contratando intensamente.
Layon Costa, executivo que já trabalhou em empresas como QuintoAndar e Rappi, está liderando as operações da Clara no Brasil. A fintech tem uma lista de espera para empresas brasileiras interessadas em usar a sua plataforma.
A fintech obtém sua receita a partir taxas de intercâmbio em cada transação de cartão de crédito, mas não cobra nada dos clientes. “Não divulgamos números específicos, mas posso dizer que basicamente dobramos nosso volume de transações [no México] entre junho e julho”, disse Giacomán. A empresa também afirma ter crescido cem vezes no primeiro ano de operação (entre abril de 2020 e maio de 2021).
Com todas as despesas organizadas em um só lugar, os clientes da Clara também poderão utilizar a plataforma como ponto de partida para solicitar crédito com base em suas futuras transações. Com o mercado de recebíveis ganhando nova tração após mudanças regulatórias e o open banking sendo implementado, o Brasil pode ser um ponto de virada importante para a Clara. De olho nisso, a fitnech também está prestes a assinar um contrato de linha de crédito de US$ 50 milhões com um parceiro não revelado.
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Mas a chegada da empresa ao Brasil não será exatamente tranquila. Por aqui, a empresa que nasceu inspirada em startups americanas como Ramp e Brex encontrará fortes concorrentes como Cora e Conta Simples.
Por trás do rápido crescimento de Clara está uma constelação de investidores e CEOs apoiando dois empreendedores experientes que já viveram seus altos e baixos – ambos os fundadores da Clara trabalharam na Grow Mobility, startup de micromobilidade nascida da fusão entre a Brazilian Yellow e a Mexican Grin no início de 2019 e que entrou com pedido de recuperação judicial em julho de 2020, no auge da pandemia e da falta de demanda por seus serviços.
Liderada por Tom Stafford da DST Global, a rodada de US$35 milhões de Série A levantada pela Clara este ano – e depois complementada com mais US$ 5 milhões – teve KASZEK, Avid Ventures e investidores anteriores como a General Catalisador entre seus participantes, mas não só. Vários CEOs e empresários de empresas latino-americanas também estão apostando, literalmente, na fintech.
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Entre esses investidores que participaram deste última rodada, para citar alguns nomes, Sergio Furio da Creditas, Sebastián Mejía da Rappi, Daniel Vogel da Bitso, Brynne McNulty Rojas da Habi, Sebastián Castro de Kushki, Manolo Atala da Fairplay, Rodrigo Sánchez Ríos da La Haus, Deepak Chhugani da NuvoCargo, Sebastián Kreis da Xepelin, Sebastián Villarreal da Súper, Ricardo Weder da Jüsto e Ariel Lambrecht da 99.
Olhando para trás, para o ecossistema agora – começamos como empreendedores há dez anos – é que vemos como tantas pessoas estão fazendo tantas coisas, atraindo investidores com uma confiança incrível. Não poderíamos estar mais felizes; é uma motivação extra para a Clara, uma solução de latino-americanos para latino-americanos.
Gerry Giacomán Colyer, CEO e COFUNDADOR da ClARA.