A geração Z é por vezes descrita como impaciente, revolucionária e engajada. Para o grupo de jovens nascidos entre 1995 e 2010, o smartphone é praticamente uma extensão do próprio braço. Atrair atenção dessa audiência é um desafio para marcas mais tradicionais — e uma grande oportunidade para novos empreendedores. Um desses casos é a Z1, a fintech oferece uma conta digital com cartão pré-pago voltado para jovens e adolescentes.
Nesta quarta-feira (24), a startup anunciou um aporte de Série A de US$ 10 milhões (R$ 55 milhões), liderado pela Kaszek e acompanhado pelos fundos MAYA Capital, Homebrew, Clocktower e Mantis.
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Fundado em abril de 2020, o negócio é uma ideia dos empreendedores João Pedro Thompson, Thiago Achatz, Mateus Craveiro e Sophie Secaf. A empresa oferece um serviço de conta digital atrelado a um cartão da bandeira Mastercard. O cartão pode ser movimentado por meio de aplicativo no celular e é aceito tanto em lojas virtuais quanto físicas, além dos serviços online mais utilizados por esse público, como streamings e jogos.
Capital e estratégia de crescimento
A rodada acontece apenas 6 meses após a rodada seed da Z1, que foi liderada pelo fundo americano Homebrew e arrecadou US$2,5 milhões (R$ 14 milhões). A companhia também foi aportada pela aceleradora Y Combinator – conhecida por investir em empresas como Airbnb, Twitch e Dropbox.
A rodada é considerada estratégica para as pretensões de crescimento da fintech. Em especial, pela possibilidade de trabalhar ao lado da Kaszek. O fundo criado pelos fundadores do Mercado Livre já investiu em startups de peso na região, como Nubank, Kavak, Creditas e Quinto Andar.
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“Acreditamos que eles são o parceiro ideal para essa próxima fase de crescimento acelerado da Z1, dado a experiência deles em criar o Mercado Livre, a maior empresa de tecnologia da América Latina”, explica o CEO da Z1, João Pedro Thompson.
“A geração Z já é a maior geração do mundo hoje, representando cerca de 30% da população brasileira e mundial. Quem conseguir entender e conquistar essa geração colherá os frutos nos próximos anos. Acreditamos que o time da Z1 é o mais preparado no mercado para fazer isso, dado o propósito genuíno por trás da proposta da empresa e o conhecimento profundo que os fundadores têm do cliente”, afirma o sócio da Kaszek, Nico Berman.
A partir do anúncio dessa rodada de investimento, a startup passa a oferecer o seu produto de forma gratuita. Anteriormente, era cobrada uma taxa mensal de R$ 10 dos clientes. Nos próximos 3 a 4 meses a companhia quer dobrar de tamanho, contratando em áreas como tecnologia, produto, marketing e experiência do cliente.
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O investimento também deve ser direcionado para expandir a base de clientes da fintech. A firma quer crescer dez vezes a quantidade de jovens atendidos por sua carteira digital até o fim do ano que vem. O salto no número de clientes deverá vir acompanhado de um crescimento no time da Z1, que conta com 60 colaboradores atualmente.
Um banco digital para uma geração digital
Thompson explica que companhias como Nubank, Creditas, Neon e outras abriram as portas para que os consumidores experimentassem outras possibilidades de serviços financeiros. Com o foco definido em um público que quer ter acesso ao seu dinheiro e uma experiência primordialmente mobile, a Z1 acredita que pode ser o primeiro e último banco da geração Z.
“A nossa geração [millenial] é, provavelmente, a última que já entrou em uma agência bancária, que sabe como era a experiência de entrar em uma agência de um banco tradicional. Essa geração que nós atendemos é a primeira a ser totalmente digital, isso dá a oportunidade para a Z1 desenvolver uma nova experiência bancária — talvez nem usar a palavra banco”, afirma Thompson.
Por conta de aspectos regulatórios, as contas abertas pela fintech precisam da assinatura do responsável legal pelos adolescentes. Atualmente a Z1 não aceita clientes com mais de 18 anos, mas já planeja novos serviços para manter os clientes por um longo tempo. “Nós comentamos que queremos ser o primeiro e último banco dessa geração”, comenta o CEO da Z1.
Levando os jovens a sério
Para atingir esse público, a fintech quer falar diretamente com os adolescentes evitando uma comunicação condescendente. “Fundamos a Z1 porque acreditamos no potencial dessa geração, e não achamos que ela deve continuar excluída da economia digital dado que em muitos casos ela já trabalha ou quer ter uma relação com dinheiro e buscar autonomia e independência desde cedo”, destaca Sophie Secaf, cofundadora e responsável pela área de marketing da fintech.
“Com essa abordagem estratégica vem muita resposabilidade, não só de educar essa população que está tendo o primeiro contato com um serviço finaceiro, mas, ao mesmo tempo, de compreender os comportamentos dessa geração e suas demandas”, explica a Secaf.
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A cofundadora da Z1 conta que a startup mira em diversidade, inclusive etária, para demonstrar de dentro para forma a resposta para uma das principais demandas dessa nova geração.
No quesito comunicação a fintech estimula a educação financeira dos correntistas com ajuda da rede social TikTok, onde já é o banco digital com mais seguidores. A Z1 também fomenta uma comunidade e está próxima de influenciadores para oferecer dicas sobre temas financeiros.