German Peralta, cofundador e CEO da JOKR na América Latina. Foto: JOKR/Divulgação
Embora o primeiro escritório da empresa de entregas rápidas JOKR tenha sido aberto na Cidade do México em março de 2021, a empresa é resultado de um esforço global. Co-fundada por German Peralta, CEO da JOKR na América Latina e Ralf Wenzel, que já passou pela Delivery Hero e pelo SoftBank, a startup expandiu rapidamente pela América Latina (já tem operações em Lima, Bogotá, Guadalajara e Monterrey), pelos Estados Unidos e Europa.
As equipes de tecnologia, jurídica e de produtos, que podem operar remotamente, estão sediadas em Nova Iorque e Berlim, encarregadas das operações globais. A JOKR também tem funcionários na Cidade do México e em Bogotá e seu aplicativo de entrega sob demanda está atualmente disponível na Colômbia, México, Peru, EUA, Áustria, Polônia e agora no Brasil, sob a marca Daki.
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O brasileiro Rafael Vasto, fundador e CEO da Daki, conheceu Peralta quando ambos trabalhavam para a startup Oyo. A Daki foi lançada em janeiro, cerca de um mês e meio antes da JOKR. Como as duas empresas estavam fazendo a mesma coisa, a fusão foi o caminho natural, “unindo forças para compartilhar conhecimentos, fortalecer a posição financeira e basicamente enfrentar mercados muito relevantes de uma só vez como uma plataforma global”, explicou Vasto, em uma entrevista ao LABS.
A Daki é a marca da JOKR no Brasil. A escalada global da empresa pode ser atribuída a algumas das mais proeminentes empresas de capital de risco que apoiam o projeto, entre elas a HV Capital, Tiger Global, SoftBank e GGV Capital, que lideraram a recém anunciada Série A, no valor de US$ 170 milhões de dólares. JOKR e Daki não divulgam informações sobre em quais frentes ou países os recursos serão alocados.
“Se você pensar na América Latina, tanto o Brasil quanto o México são países muito grandes. Nossa tese é voltada para a América Latina como um todo, esse é nosso foco”, disse Vasto. Recentemente, a Merqueo, uma startup de supermercado online da Colômbia que estreou no Brasil em julho e disputa o mesmo mercado com a JOKR, informou que irá investir US$ 20 milhões nos próximos 12 meses para expandir sua rede de dark stores no Brasil.
A proposta da JOKR é viabilizar uma plataforma de varejo na qual os usuários possam comprar o que desejarem, sem risco de não encontrar o produto por falta de estoque, com pouquíssimos cliques, e receber em casa em até 15 minutos.
O nome JOKR é uma brincadeira com o que a empresa espera ser. “Queremos ser o gênio da lâmpada, a carta coringa, aquela que vai resolver o problema do cliente com rapidez, agora mesmo”, contou Peralta. “Mas a vida é muito curta para muitas vogais, então tiramos uma”. Já o nome Daki foi pensado como referência ao que é local, ao que é “daqui”, afinal.
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Com essa proposta de ser o app coringa para seus usuários, a JOKR afirma que quer oferecer uma experiência mais intuitiva para seus consumidores, de modo que eles encontrem o que estão procurando independente de onde estejam.
“Normalmente compro frutas e ovos pela manhã, e isso deve ser muito fácil de encontrar no aplicativo. Normalmente compro garrafas de vinho às quintas ou sextas-feiras à noite, o que também deve ser muito fácil para eu comprar pelo aplicativo”, exemplificou Peralta.
Com sua tecnologia baseada em dados, a JOKR quer se diferenciar com seus armazéns “hiperlocalizados”, o que significa que o inventário de cada um deles é elaborado a partir das particularidades da clientela de cada região. Os usuários que estiverem em Polanco ou em Coyoacán, dois bairros da Cidade do México, por exemplo, terão ofertas diferentes no seu app da JOKR.
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“Em Polanco, geralmente as compras são menores, há maior procura por bebidas e lanches, e em Coyoacán a procura é maior por produtos frescos, como arroz e tortilhas, e produtos para famílias maiores”, explicou Peralta.
A JOKR monitora em tempo real o estoque de produtos e controla todo o processo, do pedido até a entrega. Essa é a principal diferença entre a JOKR e outros apps de delivery, como o Rappi, que atua como um intermediário entre o comprador e a loja.
Nico Berman, sócio da Kaszek, investidora da JOKR, disse em entrevista ao LABS que esse tipo de experiência de usuário só é alcançada quando a empresa responde por toda cadeia produtiva, como a Amazon fez com o varejo tradicional.
O que a Amazon fez pelo varejo tradicional é o que estamos fazendo pelo delivery rápido de supermercado. Você acorda e não precisa navegar por apps diferentes. É de ovos que você precisa? Basta clicar no app da JOKR e você tem os ovos. Você pode ir escovar os dentes e, nesse meio tempo, a entrega chega até você. É uma proposta completamente diferente, totalmente focada na experiência do usuário.
Nico Berman, sócio da Kaszek
Berman acredita que à medida que a pandemia impulsionou a digitalização, a América Latina aderiu massivamente ao comércio eletrônico e, à medida que a tecnologia e as plataformas de recomendação evoluem, é mais fácil “fazer supermercado” online e receber os produtos em casa a qualquer momento do que ir até a loja. “Se você quer ir ao supermercado, é porque gosta de fazer compras na loja física de vez em quando, mas no meu caso, eu preferiria ir ao parque ou a outros lugares”.
Perguntado se os usuários latino-americanos serão receptivos às compras de supermercado online, Berman lembra que quando o Mercado Livre começou, em 1999, as pessoas não costumavam comprar nada online, houve um processo de “educar e conquistar” os usuários. Hoje, muitos consumidores ainda têm dúvidas sobre como o tomate será escolhido e entregue, se o ovo não seria quebrado até chegar em suas casas, mas, Berman acredita, que da mesma forma como aconteceu com o e-commerce tradicional, acontecerá com a proposta de compras de supermercado online.
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“As pessoas estão testando. Você experimenta, você vê que se quiser ovos você os tem em 15 minutos. Se você gostar, vai fazer o próximo pedido. Nós vemos como uma evolução. Mas não é sempre que compraremos online. Às vezes, simplesmente iremos até uma loja física”.
A Daki já está disponível em São Paulo e no Rio de Janeiro e está em expansão pelo Brasil. O mesmo acontece com a JOKR nas cidades de língua espanhola da América Latina.
Nossa tese é dupla em termos de crescimento. Uma coisa é como vamos aumentar nossa base de usuários com nossas lojas atuais, o que requer investimento para permitir que as pessoas saibam quem somos. Estamos fazendo um esforço muito agressivo em marketing. Outra coisa é a expansão, de modo que atualmente temos cinco mercados nos quais estamos operando na América Latina e pretendemos terminar o ano com oito mercados, ampliando inclusive nosso alcance em cada um deles.
German Peralta, cofundador e CEO da JOKR
Na América Latina (Brasil incluído), segundo Peralta, cerca de 6 milhões de pessoas têm acesso a pelo menos uma das lojas JOKR. Ele acredita que a empresa atingirá 12 milhões até o final de 2021.
“Estamos expandindo para muitos países. Essa expansão é benéfica também para o pequeno produtor local, que agora tem um canal para expandir. Também nos vemos como facilitadores da economia local”, acrescentou Berman.
This post was last modified on setembro 13, 2021 4:59 pm
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