Galena capta US$ 16,7 milhões para ajudar jovens brasileiros a vencer o desemprego
Guilherme Luz e Eduardo Mufarej, cofundadores da Galena. Foto: Divulgação
Negócios

Deu match: Galena capta US$ 16,7 milhões para conectar jovens brasileiros a vagas de emprego

Startup criou solução para capacitar alunos do ensino público e conectá-los a vagas de emprego por meio de parcerias com empresas; fundo do Vale do Silício Altos Ventures apostou na ideia

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A distância que separa o jovem brasileiro recém formado no Ensino Médio do mercado de trabalho formal está cada vez maior – dados mais recentes do IBGE mostram que a taxa de desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos chegou a 29,8%. Foi para atacar esse problema que a startup Galena nasceu. Com pouco menos de dois anos de operação e apenas duas turmas formadas, a tese da edtech conquistou a Altos Ventures, fundo de venture capital do Vale do Silício, que liderou um investimento de US$ 16,7 milhões (quase R$ 80 milhões) na Galena. 

Participam também da rodada Série A o braço de ventures da Exor N.V, a Owl Ventures, principal gestora global de investimentos em edtechs, o Reaction, fundo de impacto de alumnis de Stanford, e a Globo Ventures, veículo de investimento do grupo Globo, além de investidores individuais, como David Velez, Kevin Efrusy, Dan Rosensweig, Armínio Fraga, Romero Rodrigues e André Street. 

A Galena foi fundada em 2020 por Guilherme Luz e Eduardo Mufarej, dois empreendedores com ampla experiência em educação: Luz atuou na Nova Escola, organização da Fundação Lemann dedicada à formação de professores da rede pública, e Mufarej criou o Renova BR, uma escola de formação de lideranças políticas. Antes, a dupla trabalhou na Somos Educação, empresa focada no desenvolvimento de soluções educacionais para escolas brasileiras. 

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Em entrevista ao LABS, Luz contou que foi nessa incursão pelo terceiro setor que os sócios identificaram o problema que queriam atacar: a desconexão entre a educação básica e o mercado de trabalho.

O jovem formado no ensino médio pela rede pública de ensino tem uma enorme dificuldade para entrar no mercado. A escola brasileira ainda falha em preparar para o trabalho. Foi aí que vimos a oportunidade: criar uma solução que ajude esse jovem a conquistar um emprego legal e a partir daí construir sua carreira. A Galena quer ajudar o jovem brasileiro a evitar a informalidade, o subemprego ou o desemprego.

Guilherme Luz, cofundador e CEO da Galena

Esta é a segunda captação da Galena; em março de 2021, a startup garantiu US$ 7,3 milhões em uma rodada Seed. O capital recém captado será investido em produto, tecnologia e ampliação do time. A meta para 2022 é escalar a primeira trilha de aprendizagem, a aprimorar o modelo de negócio para, a partir do ano que vem, incluir novas formações no currículo. No médio prazo, a meta é alcançar a marca de 50 mil jovens inseridos no mercado de trabalho em cinco anos. 

Trilha de aprendizagem e match com empresas

A Galena criou um programa de formação em Vendas e Sucesso do Cliente voltado para jovens entre 18 e 24 anos que tenham se formado no Ensino Médio pela rede pública. 

Luz contou que antes de definir o currículo do programa, os cofundadores conversaram com quase 40 empresas para entender quais eram as áreas com mais oportunidades e quais competências e habilidades eram necessárias. “Nós identificamos duas áreas mais quentes, Tecnologia e Vendas e Sucesso do Cliente, que oferece mais vagas. Optamos por começar com essa trilha de aprendizagem e criamos o currículo do programa a partir da necessidade concreta das empresas que contratam, cobrindo as competências técnicas e comportamentais.” 

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A formação da Galena dura quatro meses e o currículo é exigente – são 8 horas diárias de dedicação às atividades. O programa simula o ambiente de trabalho que os jovens vão encontrar depois, para que eles saiam dali entendendo como funciona a área de vendas, os conceitos e noções do trabalho, as ferramentas e dinâmicas comuns a essas empresas. 

Fim do programa, hora do match. 

“No final do programa, fazemos o processo de matching. A tecnologia da Galena avalia e recomenda os melhores candidatos para as empresas. O sistema identifica quem é o candidato ideal para cada vaga oferecida pelas empresas parceiras, a partir do cruzamento de informações do candidato, da vaga e da cultura da empresa”, explicou Luz. 

Por meio de parcerias com 18 empresas – como iFood, QuintoAndar, Cora, Unilever, Stone, Nubank, Alelo, XP, Arco, Dell, PetLove, entre outros –, a Galena consegue inserir o jovem no mercado de trabalho em uma vaga formal, CLT, com uma média salarial de R$ 2.300, benefícios e plano de carreira. Segundo Luz, todos os alunos formados na primeira turma conseguiram emprego e 45% da segunda turma já estão trabalhando (o prazo para a inserção no mercado de trabalho via startup é de três meses). 

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Pelo modelo de negócios da Galena, em vez de pagar pelo curso normalmente, o aluno só quita o curso quando estiver empregado; se ao fim do prazo de três meses não tiverem conseguido um emprego, não precisam pagar. O custo final da formação varia entre R$ 3.500 e R$ 6.000. A startup também recebe uma taxa por contratação feita pelas empresas parceiras.

O modelo de pagamento e a alta taxa de assertividade da Galena tornou o processo seletivo da startup bastante concorrido. Desde que foi fundada, a edtech já recebeu mais de 21 mil inscrições e o NPS (Net Promoter Score, métrica que avalia a satisfação do cliente) é de 96 por parte das empresas parceiras e de 84 por parte dos jovens.

“Queremos revolucionar a forma como os jovens do sistema público de ensino se preparam e ingressam no mercado de trabalho. Temos um modelo diferente e mais assertivo, que une talentos e oportunidades”, concluiu Mufarej.

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