A pandemia de COVID-19 foi a tempestade perfeita para os apps de delivery – já sabemos disso. De uma hora para a outra, os restaurantes foram forçados a confiar nessas empresas para manter o negócio em meio às medidas de isolamento. O resultado? O iFood, que agora se apresenta como “o parceiro líder do ecossistema foodtech na América Latina” atingiu uma novo marco: 60 milhões de pedidos mensais.
Nesta sexta-feira, o iFood anunciou um crescimento de 100% em um ano, com mais de 110 mil restaurantes cadastrados em sua plataforma nos últimos 12 meses. Só em março, o mês mais letal da pandemia para o Brasil, 270 mil restaurantes operavam com a plataforma iFood.
Nos primeiros três meses de 2021, mais de 30 mil novos restaurantes, mercearias e lojas de conveniência se registraram no app – em sua grande maioria pequenos e médios negócios.
Está aberta a temporada de caça (ou aquisição) de serviços de delivery no Brasil
Entre março e outubro de 2020, o número de empresas abertas no setor de delivery no Brasil superou o do varejo em relação ao mesmo período de 2019 – um crescimento de 26,3% contra 12,3%, respectivamente, segundo dados da Receita Federal. Esse é apenas um dos números que explicam porque grandes varejistas como o Magazine Luiza e a B2W (dona da Americanas.com) saíram à caça desses serviços nos últimos meses. Os serviços de delivery são estratégicos para a geração de clientes recorrentes, ainda mais para essas gigantes que estão nadando de braçada no e-commerce e na transformação digital. Recentemente, Fred Trajano, CEO do Magalu, afirmou que vê a categoria de delivery de alimentos, bebidas e higiene correspondendo a metade do varejo brasileiro em breve – segundo ele, atualmente, a penetração digital dessa categoria no país é de apenas 1%.
O iFood conhece bem o potencial das compras de supermercado e conveniência sob demanda. Está apostando alto no iFood Mercado, seu serviço de entrega de mantimentos e ultra-conveniência.
Atualmente, possui mais de 5 mil parceiros varejistas entre mercados e lojas de conveniência, quase 420% mais do que em março de 2020. Nos primeiros três meses de 2021, mais de 30 mil novos restaurantes, mercearias e lojas de conveniência se registraram na plataforma.
Embora relativamente nova, a categoria já funciona em mais de 400 municípios brasileiros. De junho de 2019 a março de 2021, cerca de 150 milhões de itens foram pedidos pelo iFood Mercado. Desde dezembro, o iFood também investe em seu serviço de ultra-conveniência: entregas em até 10 minutos. Para essa modalidade, o aplicativo conta com 4 mil parceiros atuando em mais de 300 cidades.
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iFood ao resgate de seus restaurantes parceiros: R$ 4 bi em recebíveis; R$ 500 milhões em empréstimos
Com a pandemia no Brasil atingindo seu maior pico e medidas de restrição de circulação sendo novamente tomadas, iFood, Uber Eats e Rappi anunciaram medidas para reduzir e até mesmo isentar as taxas de seus restaurantes parceiros.
O novo pacote do iFood para ajudar restaurantes parceiros incluiu uma redução automática de taxas: de 23% para 18% para aqueles que operam por meio do serviço completo (logística de plataforma) e de 12% para 11% para restaurantes que operam no marketplace (entrega própria).
Além disso, nos próximos três meses, a iFood disse que vai antecipar cerca R$ 4 bilhão em contas a receber, sem qualquer custo financeiro para seus parceiros de restaurantes. Desde abril de 2020, a plataforma antecipou mais de R$ 11 bilhões aos seus parceiros, ajudando-os a reforçar seus fluxos de caixa dos parceiros durante os períodos de isolamento e/ou atendimento restrito.
A empresa também oferece linhas de crédito com taxas e condições especiais por meio do novo banco iFood para restaurantes que já estão emprestando por meio da conta digital da plataforma, lançada em novembro do ano passado. O iFood pretende emprestar mais de R$ 500 milhões aos seus parceiros em 2021 – a concorrente Rappi diz que vai emprestar R$ 100 milhões para seus mais de 200 mil restaurantes parceiros ao longo deste ano.
Em um comunicado à imprensa, Diego Barreto, CFO e Chief Strategy Officer do iFood, disse que os clientes da plataforma perceberam que ela é muito mais do que uma alternativa à pandemia, é uma parceira deles no caminho da digitalização. “A chave para o crescimento do nosso setor é a capacidade de prestar um bom serviço, e somos obcecados por isso. Temos mais de 1 mil engenheiros pensando dia e noite em como melhora o serviço de entrega,” disse ele.
O iFood conquistou recentemente o prêmio Reclame Aqui, concedido às empresas com melhores indicadores de atendimento. Barreto disse que a plataforma já percebeu mudanças no comportamento de seus usuários finais: aumento de 533% nos pedidos do horário do café da manhã feitos em dias úteis na comparação entre março de 2020 e março de 2021; nos finais de semana, o aumento no mesmo período foi de 468%. Lanches no período da tarde também estão mais frequentes, o número de pedidos saltou 44% na mesma base de comparação.
Uma questão crucial: os entregadores
Em todo o mundo, empresas como Uber e iFood, que usam fornecedores terceirizados como motoristas e entregadores, enfrentam debates sobre as condições de trabalho e os benefícios oferecidos a esses trabalhadores. No ano passado, foram frequentes os protestos da categorias nas principais cidades do país.
O iFood diz que tem cuidado de seus parceiros. Segundo a empresa, em 2020, mais de R$113 milhões foram destinados para garantir a proteção à saúde dos entregadores, com iniciativas os fundos Solidário e Proteção. Ambos preveem o afastamento do entregador em caso de contágio pelo Sars-Cov-2, e possibilitam o recebimento correspondente à média de ganhos no aplicativo dos últimos 90 dias. Em um ano, a empresa diz ter atendido cerca de quatro mil entregadores ativos na plataforma com essas iniciativas, com um valor destinado para essa cobertura de quase R$30 milhões. Outros cerca de R$ 83 mil foram investidos, segundo o iFood, na distribuição de kits de EPI’s (com álcool gel e máscara) ou na forma de ajuda financeira para a aquisição desses itens.
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De acordo com a empresa, nos últimos dois anos, a empresa afirma ter dobrado o nível de satisfação dos parceiros de entrega que trabalham na plataforma, com a aprovação de oito entre 10 parceiros.
No comunicado, Barreto também disse que a empresa é a favor de toda regulamentação que leve em conta não só o bem-estar desses trabalhadores, mas as particularidades do negócio e da chamada Nova Economia.
Segundo o iFood, seus entregadores tiveram “um ganho de receita nos últimos meses”. Em janeiro, o ganho médio por hora desses trabalhadores na plataforma foi 83% superior à hora do salário mínimo, hoje em R$ 5.