Hashdex Estados Unidos
Foto: Caue Diniz/B3/Divulgação
Negócios

Hashdex recebe R$ 135 milhões em Série A liderada pela Valor Capital para internacionalizar investimentos em criptoativos

A rodada contou com participação do Softbank, Coinbase Ventures e Globo Ventures

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A Hashdex, gestora brasileira de investimentos em criptoativos, anunciou nesta quarta-feira (12) que recebeu R$ 135 milhões em uma rodada liderada pelo Valor Capital Group, em conjunto com Softbank, Coinbase Ventures (braço de investimento da Coinbase) e Globo Ventures (fundo de capital de risco do Grupo Globo). Os fundos Canary, Igah, Alexia, Fuse, Endeavor Scale Up Ventures e Norte Ventures completaram a rodada.

Os sócios Marcelo Sampaio e Bruno Caratori criaram a Hashdex em 2018, apostando no potencial de valorização dos criptoativos. A ideia era descomplicar o processo de investimento em blockchain, do bitcoin às mais de 5 mil criptomoedas que existem no mercado. 

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Os criptoativos são investimentos com muita fricção, sujeitos à grande volatilidade. Basta ver a Dogecoin, que começou como uma brincadeira das mídias sociais em 2013 e subiu mais de 700% no mês passado. 

Hoje, a Hashdex cria produtos de investimento para criptoativos dentro da regulação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Uma bolsa de criptomoedas (como a Coinbase tem, por exemplo), não é ilegal, mas o mercado de bitcoins não é regulado pelo Banco Central do Brasil

Explicando os índices da Hashdex para prever a valorização dos criptoativos

Para facilitar a vida de quem quer investir em criptoativos mas não tem tempo de se dedicar à pesquisa sobre qual moeda deve se valorizar e como armazenar esses ativos com segurança, Sampaio e Catori criaram os índices de criptoativos da Hashdex, apostando nos investimentos a longo prazo.A ideia era testar a exposição dos criptoativos ao mercado por meio dos índices. Nos Estados Unidos, esses índices costumam apontar os grandes vencedores em termos de valorização. 

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Em fevereiro, a startup listou o primeiro ETF (câmbio de fundo comercial) de criptomoedas do mundo na Bermuda Stock Exchange (BSX), nas Ilhas Bermudas. O ETF replica o Nasdaq Crypto Index (NCI), um índice co-desenvolvido pela Hashdex e pela bolsa de valores americana. 

“Esse índice (NCI) tem vários critérios de elegibilidade para garantir ao mercado que os ativos não vão desaparecer do dia para a noite, que [eles] estão em uma exchange confiável. Para mostrar que a gente não está lidando com dinheiro de crime ou lavagem de dinheiro”, explica Roberta Antunes, chief of growth da Hashdex, em entrevista ao LABS.

Segundo Antunes, o considerado “campeão do mercado” bitcoin responde hoje por 70% do índice da NCI. “Se o bitcoin crescer muito e virar 100% do mercado e todas as outras criptomoedas morrerem, esse índice vai virar 100% bitcoin. Mas não é o que a gente acredita. A gente acredita que outros projetos vão começar a se valorizar e ganhar mais peso dentro do índice”, comenta. O ether, por exemplo, atingiu uma alta recorde nesta quarta-feira, quase 500% no ano, em meio ao interesse crescente de investidores, incluindo institucionais, por aplicações financeiras descentralizadas. 

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Em março, a Hashdex lançou o HASH11, uma inovação regulatória no Brasil. É o primeiro ETF de ativos digitais da B3, que também replica o NCI. O fundo entrou no ar após captar mais de R$ 600 milhões em uma oferta inicial liderada pela Genial junto com BTG, Itaú e Banco do Brasil. Uma semana depois, o produto já somava mais de R$ 1 bilhão em patrimônio líquido e estava entre os três maiores ETFs da bolsa brasileira. 

Trabalhamos próximos da CVM e da B3. Acho que a CVM entendeu que cripto é um ativo que tem relevância e eles tão tentando flexibilizar, mas com muita responsabilidade para proteger o investidor 

Roberta Antunes, chief of growth da Hashdex.

A partir disso, a Hashdex criou outros quatro fundos de investimento no Brasil que replicam em diferentes proporções a carteira da HASH11. São, ao todo, cinco fundos regulados, diferentes para cada investidor (varejo, qualificado ou profissional), e o fundo ETF listado, que estão disponíveis para aplicação em corretoras tradicionais, como a XP e o BTG Pactual

Segundo Antunes, apenas um dos fundos cobra taxa de performance, mas de forma geral, a Hashdex ganha com a taxa de administração do patrimônio. No ETF, por exemplo, a taxa é de 1,3% ao ano. 

No ano passado, a Hashdex tinha R$ 4 bilhões sob gestão, o que indica um faturamento de aproximadamente R$ 40 milhões em 2020. “Se este ano, a gente conseguir manter essa curva de crescimento, estamos falando de um montante muito maior”, afirma.

A Hashdex vem crescendo mensalmente sua base de investidores em razão do trabalho de educação do mercado, segundo Antunes. A gestora tinha 70 mil investidores em 2020, e quando lançou o ETF em fevereiro ganhou 70 mil novos investidores. Já a base de usuários da Hashdex cresceu 5470% entre março de 2020 e março deste ano. 

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América Latina é alvo crescente do setor de cripto

A América Latina tem sido alvo de competidores do mercado de cripto. Nesta quarta-feira, a plataforma de Hong Kong Crypto.com anunciou o lançamento de transferências bancárias em real com taxas zero e opção de real como moeda de pagamento no seu aplicativo, em uma estratégia para alcançar usuários de criptomoedas na América Latina. “Esses usuários agora podem depositar reais brasileiros em sua carteira usando transferências TED, DOC ou PIX, e podem usar os seus fundos para comprar mais de 100 das principais moedas ao custo real”, afirmou em nota à imprensa. Agora, a plataforma chinesa também tem a opção do idioma português tanto no aplicativo como na exchange.

Outro player importante que estreou no Brasil em investimentos de varejo é a plataforma mexicana de criptoativos Bitso. A startup recebeu no início do mês uma rodada de US$ 250 milhões, sendo avaliada em US$ 2,2 bilhões. A Bitso tem 2 milhões de clientes no México e na Argentina. 

Com o novo aporte, a Hashdex quer se consolidar como líder de investimento em criptoativos no Brasil e expandir a presença internacional da empresa (sem divulgar países). A expectativa é de triplicar o time atual, com a contratação de ao menos 50 profissionais do mercado de cripto e do mercado financeiro tradicional até o final do ano, brasileiros ou não. 

“A gente acredita que todo investidor deveria buscar exposição à cripto. Sempre com muita responsabilidade, com uma locação de 1% a 5% do portfólio, dependendo do perfil de investidor. Mas é caro ter zero. É caro não ter nada investido em cripto hoje em dia, considerando o cenário mundial de inflação e de risco Brasil.”

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