Os co-fundadores da LAURA: Hugo Morales, Jacson Fressatto e Cristian Rocha. Foto: Alexandre Carnieri / Divulgação LAURA
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Healthtech LAURA recebe rodada Seed de R$ 10 milhões para expandir na América Latina

A startup vai investir em desenvolvimento de tecnologia, primeiros passos no exterior e projeta triplicar faturamento até o final do ano

A startup LAURA anunciou nesta quinta-feira (20) que recebeu R$ 10 milhões em uma rodada liderada pelo fundo americano GAA Investments. Com o recurso, a healthtech quer consolidar a presença no mercado brasileiro, expandir na América Latina (com negociações avançadas no Peru e na Colômbia), e desenvolver a tecnologia do Robô Laura, a inteligência artificial proprietária da startup que auxilia no cuidado da saúde.  

Histórias de nascimento de startups geralmente buscam resolver uma dor. A história dessa healthtech é um legado para a filha do co-fundador Jacson Fressatto, Laura, que passou por vários procedimentos em um hospital em Curitiba após o nascimento. Por uma falha de comunicação da equipe de saúde durante a madrugada, os enfermeiros só foram descobrir pela manhã que das cinco crianças na UTI, duas estavam em sepse (choque séptico causado por infecção generalizada). Laura não resistiu. 

“Esse tipo de cenário a LAURA (ia da startup) abole imediatamente, sem nenhum envolvimento de recurso adicional ou treinamento de pessoas,” conta Fressatto, em entrevista ao LABS

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Com o cientista e CEO Cristian Rocha e o diretor médico Hugo Morales, Fressatto fundou a startup há cinco anos para resolver o problema global do cuidado da saúde. “A saúde é uma linha do tempo, o que você faz hoje vai ter um impacto amanhã. Isso é verdade para o paciente dentro do hospital, que, se começa a piorar, pode ir a óbito em poucas horas, e também para os pacientes que estão fora dos hospitais, que começam a apresentar sintomas e podem não ter um tratamento adequado”, disse Rocha. 

A inteligência artificial da startup auxilia médicos e enfermeiros a identificar aqueles pacientes em maior risco. Em setembro de 2016, o Robô LAURA foi implementado no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, e desde então 40 instituições no Brasil já usam a tecnologia. Até hoje, a LAURA realizou 10,7 milhões de atendimentos, reduziu em 25% a taxa de mortalidade hospitalar, em média, e atendeu 24 mil pessoas, segundo levantamentos feitos pela própria startup.

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“Disponibilizamos soluções para monitorar a jornada completa do paciente, não só dentro do hospital. Se ele começa a apresentar sintomas, ele já consegue fazer uma triagem pela plataforma da LAURA e ser direcionado para o serviço de saúde adequado”, explica Rocha. Já para os hospitais, profissionais da saúde, planos de saúde e algumas secretarias de saúde, a startup oferece um sistema de suporte à decisão. 

“Somos uma plataforma, se quisermos virar a chave do modelo de negócio para plano de saúde e cobrar por vida é possível fazer isso porque a gente cobre a jornada inteira [do paciente]”, lembra Morales. 

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A empresa projeta um crescimento de 100% no número de contratos fechados até 2021 e quer validar sua tecnologia na América Latina apoiada por investimentos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). 

Outra parte do novo aporte será destinada à pesquisa. Os fundadores acreditam que empresas de tecnologia produzem conhecimento. Agora, Morales está focado em uma validação científica mais robusta para a IA, com publicações em revistas internacionais especializadas do setor. Ele apresentará a LAURA em um simpósio de IA que será realizado nas Ilhas Bermudas neste ano. A startup foi a única selecionada da América Latina para participar do evento. 

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“Eu participo de uma iniciativa de IA do BID para causar impacto social de forma ética. Temos uma jornada completa, que a gente pode fragmentar dentro e fora do hospital. Fora do hospital, a gente chama de Laura Care. Essa implantação nas secretarias de saúde do Brasil foi incentivada e patrocinada pelo BID. Isso obrigou a gente a passar por uma auditoria muito grande, tanto em questões éticas quanto jurídicas”, conta o diretor médico. 

Também com apoio do BID, a LAURA dá seus primeiros passos no Peru (atrasados por conta da crise política com troca de presidentes no país). A startup está implementando seu sistema de IA em dois hospitais nacionais em Lima. 

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Agora, a startup quer crescer pouco mais de três vezes em faturamento até o final do ano. Em 2020, a LAURA faturou R$ 2 milhões e a expectativa é de ultrapassar os R$ 7 milhões este ano. Nos últimos 12 meses, a LAURA fez 400 mil atendimentos digitais. 

“Nós crescemos 220% no meio da pandemia, nosso produto estava pronto para atender o mercado quando chegou a COVID-19”, complementa Fressatto. 

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