Floki seed round
Marcelo Espiga e Luigi Rodrigues, cofundadores da Floki. Foto: Divulgação
Negócios

Floki capta uma das maiores rodadas Seed já recebidas por startup brasileira, R$ 50 milhões 

Rodada foi liderada pelos fundos NFX e Valor Capital Group; startup criou uma plataforma que utiliza inteligência artificial para conectar restaurantes e fornecedores e automatizar o processo de compra de estoque

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A Floki, marketplace que conecta restaurantes a fornecedores, acaba de fechar sua primeira rodada de captação, um Seed de R$ 50 milhões – um dos maiores aportes Seed já recebidos por uma startup brasileira – no ano passado, a fintech TruePay levou o título, com um Seed de R$ 45 milhões. A rodada foi liderada pelos fundos NFX e Valor Capital Group. Também participaram o Latitud e investidores-anjo como Ralf Wenzel (fundador da JOKR) e Andres Bilbao (fundador da Rappi), além do follow-on do Iporanga

“O tamanho do aporte fala muito sobre o tamanho da oportunidade que a Floki explora. Existe um gap muito grande no que diz respeito à digitalização e ao uso de inteligência no processo de compras de empresas do setor de alimentação. Então a oportunidade existe, foi muito mais uma questão de entender qual é a abordagem certa e o time certo. Uma vez que a gente conseguiu acertar uma veia de crescimento e agregar valor à operação, a captação fez sentido. Acho que nós fomos muito felizes nesse aspecto”, disse Luigi Rodrigues, co-fundador da Floki. 

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Fundada em março de 2020 por Rodrigues e Marcelo Espiga, a startup funciona como um marketplace para conectar estabelecimentos de food service – de restaurantes e bares a dark kitchens e dark stores – a fornecedores de todo tipo de produto, como alimentos, bebidas e itens de limpeza. Segundo a startup, restaurantes gastam cerca de duas horas por dia buscando produtos, fazendo cotação com fornecedores ou administrando a logística de entrega dos pedidos. 

“Queremos eliminar os pontos de fricção e ineficiência da transação para os dois lados da cadeia, os varejistas e os fornecedores”, disse Espiga.

Como? O pulo do gato da Floki é a plataforma desenvolvida in-house que utiliza inteligência artificial para automatizar o processo de compras das empresas clientes. 

Interfaces da plataforma da Floki. Imagem: Divulgação


Com um modelo de assinatura mensal a partir de R$ 150, a startup coleta e analisa os dados fornecidos pelos clientes para entender a demanda, a periodicidade e a logística ideal de compra. A partir daí, a Floki encontra os melhores preços e faz recomendações de compra em uma base de mais de 700 fornecedores, reduzindo em até 30% o custo das compras. O plano de assinatura completo incluí ainda serviços de monitoramento de estoque e entrega, organização de pagamentos e suporte pós-compras. A entrega e o pagamento das compras são realizados diretamente junto aos fornecedores. 

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Em dois anos de operação em São Paulo, a Floki reporta um crescimento de 20 vezes e um volume transacionado médio de R$ 3 milhões por mês. A startup não informa o total de empresas atendidas, mas afirma que a clientela é composta por estabelecimentos que compram entre R$ 80 mil e R$ 200 mil por mês via plataforma.

O capital recém injetado será usado para expandir a operação, aquisição de clientes e reforço dos times de tecnologia e produto para aprimorar a inteligência artificial da plataforma e os recursos oferecidos aos clientes. A meta da Floki é se consolidar como o maior sistema operacional de compras para varejistas e fornecedores do setor de food service, não apenas viabilizando o processo de compra, mas também oferecendo acesso a produtos financeiros (a Floki quer, por exemplo, trazer o processo de check out para dentro da plataforma) e insights de comportamentos de compra. Ampliar a proposta de valor para os fornecedores, aliás, é um dos principais focos em 2022. 

É uma transação complexa, que envolve vários elementos de SaaS para organizar o fluxo entre o estabelecimento e o fornecedor. Do lado do restaurante, a gente quer ajudar a encontrar os melhores fornecedores de forma rápida, a entender os itens e as quantidades comprados, o que sobra, o que falta, quanto custa, o que é uma compra mensal padrão para cada estabelecimento. Do lado dos fornecedores, há muitos pontos de dor para atender, como aquisição de clientes, otimização das entregas ou giro de estoque. A inteligência de mercado gerada pela Floki também pode ajudar os fornecedores a ampliar o portfólio de produtos de maneira mais assertiva, para alcançar uma base de clientes que precisa desses produtos.

Luigi Rodrigues, cofundador da Floki

Testar a hipótese

O embrião da Floki surgiu quase dez anos atrás, quando Rodrigues trabalhou na consultoria McKinsey e desenvolveu uma série de projetos voltados para a indústria do varejo e de bens de consumo. “Tive muito contato com pequenos bares e restaurantes e vi o tamanho do problema de compras. Era um dos principais gargalos da operação e estava longe de ser resolvido”, contou. 

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Para amadurecer a ideia e construir a proposta de negócio e valor da Floki, Rodrigues decidiu testar sua hipótese na prática: durante um período, foi o comprador de cinco restaurantes em São Paulo capital para identificar todos os pontos de fricção e ineficiências do processo de compra e descobrir que soluções poderia desenvolver para otimizar e agregar valor a ele. “Tudo o que fazemos hoje é derivado dos aprendizados dessa experiência. Acho que a melhor maneira de nos definir é como um Mercado Livre B2B para o segmento de food service”, afirmou.