Os fundadores da fintech mexicana Clara, Diego García e Gerry Giacomán Colyer
Os fundadores da Clara, Diego García e Gerry Giacomán Colyer. Foto: Clara/Divulgação
Negócios

Fintech mexicana Clara levanta US$ 30 milhões para expandir solução de gerenciamento de gastos corporativos na América Latina

Liderada pela DST Global, a rodada série A também teve apoio de nomes como Kaszek Ventures, monashees, Avid Ventures e de investidores anteriores como General Catalyst. O Brasil é o próximo mercado da fintech, com operações iniciando no terceiro trimestre

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Com volume de US$ 1,63 bilhão, 2020 foi o quinto ano consecutivo em que fintechs lideraram investimentos na América Latina. Mas isso não quer dizer que esse mercado está se aproximando da saturação. Embora os países da região tenham sido tomados por uma onda de carteiras digitais e neobancos nos últimos anos, ainda há potencial a ser explorado – especialmente quando se trata de soluções B2B. E é aí que entra a Clara, uma startup mexicana de gestão de gastos corporativos, apoiada por um novo aporte de US$ 30 milhões, anunciado nesta quarta-feira, 26.

Fundada em abril de 2020 por Gerry Giacomán Colyer e Diego García, a fintech iniciou suas operações no México em março de 2021. “Queremos ser o melhor parceiro para que as empresas possam administrar melhor todos os seus gastos corporativos. Gerenciar recursos é uma das coisas mais importantes que uma companhia pode fazer. Vimos na Grow Mobility [startup latino-americana de micromobilidade], onde eu e Diego trabalhamos, como não ter uma solução como a Clara pode realmente afetar o desempenho de uma empresa”, relembra Colyer, em entrevista ao LABS.

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Gerry Giacomán Colyer, cofundador e CEO da Clara. Foto: Clara/Divulgação

Segundo o executivo, a Clara é uma solução de ponta a ponta para gerenciamento de gastos em empresas. Além dos cartões de crédito corporativos nos formatos físico e virtual, sem anuidade e com limites e restrições customizáveis, a empresa possui uma plataforma de controle de despesas. Além disso, é usada por companhias como Creditas, Casai e Valoreo, e viu o volume transacionado por meio de sua plataforma aumentar mais de cem vezes desde março.

“Para cada titular de um cartão, temos um aplicativo, visibilidade de todas as transações, alertas, um recurso para bloquear e desbloquear o cartão. Esse tipo de visibilidade e controle chega ao nível gerencial, de forma que esses executivos possam fazer o mesmo para seus liderados, e, em última instância, ao time financeiro, para que façam isso por toda a companhia. A plataforma oferece visibilidade e controle a toda a empresa, ajudando-a a gerenciar os gastos desde as transações até as integrações contábeis básicas”, explica.

Cartões de crédito corporativos da Clara; plataformas mobile e desktop. Imagem: Clara/Divulgação

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“Enquanto o espaço de consumer finance passou por uma grande revolução nos últimos anos, o segmento B2B ficou para trás. Pagamentos, cartão de crédito corporativo e gestão de despesas representam uma oportunidade gigante globalmente,” diz Marcelo Lima, sócio de uma das gestoras de venture capital por trás do aporte, a monashees.

“A Clara reuniu um super time para atacar essa oportunidade de bilhões de dólares na América Latina, resolvendo uma grande dor de cabeça para muitas empresas da região”. Liderada por Tom Stafford da DST Global, a rodada série A de US$ 30 milhões também teve Kaszek Ventures, Avid Ventures e investidores anteriores como General Catalyst.

Eric Glyman, da Ramp, também está por trás do investimento. A Ramp, fintech fundada em 2019 em Nova York, desenvolve uma plataforma de gerenciamento e cartões corporativos para empresas; o tipo de expertise que deve ajudar a Clara com a expansão do seu próprio produto na América Latina

Vimos que empresas do México ao Brasil, e na verdade em toda a região, têm essa dor [com gestão de gastos corporativos]. Isso nos motivou a resolver esse problema e ser um parceiro para nossas empresas. 

Gerry Giacomán Colyer, CEO e cofundador da Clara

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Com crescimento expressivo após uma recente estreia no México, a fintech está agora de olho no Brasil, onde espera lançar a operação durante o terceiro trimestre do ano, amparada pelos novos recursos.

O novo aporte também deve ajudar a fintech a agilizar o desenvolvimento de produtos com investimentos em áreas como tecnologia, produto e suporte, além de dar continuidade a sua rota de expansão na região. Segundo Colyer, ainda que a empresa planeje concentrar esforços no Brasil neste ano, já identificou interesse de companhias da Colômbia e do Chile. A Clara também está em vias de assinar um contrato para uma linha de crédito de US$ 50 milhões com um parceiro não revelado.

Com um time de cinquenta pessoas no México, Colyer espera que a Clara chegue ao final do ano com cento e cinquenta posições preenchidas, das quais, cinquenta delas, no Brasil, onde a empresa tem se dedicado a buscar novos talentos. A Clara também tem, em seu site, uma lista de espera à disposição de empresas brasileiras interessadas em seu produto. 

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“Estamos conversando com algumas das companhias de crescimento mais acelerado no Brasil, e as adaptações que estamos fazendo [no produto] estão muito voltadas para suas necessidades”, diz ele, acrescentando que startups, empresas de serviços profissionais, bem como empresas de consultoria e agências de diferentes tipos são algumas das principais categorias das quais vem detectando interesse.

Embora seja mais comum ver startups brasileiras expandindo operações para vizinhos latino-americanos, a Clara seguiu o caminho inverso. “Como equipe, passamos muito tempo no Brasil; morávamos lá quando estávamos na Grow Mobility (…) Não nos vemos como uma empresa mexicana vindo para o Brasil, mas sim como uma empresa latino-americana que começou no México. E agora estamos entusiasmados para lançar no Brasil“.  

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