A Incognia, startup de autenticação de identidade por localização fundada por brasileiros, acaba de anunciar uma captação de US$ 15,5 milhões em rodada Série A liderada pela Point72 Ventures para impulsionar a expansão global da empresa, em um momento em que as perdas por fraude de identidade atingem a casa dos bilhões.
Com sede em Palo Alto, na Califórnia, e times em São Francisco, Nova Iorque e Brasil, a Incognia foi fundada no Brasil em 2014 dentro da In Loco, empresa de soluções de marketing baseadas em geolocalização, e lançada em março de 2020 nos Estados Unidos como uma unidade da empresa-mãe. Não tardou no entanto para a startup tomar o lugar de protagonista do negócio. Em 2021, a empresa anunciou seu reposicionamento para Incognia e, de lá para cá, focou no desenvolvimento do portfólio de soluções de autenticação.
A decisão de pivotar o modelo de negócio foi acertada. Em agosto de 2021, com menos de um ano de operações dedicadas apenas ao novo negócio, a Incognia já tinha 40 milhões de usuários ativos por dia, 100 milhões mensais. “A Incognia cresceu 10 vezes mais rápido do que a In Loco no seu primeiro ano de existência”, contou André Ferraz, CEO e fundador da startup, em entrevista recente ao LABS.
O aumento de golpes e fraudes de identidade também ajudou – segundo a consultoria financeira Javelin Strategy and Research, só nos Estados Unidos, as perdas por golpes e fraudes de identidade chegaram a US$ 52 bilhões e afetaram 45 milhões de pessoas no ano passado. Hoje, as soluções de autenticação da Incognia são utilizadas por mais de 200 milhões de usuários em mais de 20 países.
“Novos golpes de engenharia social e roubos de celulares estão forçando as instituições financeiras a inovar nas suas técnicas de prevenção a fraude, impulsionando nosso crescimento”, disse Ferraz.
Para acompanhar a demanda crescente, a startup tem investido na ampliação da oferta de soluções de segurança digital voltadas para aplicativos, a partir de uma tecnologia de localização desenvolvida dentro de casa, que utiliza sensores de rede e inteligência dos dispositivos para reconhecer usuários confiáveis com base em seu padrão único de localização, permitindo a chamada Autenticação Zero-Fator.
Dessa forma, segundo a startup, é possível diferenciar, com precisão e em tempo real, usuários confiáveis de fraudadores, aumentando a segurança em aplicativos – a empresa afirma que sua tecnologia é 17 vezes mais precisa do que o FaceID, por exemplo, com taxas de erro inferiores a 1 em 17 milhões de validações.
Além de aplicativos financeiros, a Incognia também olha para outros segmentos como delivery, gaming, aplicativos sociais e e-commerce nos mercados globais.
Adam Carson, sócio da Point72 Ventures, disse que foi a inovação proposta pelas soluções da startup que chamou a atenção do fundo. “Acreditamos que a Incognia está na vanguarda da identidade e autenticação mobile, e qualquer aplicativo financeiro, das mais diversas naturezas têm o potencial de se beneficiar de suas soluções”.
Como funciona a tecnologia da Incognia
A tecnologia de localização móvel da Incognia, é, segundo Ferraz, é integrada aos aplicativos dos clientes da empresa por meio de um SDK mobile, que coleta dados anônimos dos sensores dos dispositivos móveis. A tecnologia de Incognia utiliza não apenas dados de GPS, mas também de redes Wi-Fi, celular e Bluetooth, o que a torna altamente eficaz na detecção de spoofing de localização. A partir da força de sinais de localização e sensores de movimento mobile, Incognia constrói uma digital de localização para cada usuário baseado em seu respectivo comportamento de localização, que é único.
Todos esses dados são criptografados e não recolhem informações como nome da pessoa, ou qualquer outra informação de identidade civil do usuário.
Para clientes como bancos e financeiras, é possível identificar um determinado local como aquele onde o consumidor final mais frequentemente faz transações. A partir daí, esses clientes atendidos pela Incognia podem, por exemplo, lançar mecanismos de segurança que restrinjam ou peçam, a partir de alguma inconsistência, novas formas de verificação ao consumidor final.